3.8
(25)

Terrifier 2
Original:Terrifier 2
Ano:2022•País:EUA
Direção:Damien Leone
Roteiro:Damien Leone
Produção:Damien Leone, Michael Leavy, Steven Della Salla, Phil Falcone, Jason Leavy, Cairo Ben Amen II, Joshua Anderson, Steven Caruso, Lisa Falcone, Hank Greenberg, Marcus McGill, Thomas Smith
Elenco:David Howard Thornton, Lauren LaVera, Elliott Fullam, Samantha Scaffidi, Casey Hartnett, Kayley Hyman, Amelie McLain, Sarah Voigt

Terrifier 2, a continuação do violento longa de Damien Leone, chegou aos cinemas americanos no último dia 6 de outubro, e vem causando polêmica devido à violência extrema. Relatos de mal-estar e desmaios se tornaram frequentes, e algumas salas de cinema têm inclusive disponibilizado sacos de vômitos para eventuais casualidades. Alguns espectadores destacaram que ambulâncias precisaram ser chamadas. Outros ficaram em estado de choque com uma cena específica, tão ou mais violenta que a cena da serra no filme anterior. O fato é: Terrifier 2 não é um filme para os fracos de estômago.

Isso fica claro logo na cena inicial. O filme começa imediatamente onde terminou seu antecessor, com Art the Clown voltando à vida numa cena de (literalmente) revirar os olhos. Após renovar seu arsenal e suas roupas, Art volta a assombrar a cidade de Miles County. Um ano depois, somos apresentados a Sienna, uma jovem artista com uma dedicação incomum em produzir fantasias de Halloween, e Jonathan, seu irmão mais novo, um garoto obcecado por serial killers (e, obviamente, pelo palhaço assassino). Depois de um sonho estranho de Sienna, ela e todos à sua volta passam a ser alvos de Art.

Confesso que gostei muito de Terrifier 2. Toda a atmosfera bairrista de um slasher adolescente de Halloween, em determinados momentos parecia que o espectador era transportado ao bairro da própria Laurie Strode adolescente. O clima festivo do dia das bruxas potencializa o humor do palhaço Art, resultando em cenas divertidíssimas, como as da loja de fantasias e uma cena em particular envolvendo um certo “jarro” de doces. As mortes continuam criativas, sangrentas e muito, muito gráficas (talvez seja uma boa ideia ter a sacola de vômitos em mãos em um determinada cena envolvendo água sanitária e bicarbonato). Outro momento que desde o início já deixou tensos os que eram bons em química foi a sinalização do uso de ácido fluorantimônico  (sabidamente o ácido mais forte e corrosivo já descrito).

Fica claro que o filme foi feito com muito cuidado, principalmente no sentido de reparar os erros do filme anterior. Se em Terrifier, temos o macabro pierrot reinando absoluto em meio a uma dúzia de coadjuvantes maçantes, aqui o diretor Damien Leone se empenha em desenvolver seus personagens, de modo que realmente o espectador passa a se importar com eles (ok, talvez não com todos). A atuação de Lauren LaVera como Sienna convence, e sua personagem se transforma em uma final girl de respeito, sem pena de atingir vilões na cabeça, como sempre se espera (e quase nunca acontece). As atuações de Kayley Hyman e Sarah Voigt, como amiga e mãe de Sienna, respectivamente, também são bem competentes.

Talvez o grande defeito do filme seja justamente o excesso de cuidado com o qual foi feito, que acabou comprometendo bastante a experiência final. A começar pela duração: por mais que a atmosfera seja bem construída, não existe como um filme slasher não se tornar arrastado com uma duração de 138 minutos, uma eternidade. O roteiro poderia tranquilamente ser enxugado para 100 ou 105 minutos, sem prejuízo no resultado final. Cenas como a do Clown Café e sua musiquinha insuportável poderiam ter sido cortadas.

Outro problema é a quantidade de tramas em tela. Se o problema em Terrifier era um roteiro talvez excessivamente simplório, aqui parece que Leone acaba caindo em um overselling. Todo o enredo da garotinha zumbi e sua relação com o irmão mais novo de Sienna parecem desconectados da história e poderiam ter sido descartados no corte derradeiro. Por último, o final do terceiro ato, com a invulnerabilidade de Art, e toda a baboseira envolvendo lâminas brilhantes e feridas curadas magicamente me incomodou bastante, o que comprometeu muito a experiência final (isso sem contar na cena ridícula pós-créditos, que sinaliza uma nova continuação).

Até a metade do segundo ato, meu pensamento era de que Terrifier 2 era um dos melhores filmes do ano. Os poucos erros que se seguiram se mostraram graves, o que diminuiu bastante a nota final. Apesar disso, a continuação da história de Art the Clown é um divertido (e sangrento) slasher. Se você tiver estômago (e paciência para aguentar até o final), vale muito a conferida.

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Média da classificação 3.8 / 5. Número de votos: 25

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12 Comentários

  1. Brilhante, trabalho visual extremamente bem feito, cenas perturbadoras impressionantes, trabalho bastante eficiente e Art integrando o grupo dos vilões eternos dos slashers. Isso foi a penca de elogios que li em muitos sites, grupos e fóruns da vida aí. E acho que não foi esse filme que vi. Mais de 2 horas de puro martírio, isso sim.

  2. O que ninguém comenta é que o filme retoma a estética dos anos 1980’s, seja na organização dos diálogos, seja na fotografia, seja na rejeição aos efeitos especiais digitais (ainda bem). Tudo no filme te faz ter a sensação de não estar em 2017 ou 2022 e sim nos anos 1980’s, principalmente com a ‘sublimação’ do celular, que praticamente não tem relevância na vida social das adolescentes. Além disso o filme passa longe da lacração e do forçado inclusivismo que virou norma nas produções da indústria cinematográfica mainstream americana (ainda bem, também!), sendo a única e honrosa exceção a sutil preocupação com o “bullying” manifesto nos olhares preocupados dos demais frequentadores da tipica high school ao notarem a tensão da protagonista em diálogo com suas colegas.

  3. Kkk filme bagaceira como tem que ser. A duração e o roteiro pecam com certeza. Mas ver todo aquele Gore (Sem cortes) no cinema (e de shopping), me fez valer o preço do ingresso.

    Obviamente que fazer tudo… Direção, roteiro e produção dá nisso. Assim Difícilmente se acerta. Por isso é necessário uma visão externa.

    Será q o 3 terá mais responsa nesse quesito? Artie tem tudo para entrar pro escalão daqueles vilões clássicos que conhecemos.

  4. Vale pelo carisma do Art e pelo gore, que tá realmente pesado. Mas é isso aí, a duração e o roteiro com ar místico sem nenhuma explicação estragam um pouco o filme. A protagonista é uma escolhida com uma arma mágica e a garotinha palhaço existe apenas porque sim.

    Revi A Noiva/Filho de Chucky esses dias e pelo menos em relação a duração esses filmes são perfeitos, um tempo necessário que um slasher tem que durar sem soar maçante.

  5. Achei uma porcaria.
    Zero tensão, apenas gore forçado e um roteiro sem o menor sentido.

    1. Aliás, qual seria a “cena específica” que chocou os espectadores? Não consegui identificar.
      Abraço!

      1. a morte da personagem Allie, segundo vi foi o que mais chocou o público

        1. Sinceramente, assisti os dois filmes em sequência. Após uma grata surpresa com o primeiro filme, fui ao segundo com as expectativas bem em alta. Mas, me banhei nas águas do equívoco. Filme ruim, atuações péssimas, diálogos questionáveis, roteiro desconexo e com pouco ou nenhum sentido. Filme bagaceira que tentou se levar a sério demais, parece mais um delírio induzido por alguma droga que qualquer outra coisa. A experiência só não é 100% negativa pelo Art que é cativante, um vilão carismático e muito criativo quando o assunto é gore frenético, no mais, o filme foi bem decepcionante se comparado ao primeiro.

          1. Os filmes de terror ruins dominaram tanto o mercado do gênero que eu torço pro bom desenvolvimento do Art, que ainda segue sem ser explicado. O filme da sequência que for por esse caminho, provavelmente vai fazer muito sucesso

      2. É, caro, você tem estômago, viu.

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