2.5
(16)

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City
Original:Resident Evil: Welcome to Raccoon City
Ano:2021•País:EUA
Direção:Johannes Roberts
Roteiro:Johannes Roberts; Greg Russo
Produção:James Harris; Hartley Gorenstein; Robert Kulzer
Elenco:Kaya Scodelario, Robbie Amell, Hannah John-Kamen, Avan Jogia, Lily Gao, Tom Hopper, Neal McDonough, Donal Logue

Quando Shinji Mikami lançou o primeiro jogo da franquia Resident Evil em 1996, ele não escondeu o fato de que o game se baseava em toda a estrutura de um filme de terror tipo B. A ideia de um grupo de policiais entrando em uma mansão no meio da floresta, precisando lutar pela sua sobrevivência ao encontrar terrores biológicos entre zumbis e monstros a perder de conta foi um sucesso gigantesco e iniciou essa que se tornaria a maior franquia de jogos de terror da história.

Paul W. Anderson seria aquele que viria com gás na tentativa de adaptação da franquia para o cinema, mas mesmo com seu sucesso de bilheteria inegável, o distanciamento cinematográfico junto aos jogos seria sua maior crítica (de um leque gigantesco). Com o fechamento do ciclo de Alice em Resident Evil 6: O Capítulo Final, a Constantin Films junto com a Capcom resolve então em 2021 voltar a apostar numa nova adaptação dos games, agora com Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City.

Com a saída de Anderson do projeto, ainda que assine a produção executiva, o reboot da franquia nos cinema ficou a cargo desta vez do diretor britânico Johannes Roberts, que também assumiu o roteiro e se inspirou nos enredos do primeiro e segundo jogo, onde apresentou duas preocupações bastante claras para a sua obra: a fidelidade dos personagens icônicos da franquia e a fidelidade a ambientação. Esse último, um elemento tão importante que consultou a própria Capcom para ter as plantas usadas nos jogos para recriar espaços clássicos como a Mansão Spencer e a delegacia de polícia, os dois locais onde praticamente toda a trama se passa.

No filme, e já se valendo da primeira grande licença poética em relação ao enredo dos games, a antes próspera Raccoon City começa se tornar praticamente uma cidade fantasma quando a maior empresa farmacêutica do mundo, a Umbrella Corporation, decide retirar sua sede dali, arruinando a economia local. Durante uma noite chuvosa, Claire Redfield retorna a cidade para enfrentar velhos fantasmas e encontrar seu irmão, o policial Chris Redfield, na tentativa de juntá-lo em seus esforços de acusação contra a Umbrella e seus experimentos biológicos que deixaram marcas profundas em uma Raccoon City prestes a implodir junto a uma infecção zumbi, ainda que o primeiro encontro entre os irmãos em anos seja horrível e Claire só consiga apoio do novato Leon Kennedy.

Quase que paralelamente, uma equipe formada pelos agentes Jill Valentine, Albert Wesker e o próprio Chris Redfield precisa se dirigir à abandonada Mansão Spencer, do fundador da Umbrella, onde relatos de coisas muito estranhas têm acontecido.

E, abertamente, o filme tenta emoldurar aqui a estratégia dos jogos de ser um terror B. Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City não inova em nada quando o assunto é um apocalipse zumbi clássico, com direito a teorias da conspiração e aquela clássica solução dos anos 80 que é explodir tudo para encobrir a infestação. O filme na verdade apela para a tentativa de recriar cenas marcantes dos próprios games, como a aparição do primeiro zumbi na Mansão Spencer do primeiro jogo e a batida do caminhão do segundo. Mas quando tenta coisas novas é que realmente nos empolga numa mistura de vergonha alheia e divertimento genuíno, como a do zumbi caminhando em chamas em marcante trilha sonora nada encaixável.

Quanto ao elenco, de longe este é o maior ponto positivo do filme. Os atores estão entregues e muito bem alinhados, com uma tentativa clara de deixá-los mais próximos dos jogos que Paul Anderson tenha minimamente ousado em sua franquia. A Claire de Kaya Scodelario é mais durona e o Chris de Robbie Amell mais bobão, mas ambos se saem muito bem junto aos personagens da forte Jill e o dúbio Wesker. Até o chefe de polícia Irons está tão detestável quanto o do game.

O único problema é realmente Leon Kennedy, interpretado pelo eternamente carinha de desligado Avan Jogia. O personagem tem aqui a maior mudança em relação aos jogos e deixa de ser o jovem hábil e esperto para virar um canastrão atrapalhado, ainda que todo o hater jogado nas costas do ator, que chegou a desativar sua conta no Instagram, seja um exagero que representa muito bem o nível de toxicidade existente na comunidade gamer.

E definitivamente o maior problema do filme é a falta de um vilão. A Umbrella é citada o tempo todo, mas como uma sombra de algo que está se afastando, enquanto o cientista William Birkin, criador do G-vírus, é apresentado no começo apenas para tomarmos um susto quando ele reaparece no arco final simplesmente por termos esquecido que ele estava lá. O ar de apocalipse zumbi que se tenta impregnar a Raccoon City também não funciona, não há verdadeiras hordas de zumbis e caos pelas ruas em grandes proporções, onde tudo é muito contido e fechado. A subtrama da infância dos irmãos Redfield é outro ponto bastante desnecessário e que não usa habilmente o talento corporal de Marina Mazepa.

Como uma forma de se ligar ao público dos games, o filme capricha nos easter eggs, como uma passagem se abrindo com o apertar certo das teclas de um piano e chaves com o símbolo de cartas de baralho. Há espaço até para o bobo Jill sandwich. Além de uma cena pós-créditos até empolgante.

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City até tenta, mas não consegue ser aquele filme que de ruim acaba dando uma volta e ficando bom. Mas quase consegue. Quase mesmo. É uma diversão barata e sem comprometimento, que carrega mais do espírito dos primeiros jogos do que realmente somos capazes de admitir.

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Média da classificação 2.5 / 5. Número de votos: 16

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11 Comentários

  1. Promissor, porém PÉSSIMO desenvolvimento. Escalações horrorosas de alguns atores, efeitos especiais horríveis, péssimas caracterizações de personagens (especialmente Leon e Jill) e o pior: Lacração rolando solta pra todo lado. Por incrível que pareça eu acabei preferindo alguns dos filmes do Paul W.S Anderson (ganha apenas dos horrorosos quinto e sexto filme)

  2. Não tem nada de toxico no mundo gamer isso é generalização pura, algo que virou rotina nesses tempos estranhos, mais enfim se você quer adaptar um filme para agradar fãs do jogo, você precisa ser fiel e ponto. O filme descaracterizou alguns personagens, teve a ausência dos personagens Barry Burton e Rebecca Chambers e o enredo tem muitos momentos desnecessários que deixam o filme maçante em muitas ocasiões.
    Porém o filme tem alguns acertos, inicialmente não colocar personagens super poderosos como nos filmes anteriores já ajuda bastante, tem uma certa nostalgia dos anos 90 no ar que é bem agradável, alguns easter eggs bacanas e momentos de ação interessantes.

    Filme nota 6,5

  3. Por quase 20 anos , a Sony tentou fazer um filme decente de Resident Evil baseado nos videogames e, ano após ano, esses filmes parecem piorar em qualidade.
    Apesar de finalmente superarmos a era de filmes ruins de Milla Jovovich/Paul W. S. Anderson que não seguem nenhuma das histórias dos jogos, ainda não estamos mais perto do objetivo de um filme decente, e Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City não ajuda em nada.
    Existe apenas uma palavra para descrever este filme… desconcertante. É como se alguém do alto escalão da Sony dissesse “Vamos reiniciar Resident Evil e escalar um monte de atores que estão completamente errados nos papéis que estão interpretando”.

    Como você pode um filme que parece nível CW de elenco e produção?

    Agora, talvez se este não fosse um filme de Resident Evil, seria um filme decente, mas é um filme de Resident Evil.

    Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City é um insulto à série de jogos, sim, ainda mais do que os filmes de Milla Jovovich. Em nenhum momento ao assistir a este filme você acredita que alguém é o personagem que está interpretando na tela. Você tem Hannah John-Kamen escalada como Jill Valentine, o que é absolutamente ridículo. Tom Hopper escalou Albert Wesker, que não dá a você nenhuma presença na tela que faça você acreditar que ele será o próximo supervilão da série. Bem como Lily Gao interpretando Ada Wong sem qualquer nuance em sua personagem.

    Os dois maiores insultos do filme são indiscutivelmente os dois personagens mais populares da série. Robbie Amell interpreta Chris Redfield, que é a única pessoa que realmente se parece com o personagem, mas o filme o força a ser um coadjuvante para a interpretação da Kaya Scodelario de Claire Redfield. Claire no filme é a forte protagonista feminina que está lá para ser a heroína salvadora do filme, embora o protagonista deveria ser dividido com Chris Redfield.

    Claro, Clarie é uma personagem chave na série, mas a velocidade do filme percorre o enredo de dois jogos diferentes roubando o público da progressão da personagem que a tornou uma personagem importante, tudo por causa de ter um ídolo feminista para agradar o público progressista e feminista.

    A maior desgraça do filme é Avan Jogia que não é apenas inacreditável como Leon S. Kennedy, mas o filme relega seu personagem a ser o alívio cômico. Leon é retratado como um completo bufão no filme, a tal ponto que ninguém vai acreditar que ele poderia ser o protagonista em qualquer filme futuro. A Sony deixa claro com este filme que está colocando todo o seu esforço Claire Redfield.

    Há uma pequena ironia de que a maior empresa farmacêutica do mundo, a malvada Umbrella Corporation, está voltando durante uma era em que enviamos pessoas a campos de concentração por recusarem vacinas.

    As pessoas estão fartas de filmes Residente Evil nos últimos 15 anos, teve UMA chance de reconquistar os fãs e o público e foi uma droga. Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City é uma merda.

  4. É muito frustrante para os fãs porque uma adaptação boa e fiel de Residente Evil deve ser a coisa mais fácil do mundo de se fazer. Basta basear o filme no primeiro jogo. É uma história de casa mal-assombrada aparentemente que se transforma em um filme de terror e ação biológico. Em seguida, baseie as sequências no Residente Evil 2, talvez empatando Residente Evil 3, porque esses jogos ocorrem simultaneamente. E, claro, escalar atores corretamente. Infelizmente, Hollywood não pode fazer o óbvio, sendo estúpido, arrogante e obcecado por uma agenda progressista.

  5. O filme junta Residente Evil 1 e 2, tratando-os como se eles funcionassem em paralelo em vez de estarem dias ou meses separados como eram originalmente. Em vez disso, o filme insiste que ambos aconteceram em uma única noite. Residente Evil 3 é completamente ignorado. Uma das poucas coisas que dá certo são os cenários icônicos… Mais ou menos. O saguão da mansão e da delegacia são exatamente como você se lembra deles dos jogos e estão lindos. Heck, mesmo a entrada da frente externa para o orfanato é exatamente como você a veria no jogo. Além disso, a forma final do G-Birkin é muito legal, embora esteja na tela por apenas alguns minutos. E é aí que meus pontos positivos para o filme terminam. O escritório do chefe Irons não é um sonho opulento de um taxidermista, mas sim um pequeno escritório próximo ao saguão principal. O orfanato, em vez de ser uma casa de dois andares, agora é projetado como um sanatório. Há apenas um único laboratório secreto em vez de dois separados, que está escondido sob a mansão a quilômetros e quilômetros de distância da cidade real. O triste é que nem parece um laboratório secreto.

    Não há zumbis especiais fora de um único Licker e Lisa Trevor que é de alguma forma uma é boa pessoa não um monstro louco. Nem mesmo aparece monstros zumbis legais como a cobra gigante ou a planta 42. Se você pensasse que iria aparecer um Mr. X ou um Tyrant, então você está enganado. O único monstro da classe Tyrant é Birkin e isso só acontece nos últimos 10 minutos do filme.

    Leon é um idiota completo, nem sequer acorda de sua soneca quando um maldito caminhão explode do lado de fora da delegacia. O Chefe Irons não é um chefe de polícia malvado como no original, mas sim um covarde que tentou fugir da cidade assim que um único zumbi apareceu. Ele nem mesmo age como um antagonista e em vez disso, ajuda os heróis a chegarem ao orfanato, onde é eliminado por um Licker que é então eliminado por Lisa Trevor. Ada Wong não está neste filme, então aqui o papel é assumido por Claire Redfield, que só apareceu na cidade para encontrar o cara com quem ela estava conversando na internet. Wesker, em vez de ser um agente duplo que trabalha para a Umbrella, ele trabalha para uma garota misteriosa que está tentando fazer o G-Virus para expor a Umbrella por seus atos nefastos e não sabe realmente o que está acontecendo. Portanto, seus motivos são muito mais nobres, embora, quando isso acontece, devamos tratá-lo como aparentemente mau. Caramba, ele nem mesmo tenta matar nenhum dos mocinhos.

    Os Birkins também são mostrados sob uma luz muito mais simpática. Anna agora é uma mãe carinhosa, Sherry em nenhum momento está em perigo real de ser infectada, William é apenas indiscutivelmente o vilão apenas porque o filme precisa de um, já que não pode ser Wesker. Ele não é nem mesmo o causador do surto desta vez. Em vez disso, foi a própria Umbrella que envenenou o abastecimento de água no caminho para a cidade.

  6. Claire é agora a Mary Sue da história, que esteve envolvida com BTO por
    toda a sua vida e é a personagem principal. Wesker não está por trás de
    tudo e não tem ideia do que está acontecendo. Jill foi especificamente
    radicalmente alterada em termos de personalidade. Claramente eles não
    deram a mínima visto que eles nem se deram ao trabalho de cortar o
    cabelo da atriz ou dar a ela uma boina. Você sabe, nenhum design visual
    e reconhecível que deixe você saber que esta é Jill. Ah sim, a marca
    de uma grande adaptação para o cinema. Quando você nem reconhece um
    personagem icônico da série.

  7. Para quem não conhece Resident Evil, o filme é bem ruim. Para quem conhece, é PIOR AINDA. Sério, descaracterizaram todos os personagens e tentaram meter todos eles no mesmo filme sendo que, para desenvolverem os personagens nos games, demoraram ANOS, e aí chega esse filme que acha que pode desenvolver todos eles em uma hora e meia? Ah, pelo amor de Deus.

  8. Se esse fosse o filme que tivesse representado a franquia em 2002 ao invés daquela maconha vencida que Paul Anderson obrigou os fãs a engolirem por mais de uma década, teria sido considerado uma das adaptações de game mais divertidas já feitas. E talvez se tornado cult como o filme de Mortal Kombat de 1995. Haterismos a parte de doentes mentais que se dizem gamers, o filme é nostálgico, carinhosamente bem feito, com atuações ótimas e trama divertida! Bem vindo a Racoon City é uma brisa de satisfação no coração sofrido dos verdadeiros fãs da série. Aqueles que gastaram dinheiro e madrugadas em locadoras para tentar zerar um clássico e sem Internet pra ajudar. Liberdades artísticas a parte, filmes devem se diferenciar sim de suas inspirações. Afinal se não trouxerem nada de novo, sequer precisam ser feitos. A mistura da história clássica com pontos novos (mas nunca excessivos) na trama promove um sequência de aventura impactante, extremamente funcional e excitante. A ambientação faz jus aos grandes clássicos de terror entregando realismo, simplicidade e angústia e é um tributo aos jogos originais. As sequências de ação na escuridão são simples mas extremamente bem orquestradas emulando a sensação de combate e desespero que os jogadores já sentiram. Condensar horas e horas de um jogo em menos de duas horas de um filme e ainda conseguir fazer sentido, arrancar sustos e suspiros é um tarefa difícil e Bem Vindo a Racoon City consegue isso com louvor! 🙌

  9. Meus amigos, eu ainda não vi o filme, mas, realmente, este novo “Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City (2021)” está bem mais fiel do que o do Diretor Paul W.S. Anderson (apesar de eu gostar muito também).
    Aliás, concordo com o nosso amigo de nome Luiz aí em cima quando ele disse: “Desculpa, Alice, por mais que eu gostasse da série anterior esse aqui é o verdadeiro filme do Resident Evil!!”.
    Enfim, para encerrar (mesmo sem ter visto o filme), nota 8,0!! 😊😊😊😊😊✌👏👏😁😮👍

  10. Adorei a crítica. Meus parabéns.
    Achei todos os pontos interessantes.
    Realmente a comunidade acaba sepultando futuras obras dessa maneira sendo tóxicos com o elenco do filme.
    A franquia já está bem estabelecida faz anos, tem jogo bom de sobra. Não é como se o novo filme fosse a única fonte para absorver Resident Evil e muito menos é um sacrilegio. Acho que as pessoas precisam ver o filme pelo que ele é e as raízes que ele pegou inspiração e liberdade. Ou seja um filme de terror B. Quer gostem ou não.

  11. Isso sim é Resident Evil!! Um filme de terror B daqueles que passariam na Band ou SBT. Bem cadenciado, no estilo survival horror nada de correria da série anterior e nada de super Alice.
    Juntaram os roteiros do Resident Evil 1 e 2 do PS1, com isso o filme tem vários momentos saídos diretamente dos jogos, lembrei muito dos tempos do meu playstation 1. Esse é o filme que deveria ter saído lá em 2002. Foi muito bom ver o Leon formando dupla com a Claire Redfield e a Jil Valentine ao lado do Chris Redfield.
    Desculpa Alice,por mais que eu gostasse da série anterior esse aqui é o verdadeiro filme do Resident Evil.
    Ganha um 7,5 tranquilo

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