Pânico no Lago
Original:Lake Placid
Ano:1999•País:EUA Direção:Steve Miner Roteiro:David E. Kelley Produção:Peter Bogart, Jeff Kalligheri, David E. Kelley e Michael Pressman Elenco:Bridget Fonda, Bill Pullman, Oliver Platt, Betty White, Brendan Gleeson |
Crocodilos e jacarés estão entre os animais mais atuantes em filmes catástrofe e de terror, principalmente naqueles que se enquadram no interessante subgênero chamado natural horror. E, ainda que dessas produções baseadas em répteis assassinos desponte pouca originalidade, quando argumento, roteiro, elenco e produção estão bem amarrados, a diversão é quase garantida.
Pânico no Lago é um exemplo de produção desse tipo “quase”, e que resultou numa franquia que, felizmente ou infelizmente, durou (ou ainda dura) mais do que deveria. O filme foi lançado em 1999 em meio a uma série de títulos muito parecidos, que compunha o que na época chamávamos de “cinema catástrofe”. Podemos citar aqui Do Fundo do Mar (1999) e Jurassic Park: O Mundo Perdido (1997), esse já uma continuação. Se esticarmos de animais assassinos para englobar outros fenômenos naturais, como tornados (Twister, 1996), vulcões (Inferno de Dante, 1997), e até maremotos (Impacto Profundo, 1998), a lista se amplia e podemos observar com categoria o mercado hollywoodiano nos entregando o mesmo produto repetidas vezes em um curto espaço de tempo.
Pânico no Lago, por exemplo, conta com uma estrutura muito similar à de todos os filmes citados acima. O filme apresenta a história de um uma cidadezinha no Maine, localizada à beira de um lago que abriga um casal de crocodilos gigantes. Ninguém sabe de onde vieram esses bichos (supõe-se que são asiáticos e atravessaram o oceano (!!!) até o Maine, nos EUA), mas eles são “criados” por uma espirituosa senhora, interpretada pela excelente Betty White, que mora às margens do lago.
Não se sabe por que, mas de repente os crocodilos começam a atacar pessoas. Eles não faziam isso antes, mas passaram a fazer, e para tentar resolver o problema, somos apresentados ao trio de protagonistas, compostos pelo chefe do “Fish and Game” local Bill Pullman, a paleontóloga Bridget Fonda, e o especialista em crocodilos Oliver Platt. A partir daí a trama se desenrola com a investigação do lago, mergulhos, aparições do crocodilo, pedaços de gente saltando da água etc., até a conclusão esperada.
A direção de Steve Miner, o cara por trás de alguns clássicos razoáveis como Sexta-Feira 13 Partes 2 (1981) e 3 (1982), Halloween H20 (1998) e Warlock (1989), apesar de eficiente, não consegue ir além do cinemão americano adolescente habitual.
Apesar de boas doses de sangue e corpos mutilados típicas dos filmes catástrofe, há poucas cenas de suspense e um excesso de “bom humor”, que, aliado ao roteiro óbvio, compromete muito a seriedade da produção. As cenas em que o croc surge são realmente interessantes de se ver. Apesar de suas aparições só somarem pouco mais de três minutos em tela, os efeitos em CGI e animatronic são bem realistas – qualidade que despencou nas sequências.
Enfim, considerando seu contexto de lançamento, Pânico no Lago é até uma boa pedida entre todos esses títulos citados, apesar de ser ainda o menor e mais fraco entre eles. Há algo dissonante nessa produção, que tem ares de cinemão hollywoodiano mas cheira a filme B em todos os quadros. Talvez pelo roteiro óbvio demais, ou pelos personagens óbvios demais, que fazem tudo parecer um grande arremedo de clichês…
Apesar da boa ideia (afinal, já fazia dez anos desde o último filmão sobre crocodilos assustadores – o italiano Killer Crocodile, de 1989), Pânico no Lago ainda rende bons momentos, quase sempre proporcionados pelo bom elenco que tira leite de pedra e consegue cativar a atenção do espectador.