A Volta ao Mundo Pré-Histórico
Original:Dinosaurus!
Ano:1960•País:EUA Direção:Irvin S. Yeaworth Jr. Roteiro:Jean Yeaworth, Dan E. Weisburd, Jack H. Harris Produção:Jack H. Harris Elenco:Ward Ramsey, Kristina Hanson, Paul Lukather, Alan Roberts, Fred Engelberg, Wayne C. Treadway, Lucita Blain, Howard Dayton, Jack Younger, James Logan, Gregg Martell, Jack H. Harris |
A saudosa “Sessão da Tarde” da TV Globo exibia nas décadas de 1970 e 1980, principalmente, uma enxurrada de filmes antigos de ficção científica e horror com elementos de aventura, ou vice-versa, que tinham histórias ingênuas e efeitos práticos que não devem funcionar para a maioria das audiências do século XXI devido ao crescente nível de tecnologia com CGI (Computed Generated Imagery) dos tempos modernos. Mas, que funcionavam de forma eficaz e divertida para os apreciadores de cinema de gênero daquele período. É uma lista com tantos filmes (e já escrevi sobre dezenas deles), que ficaria inviável e repetitivo demais citá-los novamente aqui.
Porém, o assunto desse texto agora é sobre outro filme divertido e com efeitos bagaceiros com dinossauros toscos em miniatura e movimentos na técnica “stop motion”, que foi exibido à exaustão nas tardes da televisão e que para a nossa sorte está disponível no “Youtube” com a dublagem clássica: A Volta ao Mundo Pré-Histórico (Dinosaurus!, EUA, 1960), dirigido pelo alemão Irvin S. Yeaworth Jr., cineasta de poucos filmes no currículo, mas que deixou um legado com algumas preciosidades do gênero fantástico, como A Bolha (1958) e Quarta Dimensão (1959), em parceria com o produtor Jack H. Harris.
Bart Thompson (Ward Ramsey) lidera uma equipe de construtores encarregados de transformar uma enseada de uma ilha do Caribe num ponto favorável para receber mais barcos com turistas, administrando explosões aquáticas no local. A equipe ainda conta com o segundo em comando Chuck (Paul Lukather) e o engraçado Dumpy (Wayne Treadway). O que eles não imaginavam é que acabaram descobrindo no fundo do mar dois dinossauros congelados há um milhão de anos: um tiranossauro, carnívoro e perigoso, e um brontossauro, herbívoro e imenso, além de um homem das cavernas (Gregg Martell).
Uma vez resgatadas as criaturas de “um mundo pré-histórico” (do título nacional), eles também nunca imaginariam que um raio de uma tempestade iria trazê-los de volta à vida, causando um alvoroço na ilha e obrigando a refugiar os habitantes nativos numa antiga fortaleza de pedra em ruínas.
Ainda tem as belas mulheres para fazer os pares românticos, com Betty Piper (Kristina Hanson) sendo a namorada do chefe Bart e Chica (Luci Blain), que está interessada em Chuck. E finalmente tem o menino órfão Julio (Alan Roberts), que faz amizade com o homem das cavernas e o brontossauro.
Em paralelo, tem também uma trama com o inescrupuloso administrador da ilha e vilão da história, Mike Hacker (Fred Engelberg), que está interessado apenas nos lucros que poderá receber com a exposição do homem de Neanderthal para o mundo, contando com a ajuda de seus capangas atrapalhados Jasper (Jack Younger) e Mousey (Howard Dayton).
A história certamente esbarra em inúmeras situações absurdas para apenas facilitar o trabalho dos roteiristas, e em filmes como A Volta ao Mundo Pré-Histórico temos que relevar os clichês e desconsiderar a falta de coerência de uma ideia básica com dinossauros congelados em perfeito estado de animação suspensa no fundo do oceano, próximo de uma ilha paradisíaca, e que são descobertos e resgatados intactos após explosões subterrâneas, e que ainda despertam retornando à vida com a descarga elétrica de raios de uma tempestade (no estilo “Monstro de Frankenstein”). Uma sugestão para uma experiência de entretenimento nostálgico é apenas “desligar o cérebro” e entrar no clima de aventura com elementos do gênero fantástico.
O filme também tem intencionalmente elementos de humor, principalmente em cenas com os personagens T. J. O’Leary (James Logan), um bêbado que ficou de “babá” para os dinossauros adormecidos, além de Dumpy, que também tem alguns momentos atrapalhados, e com o homem das cavernas, totalmente desorientado ao acordar num mundo estranho, protagonizando várias cenas cômicas na casa dos pais de Betty.
Entre os destaques, vale citar uma luta violenta entre o tiranossauro e o brontossauro, com aqueles efeitos práticos bagaceiros que tornam esses filmes as preciosidades que os apreciadores tanto estimam, e o desfecho com um confronto entre o tiranossauro e o chefe Bart pilotando uma escavadeira.
Curiosamente, tem uma cena hilária e memorável do homem das cavernas junto com o menino Julio cavalgando o brontossauro. Aliás, a relação de amizade deles deve ter inspirado o desenho animado “Dino Boy e o Vale Perdido” (1966), produção da Hanna-Barbera.
E o produtor Steve H. Harris apareceu numa pequena ponta como um turista a bordo de um barco.