Noite Passada em Soho
Original:Last Night in Soho
Ano:2021•País:UK Direção:Edgar Wright Roteiro:Edgar Wright, Krysty Wilson-Cairns Produção:Tim Bevan, Eric Fellner, Nira Park, Edgar Wright Elenco:Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Matt Smith, Diana Rigg, Aimee Cassettari, Rita Tushingham, Colin Mace, Synnove Karlsen, Jessie Mei Li, Kassius Nelson, Rebecca Harrod, Alan Mahon, Connor Calland |
Há um lado não tão glamoroso em Londres, independente da época. Talvez se imagine que os anos 50 e 60 possam ter sido os anos dourados da música inglesa, na popularização dos pubs e eventos envoltos em brilhos e cores, mas há também recantos escuros, corrompidos pela indústria dos prazeres e da exploração. Na verdade, não se trata apenas de uma visão pessimista da terra da Rainha, e, sim, um retrato que apresenta o triste contraponto entre o que se espera e o que se experimenta. Eloise (Thomasin McKenzie) tem a imaginação estacionada nos anos 60, na trilha sonora de seu dia a dia, na inspiração oriunda de Twiggy e Audrey Hepburn. e nas próprias roupas que confecciona com suas criações mentais do período, com a ingenuidade de quem viveu no interior do país. Vivendo com a avó (Aimee Cassettari), sempre acompanhada pelo fantasma da mãe, ela espera uma grande oportunidade para conhecer a Londres dos encantos e descobertas, dos musicais e estéticas sublimes, estudando em uma boa universidade de moda na composição de uma carreira de boas realizações.
A oportunidade desponta com a chegada de uma carta de aceitação, como um convite ao universo que tanto almeja. Mesmo com o alerta da avó sobre os centros urbanos não serem tão encantadores como ela imagina, Eloise se muda para Londres, onde o choque de realidade se estabelece a partir de seu contato com a colega de quarto Jocasta (Synnove Karlsen), levando-a a buscar um abrigo em um quitinete ao norte de Soho, comandado pela Sra. Collins (Diana Rigg), que avisa sobre o local não permitir a visita de homens, principalmente após as 20h. É ali, em um quarto simples, que a jovem passará a conhecer a colega de quarto onírica Sandie (Anya Taylor-Joy), que a transportará através de passeios incríveis para a Soho de 1966.
Tal qual Eloise, Sandie também tem grande aspirações. Enquanto Eloise busca uma estrutura profissional sólida, envolta por uma atmosfera imaginária, Sandie sonha com o estrelato, comandando espetáculos regados por aplausos e reconhecimento. Ela se aproxima do agente de estrelas Jack (Matt Smith), e apresenta sua desenvoltura na dança e seu talento para cantar a trilha que representa sua esperada trajetória, “Downtown“, de Petula Clark. A composição reflete também a jornada da protagonista que acredita que no centro da cidade “as luzes são mais brilhantes e você pode esquecer todos os seus problemas, todas as suas preocupações.” Ambas descobrem que o mundo da imaginação deve permanecer apenas por lá mesmo.
O que pode significar a transformação de Eloise em uma mulher mais disposta aos encantos do centro da cidade passa aos poucos a um estágio de terror. O confronto entre as épocas se torna insanamente assustador, ainda mais quando um estranho homem (Terence Stamp) começa a assediá-la. Personagens da Soho do passado e do presente circundam Eloise, que perde o controle entre o que apenas a acompanhava pelo espelho e o que passa a aterrorizá-la em sua rotina. Edgar Wright transporta sua narrativa, que apresentava aspectos apenas oníricos e um enredo de superação, a um mundo de fantasmas cinzas, numa expressão de dor e permanente sofrimento.
Essa mescla entre os dois mundos, através dos espelhos, é feito de maneira interessante na montagem de Paul Machliss, associada à bela fotografia de Chung-hoon Chung. Um jogo de imagens e ideias, cores e ausência de, como representação de paradoxos. Soho da “noite passada” espelha uma imagem mental frágil que aos poucos se racha, se desfigura, enquanto o do presente já traz essas rachaduras, afetando a sanidade da protagonista. Thomasin McKenzie (de Tempo) faz de sua ingênua Eloise a menina que saiu do campo para descobrir o horror do mundo real, mas, mesmo com todos os seus encantos, é obscurecida pela composição de Anya Taylor-Joy.
A atriz, uma das mais requisitadas atualmente em Hollywood, apresenta em Noite Passada em Soho sua melhor performance. É definitivamente o filme de sua carreira, ou pelo menos o que permitiu que ela mostrasse habilidades que até então estavam camufladas em papéis pouco exigentes. Aqui ela dança docemente, canta com delicadeza e maestria, emociona com o seu choque de realidade e seduz pelo olhar envolvente. Se a direção de Wright já é de fino trato, não me impressionaria com indicações a Anya como Atriz Coadjuvante; e acharia injusto se a Montagem não fosse reconhecida.
Se o final correto pode mergulhar o roteiro de Wright e Krysty Wilson-Cairns numa tigela fria, todo os outros ambientes de Soho merecem sua visita. O diretor dos divertidos Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso começa a amadurecer suas escolhas a partir de Noite Passada em Soho. Ele se mostra cada vez mais hábil em orquestrar trilha sonora com enredos, além de misturar gêneros de modo propositadamente eficiente. E este seu mais recente trabalho reflete muito bem seu talento.
Espero não. Estar sendo indelicado mas e uma opinião construtiva o quê vou propor acho as críticas do boca do inferno muito boa tanto que nem leio outros canais porque gosto do gênero terror ,mas gosto de ler as críticas e opiniões pra ver o filme depois eu sou do tempo das revistas e jornal e o falecido guia de cinema nova cultural ,mas as críticas tem ficado um pouco longas demais não a quem consiga ler tudo isso eu acabo não lendo tudo poderiam ser mais objetivos ir direto ao ponto aposto que muita gente vai gostar.