Rampage - Destruição Total
Original:Rampage
Ano:2018•País:EUA Direção:Brad Peyton Roteiro:Ryan Engle, Carlton Cuse, Ryan J. Condal, Adam Sztykiel Produção:Brad Peyton, Beau Flynn, John Rickard, Hiram Garcia Elenco:Dwayne Johnson, Jeffrey Dean Morgan, Naomie Harris, Malin Akerman, Jake Lacy, Joe Manganiello, Marley Shelton |
Quem viveu na década de 90 provavelmente se lembra de um jogo do saudoso Nintendo 64 chamado Rampage, onde o objetivo era causar o maior caos e destruição possível com os animais mutantes George, Ralph e Lizzie quebrando prédios, comendo pessoas e atacando helicópteros e carros policiais. Pois bem, sua adaptação para os cinemas, dirigido por Brad Peyton, segue basicamente a mesma linha.
Seguindo a história do filme, Davis Okoye (Dwayne “The Rock” Johnson) é um primatologista que se comunica com os gorilas por meio de linguagem de sinais. Logo no início, somos apresentados a George, um raro (e provavelmente último de sua espécie) gorila albino salvo por Davis. Enquanto Davis e George vivem em paz no santuário, insumos de um experimento ultrassecreto realizado pelo governo caem na Terra, e um deles cai perto do gorila. O soro transforma qualquer ser que entre em contato em uma criatura extremamente agressiva e super desenvolvida.
Davis, acompanhado da geneticista Dra. Kate Caldwell (Naomie Harris), tenta lidar com George – que até então não foi totalmente dominado pela agressividade. O agente do governo Harvey Russell (Jeffrey Dean Morgan) é designado para abafar o caso e diminuir os danos colaterais o máximo possível. Nem é preciso dizer que sua estratégia é catastrófica.
Enquanto a mutação de George é construída de forma gradual e até que bem trabalhada, o desenvolvimento de Ralph e Lizzie – também conhecidos como os outros dois animais gigantes que aparecem – é quase inexistente. Vale citar que na cena onde o lobo Ralph aparece há alguns momentos bem exagerados, tanto na violência quanto nos efeitos, o que remete bem ao jogo no qual é baseado. A qualidade de CGI dos monstros também é bem competente, com destaque para Lizzie. O crocodilo é muito bem detalhado. Porém, o efeito 3D não impressiona, sendo dispensável.
O filme se desenvolve de maneira bem lenta na primeira metade, com diversos diálogos e cenas desnecessárias. Estamos aqui para ver animais monstruosos causando caos e confusão, não cenas românticas. A partir de pouco mais da segunda metade, enfim temos a essência de Rampage nas telas: destruição. E, finalmente, os três mutantes gigantes aparecem juntos para gloriosamente acabar com tudo que estiver no caminho. Adeus, São Francisco.
A atuação de Jeffrey Dean Morgan como um agente cínico e ao mesmo tempo carismático é, certamente, um dos pontos altos do filme. Morgan dosa muito bem seus momentos de vilão e mocinho. A interação entre o agente Russell e Davis flui muito bem e sem parecer forçada. Dwayne Johnson também interpreta seu papel de bom moço de forma competente, fazendo mais uma vez o mesmo tipo de personagem forte e altruísta que salva o dia com o qual já estamos acostumados. Entretanto, apenas eles têm algum destaque positivo no longa. Os vilões são retratados de forma exagerada e clichê, como se fossem um Dick Vigarista do desenho Corrida Maluca. É um tanto constrangedor vê-los em cena, mesmo em um filme absurdo como Rampage.
De qualquer modo, é um filme sobre criaturas monstruosas destruindo tudo que veem pela frente. Não se pode esperar um roteiro coerente e personagens bem construídos e profundos em um filme baseado em um jogo cujo objetivo é simplesmente acabar com a cidade. E aí chegamos em outro problema. Os momentos de caos, destruição e violência, apesar de existirem, não duram tanto.
Peyton, em entrevista, afirmou que diminuiu a violência que deveria estar presente no filme, já que a distribuidora queria que fosse exibido para todas as faixas etárias. E, de fato, Rampage peca um pouco nesse sentido e deve decepcionar os fãs do game que esperam ver vísceras voando e cabeças sendo esmagadas, ainda mais se tratando de uma adaptação de um jogo que tem justamente a violência desmedida como um dos pontos principais.
Salvo algumas exceções, Rampage: Destruição Total tem atuações medianas, presença esquecível de alguns personagens e momentos um tanto entediantes, sem muitas surpresas ou grandes emoções. Vez ou outra apela para um alívio cômico, que nem sempre funciona. É um daqueles filmes para se assistir sem grandes expectativas e como um bom passatempo, apenas relaxando e se divertindo com certos exageros e momentos de caos e gritaria – mas nem tanto quanto gostaríamos.
Para finalizar, uma breve observação: Joe Manganiello, que ficou muito conhecido por viver o lobisomem Alcide na série True Blood, aparece brevemente em cena com o lobo Ralph. Coincidência ou referência?