3.8
(11)

Pegadas na Neve
Original:Abominable
Ano:2020•País:EUA
Direção:Jamaal Burden
Roteiro:J.D. Ellis
Produção:Deanna Grace Congo, Khu, Justin Price
Elenco:Katrina Mattson, Amy Gordon, Robert Berlin, Brandon Grimes, Victir Ackeev, Deanna Grace Congo, Justin Prince Moy

Um filme abominável, que deveria ser mantido apenas como uma lenda a partir de registros perdidos de fotogramas. Mas, infelizmente ele é real. Existe. E fui testemunha da aberração e estou aqui disposto a impedir que outras pessoas se percam nos Alpes da falta de opção. Lançado por aqui com o título Pegadas na Neve – embora não apareça uma sequer no filme -, uma tradução absolutamente livre para o original, também ruim, Abominable, o longa tem a direção horrenda de Jamaal Burden – que já havia errado com Elves (2018), mas não aprendeu a lição -, e o roteiro de J.D. Ellis, de apenas 8 anos de idade. Sim, é mentira, mas se não fosse, eu não iria estranhar.

Dentre as inúmeras falhas que imperam na produção, caem lágrimas pela direção capenga de Burden. Há uma aparente dificuldade para enquadrar os atores e muitas vezes a câmera se perde pelo ambiente e até esquece de mostrar o que realmente interessa. Por exemplo, em dada cena, dois personagens encontram algo enterrado, que pode ajudá-los na comunicação. É um painel, um rádio ou sei lá o que, porque apesar deles falarem que encontraram algo importante na neve a câmera não mostra, fica balançando entre os dois que estão em cena. E isso acontece repetidas vezes, até no que envolve o objetivo principal que é encontrar a “planta de Iéte“, um matinho – que aparece no começo como uma flor -, que, mesmo ninguém tendo nunca a encontrado, os cientistas juram que ela é capaz de regenerar células, o que traria uma provável cura para o câncer. É uma versão Abominável Homem das Neves para o Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta (2004).

Para encontrar essa valiosa plantinha, uma equipe de soldados de elite – na sinopse, é dito que são uma equipe de pesquisadores, mas possuem armas de alto calibre e composição militar – chega ao local e traça os planos de busca e escapada. Vão até uma cabana, onde estivera ali outros pesquisadores como o Dr.Martin (Magdaln Smus), um senhor que é visto no prólogo correndo como uma flor azul numa redoma de vidro, antes de ser atacado – e mais uma vez a câmera fica se movendo de um lado para outro sem conseguir mostrar o item. No grupo de soldados, há a Dra. Helen (Amy Gordon), que aponta a missão pela razão pessoal, além de Sarah (Katrina Mattson), o nerd Pete (Justin Prince Moy) e outros que nem valem a menção.

Pete protagoniza cenas ridículas, como a que ele está no computador, na cabana, e escuta um rugido do lado de fora. Estando em local mais protegido, bastando apenas reforçar a porta e se esconder, o rapaz vai para o lado externo e fica chamando a colega Sarah. “É você?“. Se fosse a garota que rugisse daquele jeito, eu recomendaria que ela buscasse um exame de colonoscopia! Em outro momento, acontece o inverso. Sarah também escuta um som estranho e fica gritando pela floresta: “Pete, é você?“. Imaginei a resposta: “Sim, estou com um embrulho no estômago, mas já tenho um coelho por perto para me limpar.” E são muitas cenas estúpidas assim. Embora estejam nos Alpes, o cenário é praticamente o mesmo. Mencionam montanhas, bifurcações…mas não tem nada disso: é apenas floresta e neve o tempo todo, com os personagens andando sozinho e o monstro atacando-os.

Como a dublagem foi feita depois, sem captação externa, isso justifica o rugido da criatura e os risíveis sons de disparos das armas. Como são instrumentos fakes, eles nem se deram ao trabalho de usar algo que fizesse sair o fogo do disparo e fumaças – o que se vê são brilhos digitais e o estampido da arma, em grande parte não condizente com o que está sendo usado. Às vezes, a produção esquecia do foguinho digital e o personagem é visto atirando, sem que saia nada dali. O som também foi mal escolhido na sequência em que um rapaz tem a cabeça várias vezes batida numa árvore pelo Iéte; além da cena mal dirigida não deixar a entender que as batidas eram fortes, a trilha repetida de algo se esmigalhando é péssima.

E o monstro? Pelo menos, ele escapa de toda ruindade? Infelizmente não. Além de deixar claro que se trata de uma vestimenta, que não é a pele da criatura – ela aparece em demasia, o que facilita a observação dos defeitos -, o rosto é imóvel, como se fosse uma máscara e não maquiagem. Como não existem cenas filmadas à noite, todas as falhas visuais se intensificam. Há duas cenas sangrentas no filme, com o monstro arrancando o rosto de alguém ou quebrando o maxilar, mas estão perdidas entre pescoços rasgados e cabeças batidas em árvores. Não são suficientes para valer uma nota positiva, ainda que impeçam que o longa ganhe uma nota zero.

Poderia ficar expondo mais, falando das atuações horríveis, da trama enfadonha – só beneficiada pela curta duração da produção (72 minutos) -, e até mesmo da fotografia que nunca permite que você perceba que os personagens estão nos Alpes. Mas são desperdícios de palavras, e o infernauta já entendeu que se trata de uma produção para se passar bem distante. Em tempo, existe uma produção homônima lançada em 2006, dirigida por Ryan Schifrin, e com Lance Henriksen no elenco, que vale muito mais a pena para aqueles que se interessam pela temática.

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2 Comentários

  1. deve ser horripilante mas tem na prime video
    e como to no inferno abraço o capeta e vou conferir pra ficar muito puto

  2. Às vezes é mais divertido ler um texto descendo a lenha em alguma tranqueira do que ler sobre um filme realmente bom!

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