O Esquartejador / The Slayer - o Assassino
Original:The Slayer
Ano:1982•País:EUA Direção:J. S. Cardone Roteiro:J.S. Cardone, William R. Ewing Produção:Bill Ewing Elenco:Sarah Kendall, Frederick Flynn, Carol Kottenbrook, Alan McRae, Michael Holmes, Sandy Simpson, Newell Alexander, Paul Gandolfo, Ivy Jones, Jennifer Gaffin |
Outra pequena pérola que achei no grande baú dos slashers esquecidos, O Esquartejador é um filme interessante e que não faz feio em comparação com outros títulos lançados na mesma época.
Kay (Sarah Kendall), uma artista perturbada por sonhos assustadores, visita uma ilha deserta junto ao marido, irmão e cunhada, mas o que seria uma viagem tranquila de poucos dias se transforma num pesadelo quando os visitantes começam a ser assassinados por uma figura misteriosa. Esse seria um mistério de fácil compreensão se toda a viagem não fosse um imenso déjà vu já “transmitido” nos sonhos de Kay.
Talvez em 1982 esse fosse um enredo já considerado clichê para os fãs de terror, mas o que temos aqui é uma história curiosa, e que poderia se desenvolver de maneira banal, mas aposta numa mistura de mistério com sobrenatural que se torna inusitada. Isso porque o roteiro segura a identidade do assassino ou assassina até o último instante, sem nos dar pistas de quem possa ser, e, até os momentos finais do filme, ficamos sem saber onde tudo vai terminar.
Esse é um artifício que faz a curiosidade e o envolvimento do espectador seguirem o fluxo da narrativa, que cresce em suspense à medida que as possibilidades de resolução do mistério vão sendo descartadas.
O início do ato final, e aqui vai um spoiler, quando há apenas um sobrevivente na ilha e ainda não fazemos ideia do que vai acontecer dali pra frente, se torna verdadeiramente apavorante, justamente por nada acontecer em cena por muitos minutos – apenas uma espera angustiante pelo bote do esquartejador por parte do único sobrevivente, e um bote que não sabemos de que lado vem.
O único porém nisso tudo é a solução encontrada pelo diretor e roteirista J.S. Cardone para encerrar o mistério. Mas tudo bem, apesar de uma saída fácil, talvez fosse a única forma de tornar esse show de mistério, que foram os momentos precedentes, possível. Em filmes, livros, novelas, peças e roteiros de uma forma geral, o interessante muitas vezes não é o fim, mas como se chega até ele.
O Esquartejador é apontado como uma produção independente, sendo também o trabalho de estreia de J.S. Cardone na direção. Ele possui uma filmografia variada como realizador, passando por vários gêneros, com títulos como Shadowzone (1990) e Wicked Little Things (2006) dentro do nosso foco de interesse. Como roteirista, ele trabalhou na versão mais recente de Prom Night (2008) e no filme The Covenant (2006), entre outros.
Para um filme independente e estreia de um diretor, O Esquartejador é bem acabado e bonito de ver, seja em cenografia, fotografia, montagem, roteiro e atuações. Faz frente, inclusive, a muitos clássicos lançados nesse mesmo ano, mesmo não fugindo tanto do lugar comum. Tem ritmo e atmosfera, sendo uma boa pedida para quem está a fim de uma tensão moderada e uma boa surpresa.