Trilha de Corpos / Noivas em Perigo
Original:He Knows You're Alone
Ano:1980•País:EUA Direção:Armand Mastroianni Roteiro:Scott Parker Produção:Joseph Beruh, Robert Di Milia, Edgar Lansbury, George Manasse, Nan Pearlman Elenco:Don Scardino, Caitlin O'Heaney, Elizabeth Kemp, Tom Rolfing, Patsy Pease, James Rebhorn, Tom Hanks |
A noiva Amy Jensen (interpretada por Caitlin O’Heaney) desconfia que está constantemente sendo observada, ainda que seus amigos insistam que é apenas um sintoma da tensão que antecede o casamento. Contudo, o seu perseguidor nada tem de irreal: ele é o conhecido assassino em série Ray Carlton (Tom Rolfing), um psicopata cujas vítimas escolhidas são noivas, bem como pessoas que estão ao seu redor. No seu encalço está o obcecado investigador de polícia Frank Daley (Paul Gleason), que no passado teve a sua noiva assassinada.
Conhecido em terra brasilis como Noivas em Perigo, em partes graças à versão mutilada exibida algumas vezes no Supercine lá pelos idos anos 80, Trilha de Corpos (no original “He Knows You’re Alone“; Ele Sabe Que Você Está Sozinha, na tradução literal) é um slasher convencional e, lamentavelmente, comportado demais (qualidade não muito bem-vinda para um filme de horror). Além da falta de ousadia gráfica (as cenas de morte são quase todas interrompidas com um corte seco, deixando em off qualquer sinal de violência ou sangue), ele não apresenta nenhum traço de inovação ou de criatividade.
O longa-metragem, dirigido pelo cineasta americano Armand Mastroianni (de O Armário do Diabo, 1988), é fortemente inspirado por diversos clássicos slashers, em especial Halloween (1978) e Psicose (1960). Esta inspiração fica evidente a todo momento, em especial graças à trilha sonora que não se envergonha de emular os famosos sintetizadores de John Carpenter ou ao visual e comportamento do serial killer, se escondendo e surgindo das sombras, remetendo diretamente aos movimentos do célebre Michael Myers na produção de 1978. A influência de Psicose é também muito direta – incluindo uma citação em um diálogo com ares metalinguísticos, no qual o personagem interpretado por Tom Hanks (em sua primeira e rápida aparição nas telas dos cinemas) filosofa, comparando os filmes de terror às montanhas-russas:
Não gosta ou tem medo, Amy?
Muita gente gosta, porque sente-se aterrorizada. É um sentimento primordial, algo básico. Com os filmes de horror e a montanha-russa… conseguimos encarar a morte sem ter que morrer. Podemos sair do cinema com uma emoção inigualável… e a sensação de ter conquistado a morte. Estou muito interessado na emoção do medo. Por exemplo, por que, depois de assistir Psicose… ficamos com medo de tomar uma ducha? O horror é fascinante e pagamos para sermos assustados.
Algum tempo depois, temos uma passagem que mostra uma das amigas da protagonista tomando um banho com todos os detalhes hitchcockianos: os closes na cortina, no ralo, no chuveiro… ainda que o assassinato não ocorra exatamente nesta cena, ela toda é uma indiscutível “homenagem”.
Uma curiosidade, outro investimento na metalinguagem é a sequência de abertura, passada dentro de um cinema, que por sua vez parece ter influenciado os primeiros minutos de Pânico 2 (1997).
Rodado em 1979 e lançado no final do verão americano do ano seguinte (agosto de 1980), a produção foi surpreendentemente bem nas bilheterias e arrecadou quase US$ 5 milhões – ignorando totalmente as avaliações negativas da crítica especializada. Considerando o orçamento relativamente baixo, em torno de US$ 250 mil, o resultado financeiro foi visto como bastante positivo pelos estúdios MGM e viabilizou outras produções do gênero a serem lançadas nos próximos anos.
Enfim, para os curiosos que quiserem conferir, o filme pode ser encontrado completo (e com a dublagem em português original) no Youtube. Trilha de Corpos acabou, com o passar dos anos, mais conhecido como o primeiro trabalho de Tom Hanks ou como um dos primeiros slashers a “reviver” Halloween. No entanto, o longa não é um desastre, apenas não impressiona ou convence, principalmente pela evidente falta de originalidade.
Caramba, nunca tinha ouvido falar desse filme. Vou dar uma conferida