28 Dias Assombrados (2022)

3.3
(9)

28 Dias Assombrados
Original:28 Days Haunted
Ano:2022•País:EUA
Direção:
Roteiro:
Produção:Courtney Sommers
Elenco:Jereme Leonard, Tony Spera, Shane Pittman, Amy Parks, Brandy Miller, Sean Austin, Aaron Sagers, Nick Simons, Aaron G. Thompson, Ray Causey

Os pesquisadores de mistérios sobrenaturais – também chamados de demonologistasEd e Lorraine Warren acreditavam que demora exatos 28 dias para uma entidade plenamente se manifestar em uma residência assombrada. Durante toda a vida dedicada a estudos sobre lugares malditos, perceberam que os fenômenos relatados por moradores que vivenciaram situações inexplicáveis apontavam uma tendência progressiva, alcançando no vigésimo oitavo dia a linha mais tênue entre os mundos dos vivos e dos mortos. Um dos casos mais famosos e que justifica esse período envolve a famigerada casa de Amityville, quando, em dezembro de 1975, George e Kathy Lutz, além de seus três filhos, fugiram do lugar após 28 dias de manifestações. Contudo, os Warrens não conseguiram concluir seus estudos antes de suas mortes, deixando o “legado” para o genro Tony Spera explorar a teoria em um show comprado pela Netflix.

Spera é casado com Judy, filha dos Warren. Embora tenha participado de algumas das investigações dos pais e seja apontada como herdeira da mediunidade da mãe, Judy não quis se envolver com a fama de seu sobrenome. Já seu marido, vez ou outra, desponta nos holofotes com ações como a de quando resolveu trocar a boneca Annabelle de sua caixa. Ele, que assumiu a N.E.S.P.R. (New England Society of Psychic Research), uniu-se ao investigador Aaron Sagers para promover a série 28 Dias Assombrados (28 Days Haunted, 2022), colocando três equipes de pesquisadores em três lugares considerados assombrados em Colorado, Carolina do Norte e Connecticut. Os participantes são conduzidos como “big brothers“, com os rostos vendados para que não saibam de seus destinos e assim possam descobrir sem influências externas as histórias macabras de cada lugar.

Já soa estranho saber que esses tais pesquisadores, com toda a formação e bagagem de estudos, não conheciam os lugares. Se são realmente assombrados, é porque fenômenos inexplicáveis foram popularmente relatados. Assim, o programa alterna narrativas em cada um dos espaços, mostrando através do mapa onde o espectador e os tais estudiosos estão, enquanto frases-feitas do processo resgatam os momentos divertidos da sensitiva Socorro Leite, quando participava dos quadros do Gugu: “Sinto uma energia ruim aqui.“, “Alguém morreu neste cômodo.” Só faltou darem gritinhos assustados ao tocar em objetos como ela fez no Carandiru no programa Domingo Legal.

Em Denver, no Colorado, na pousada Lumber Baron Inn, os investigadores paranormais Shane Pittman e Ray Cozzi, além da sensitiva Amy Parks, adentram ambientes para descobrir que o local, construído em 1890 por John Mouat, foi palco do assassinato de duas garotas, Marrianne Weaver e Cara Lee Knoche, em 1970, em um crime nunca desvendado. Um recorte de jornal, convenientemente encontrado, e um túnel – sombras e outras manifestações leves – ajudam o grupo a descobrir um pouco mais sobre o crime, com o envolvimento de um possível serial killer. Irrita a choradeira de Amy a cada episódio, ameaçando desistir ou não subir ao sótão, uma vez que a presença dela ali é exatamente para lidar com essas sensações perturbadoras.

Já em Madison, Carolina do Norte, na loja e funerária Madison Dry Goods, a médium Brandy Marie Miller e o demonologista Jereme Leonard investigam mistérios relacionados a um acontecimento no Natal de 1929, quando o produtor de tabaco Charlie Lawson assassinou a esposa e seus filhos, antes de se matar. Ao se aprofundar na investigação, com direito a deitar em caixão e a possessão ridícula de Jereme – que passa seus dias comendo e dormindo, com expressões canastronas -, eles descobrem um possível caso de estupro e influência maligna. É a trama mais chata das três mostradas, culminando com o olhar horrível do rapaz em um cemitério, sugerindo a possibilidade de ele ainda estar possuído.

E em Preston, Connecticut, na morada do Capitão Grant, o médium Sean Austin, com os investigadores paranormais e gurus da tecnologia, Nick Simons e Aaron Thompson, participam da melhor casa da temporada, repleta de acontecimentos interessantes que partem das aventuras do capitão, por volta de 1750, que teria falecido e deixado a esposa Mercy Adelaide, possivelmente falecida em 1800… ou não. Descobrem que o lugar também serviu para julgamento de bruxas e abrigou escravos fugidos. A investigação conduz o grupo para o cemitério próximo, o mais antigo de Connecticut, para a descoberta de um pentagrama enterrado. Apesar do contexto envolvido, a busca da equipe não chega a empolgar e pouca coisa realmente curiosa acontece.

Aliás, a série toda é assim. É claro que se trata de um falso reality, com roteiro e falas decoradas, até porque não teria muito o que mostrar. Cada grupo apresenta suas ferramentas de investigação, que envolvem gravadores e sensores, apenas para tentar despontar arrepios que nunca acontecem. Teria sido melhor partir para a ficção assumida, criando assombrações ou momentos “atividade paranormal” com sustos e registros mais assustadores. O público sabe que inventaram situações de sensibilidade, mas nem para empolgar ou assustar a série serve. E ainda incomodam os conflitos internos, as briguinhas desnecessárias (a presença de alguém que inventa momentos para assustar os demais) e tudo aquilo que faz você desistir de reality shows.

Talvez 28 Dias Assombrados possa interessar pela curiosidade que envolve os espaços visitados, mas precisará que você pesquise informações na internet para ter uma maior imersão produtiva. E que não venham mais 28 dias como esses, sem infectados corredores, dirigidos por Danny Boyle.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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