3.8
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Snuff
Original:Snuff
Ano:1976•País:EUA, Argentina
Direção:Michael Findlay, Horacio Fredriksson, Simon Nuchtern
Roteiro:Michael Findlay, Walter E. Sear
Produção:Jack Bravman, Allan Shackleton
Elenco:Margarita Amuchástegui, Ana Carro, Liliana Fernández Blanco, Alfredo Iglesias, Enrique Larratelli, Mirta Massa, Aldo Mayo, Clao Villanueva, Brian Cary

Quando era adolescente, no início dos anos 2000, certa vez li uma matéria na saudosa revista Cine Monstro sobre filmes que mostravam mortes e assassinatos reais, os famosos snuff movies. Lembro claramente que o que mais chamou minha atenção nesse artigo, foi a respeito de um filme batizado com o nome desse subgênero, tendo como slogan a memorável frase: “O filme que só poderia ser feito na América do Sul… onde a Vida é BARATA!”. No imaginário de um garoto de 13 anos, apaixonado por filmes de terror, essa propaganda foi o suficiente para aguçar minha curiosidade, mas infelizmente, ou felizmente, nunca tive a oportunidade de encontrar essa “relíquia” na internet, até que recentemente resolvi conferir de uma vez por todas a produção.

Snuff pode ser considerado como um subgênero do cinema de horror, tendo como principal característica o registro e a exibição de cenas de mortes e assassinatos supostamente reais, mas, diferentemente de filmes como a série Faces da Morte, que trazia imagens de cadáveres reais, mortes por causas externas e acidentes, os filmes snuff deveriam contar com cenas de assassinatos feitos exclusivamente com o propósito de criar um filme. Menções a esse tipo de produção datam desde a década de 60, buscando satisfazer o desejo de um telespectador cada vez mais exigente e sedento por algo assustador e proibido.

Em 1971, o casal Michael e Roberta Findlay, conhecidos no mercado grindhouse por produções do tipo “exploitation movies” (filmes de baixo orçamento e qualidade questionável, com cenas de sexo e violência extrema), iniciou a produção do filme que popularizaria os snuff movies.

Batizado inicialmente de Slaughter, o filme, gravado na Argentina, conta a história de uma seita liderada por Satán (Enrique Larratelli), na sua saga para sacrificar o bebê de uma atriz americana. Após passar praticamente cinco anos esquecido, em 1976 o produtor e distribuidor Allan Shackleton, inspirado por um artigo sobre filmes snuff gravados na América do Sul, teve a ideia genial de relançar o filme com um novo final e um novo título: Snuff. Dessa vez, após a última cena, uma mulher é supostamente assassinada de maneira brutal em frente às câmeras, pela equipe do filme Slaughter. A jogada de marketing deu certo e o filme foi manchete em vários países, ganhando um ar de mistério, como se fosse uma lenda urbana vinda da deep web.

A ideia pode até parecer boa, mas o filme não é. No início, somos apresentados à seita de Satán e suas seguidoras, abusando de cenas de nu frontal feminino, como grande parte das produções de terror da época. Em seguida, conhecemos a protagonista Terry London (Mirta Massa), uma atriz iniciante que veio de Nova Iorque com o produtor Max Marsh (Aldo Mayo) para gravar um filme em Buenos Aires. Max tem uma queda por Terry, que por sua vez se encontra às escondidas com seu amante Horst (Clao Villanueva), um playboy mimado que já estava sendo vigiado por uma das seguidoras de Satán. Não demora muito para Terry engravidar de Horst, sendo o objetivo da seita justamente sacrificar mãe e filho. Os planos de Satán se concretizem ao final do filme, matando a grávida Terry e todos ao seu redor.

O filme é um lixo. Eu me arrisco a dizer que é um dos piores filmes de terror que já vi. As atuações são sofríveis, especialmente Satán e suas discípulas. Como os atores não falavam bem inglês, o filme foi gravado sem som e dublado por cima, sem muita sincronia, o que torna a experiência e as atuações ainda piores, lembrando as pérolas da pornochanchada brasileira. Os efeitos especiais são risíveis. Por se tratar de um filme que supostamente continha cenas de assassinatos reais, era esperado um cuidado maior nesse quesito, mas com um baixo nível de realismo, é impossível achar que tais mortes são verdadeiras.

Os únicos pontos positivos seriam o fato do filme se passar em um país latino-americano, com direito a baile de carnaval e marchinha brasileira, além de algumas cenas de tortura que podem causar algum grau de aflição no telespectador. Contudo, não é o bastante para compensar os inúmeros defeitos do filme, desde o roteiro pobre, até as péssimas atuações e os efeitos especiais de baixa qualidade.

Mesmo sendo fã de filmes B e do cinema trash, não tem como defender esse caso. Talvez as expectativas tenham sido grandes demais por toda a lenda que envolve seu título. Definitivamente, se não fosse a estratégia de marketing que eternizou seu nome, Snuff seria completamente esquecido e estaria mofando até hoje na gaveta do Allan Shackleton.

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2 Comentários

  1. A única cena supostamente real seria a última, e não todas, como você dá a entender em seu texto, Taison: “Os efeitos especiais são risíveis. Por se tratar de um filme que supostamente continha cenas de assassinatos reais, era esperado um cuidado maior nesse quesito, mas com um baixo nível de realismo, é impossível achar que tais mortes são verdadeiras.”

    1. É que por conta do hype criado em cima do filme e do próprio subgênero snuff, muitas pessoas vão com a expectativa de ver um filme com mortes reais ou no mínimo realistas, ainda que a única cena supostamente real fosse a última. Mas eu entendi o que você quis dizer, vou me atentar mais na próxima vez para não ter esse risco de dupla interpretação! Obrigado pelo toque!!

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