4.7
(3)

Gaia
Original:Gaia
Ano:2021•País:África do Sul
Direção:Jaco Bouwer
Roteiro:Tertius Kapp
Produção:Jaco Bouwer, Tertius Kapp, Jorrie van der Walt
Elenco:Monique Rockman, Carel Nel, Alex van Dyk, Anthony Oseyemi

Dentre os subgêneros que abrigam o Horror em sua essência, o eco-horror sempre encontrou um espaço convidativo, embora seja difícil definir quais produções se encaixam nesse perfil. É bem mais fácil figurar Fim dos Tempos nesse estilo do que Cannibal Holocaust, por exemplo, mas, dependendo de sua visão sobre essas obras, ambas poderiam fazer parte; é como se o eco-horror fosse uma vertente do horror social, mas com um moralismo mais voltado à preservação da Natureza. E por essa sua condição educativa camuflada pode ser que o interesse do infernauta cresça ou diminua, dependendo da proposta. No caso de Gaia, se mantiver uma distância considerável do trailer e apenas se deixar envolver pelos elementos que compõem a obra, pode ser que você encontre motivos para recomendá-la.

Talvez um das razões esteja no fato do filme ter sido mencionado em algumas listas dos melhores de 2021 – não é para tanto. Ou talvez por saber que a obra foi uma das selecionadas pelo respeitado SXSW, alcançando opiniões positivas sobre ela. Há ainda nessa conta os fatores cartaz, imagens de divulgação, equipe técnica e elenco. A imagem principal é muito interessante, com um vermelho intenso e os cabelos de uma personagem misturados a galhos, além da tagline: “ela vai nos transformar.“, assim como algumas boas fotos do filme; na direção, o desconhecido Jaco Bouwer, com base no roteiro do igualmente dono de uma filmografia tímida, Tertius Kapp. Por fim, o elenco traz dois nomes de pouca expressão (Monique Rockman, Alex van Dyk) e dois com currículos mais vistosos, Anthony Oseyemi (de A Salvação e Missão no Mar Vermelho) e Carel Nel (de Raised by Wolves). Resta saber que o filme é sul-africano, o que lhe dá pontos pela possibilidade de elementos diferenciados, além de sua principal raiz, o enredo.

Gabi (Rockman) e seu auxiliar Winston (Oseyemi) são guardas-florestais que estão embrenhando em matas selvagens africanas. Em busca de seu drone perdido, ela se machuca em uma armadilha de caçador e acaba sendo ajudada por dois homens da região, Barend (Nel) e seu filho Stefan (Dyk), que cultuam a natureza como uma divindade de proteção e adoração. Enquanto Barend promove seus rituais de respeito à entidade que habita as matas, Stefan, que não conhece a civilização, faz uso de suas habilidades como caçador e protetor. Sem saber do paradeiro de Winston, Gabi descobre um tal fungo que parece se fundir a tecidos humanos numa composição híbrida. Mas não é a única ameaça do local.

O tempo de recuperação de Gabi permite que ela estabeleça uma conexão com Stefan, só não se definindo o modo. Não se sabe se o vínculo é maternal ou como a perspectiva de um promissor casal com diferença de idade, apenas que será uma justificativa para que ela passe a se convencer que o principal risco ali é Barend e não o fungo ou as criaturas que percorrem as matas. Se são as tais características que atraem no enredo, sua composição de horror construída muitas vezes pelo pesadelo da protagonista afasta um incômodo que seria muito bem vindo, tal qual o resultado da transformação.

Gaia sabe disfarçar seu baixo orçamento. É beneficiado pelo número reduzido de personagens, pela ambientação sempre promissora (o trabalho de fotografia de Jorrie van der Walt é bem realizado) e pela sensação iminente de que dificilmente aquilo terá um final otimista para a protagonista. Com base em todos esses elementos, vale a pena conferi-lo, se você estiver disposto a entender e respeitar sua mensagem principal.

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