O Túmulo do Horror
Original:La cripta e l'incubo / Crypt of the Vampire / Terror in the Crypt
Ano:1964•País:Itália, Espanha Direção:Camillo Mastrocinque Roteiro:Tonino Valerii, Ernesto Gastald, María del Carmen Martínez Román, José Luis Monter, Sheridan Le Fanu Produção:Mario Mariani Elenco:Christopher Lee, Adriana Ambesi, Ursula Davis, José Campos, Véra Valmont, A. Midlin, Carla Calò |
“E pelas minhas mãos a linhagem dos Karnstein sumirá da face da Terra. E meu sangue derramado voltará às minhas veias. E os filhos dos traidores que me mataram serão destruídos. Para cada instante de sofrimento prometo-lhes séculos de vingança. Assim, eu prometo, Sheena Karnstein. Meu sinal é a estrela de cinco pontas.”
O escritor irlandês Sheridan Le Fanu (1814/1873) é o autor da conhecida história de vampirismo “Carmilla”, que foi adaptada algumas vezes no cinema, como em Rosas de Sangue (1960) e Atração Mortal (1970, também conhecido como Os Amantes Vampiros e Carmilla, a Vampira de Karnstein), produção inglesa da Hammer.
O ciclo de horror gótico italiano dos anos 60 do século passado também tem um filme levemente inspirado nesse universo ficcional, O Túmulo do Horror (Crypt of the Vampire / Terror in the Crypt, 1964), que tem o título original italiano La Cripta e L’incubo, numa co-produção com a Espanha e com Christopher Lee liderando o elenco. Com fotografia em preto e branco, a direção é de Camillo Mastrocinque (sob o pseudônimo Thomas Miller). Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil na coleção “Obra Primas do Terror – Gótico Italiano #2”, e está disponível no Youtube com áudio original italiano e legendas em português.
“Não há sequer um nome sobre a minha tumba. Somente uma pedra negra. Eu colocarei seus nomes sobre vossas lápides e vereis meu rosto sobre suas sepulturas. Eu serei ela e ela serei eu. E os séculos não contarão para mim.” – Sheena Karnstein
Preocupado com uma antiga maldição familiar, o Conde Ludwig Karnstein (Christopher Lee) pede ajuda para o restaurador de documentos históricos Friedrich Klauss (José Campos) para visitá-lo em seu castelo gótico no alto de um penhasco, com o objetivo de tentar descobrir entre os registros em sua biblioteca alguma informação reveladora de seus ancestrais e a possibilidade de relação com sua filha Laura (Adriana Ambesi, creditada como Audry Amber). Ela está sofrendo com pesadelos terríveis e, segundo a governanta Rowena (Nela Conjiu), poderia estar possuída pelo espírito maligno e vingativo de Sheena Karnstein, condenada à morte por bruxaria e vampirismo, fato que poderia explicar as visões de Laura e a ocorrência sinistra de assassinatos de membros da família e empregados do castelo.
Entre os serviçais está a jovem Annette (Vera Valmont), amante do Conde, e o mordomo Cedric (José Villasante). Paralelamente, um acidente com uma carruagem obriga a jovem Ljuba (Ursula Davis) a se hospedar no castelo. Ela torna-se rapidamente amiga íntima da solitária Laura, ajudando a afastá-la da depressão, e juntas tentam entender o mistério por trás de seus pesadelos, assombrações, mortes sangrentas e a atmosfera perturbadora do castelo.
“Raramente temos visitantes aqui. É como viver em uma tumba… ou em algum lugar no limite do mundo.” – Laura Karnstein
Todos os filmes do ciclo italiano de horror gótico são interessantes e com entretenimento garantido para os fãs do estilo, justamente pela exploração dos mesmos velhos clichês de castelos assombrados por maldições. O Túmulo do Horror é sinistro do começo ao fim, mesmo nos momentos de narrativa mais arrastada, e está entre os memoráveis que sempre vale citar, como A Maldição do Demônio (1960) e Dança Macabra (1964), entre outros.
Sua atmosfera sombria é de gelar a espinha até dos mortos, destacando as catacumbas do castelo, palco de rituais de magia negra e pousada eterna da morte para os ancestrais da família Karnstein, além da infinidade de passagens secretas, corredores e cantos obscuros ideais para fantasmagorias. Além do castelo macabro (locações no Castello Piccolomini, na Itália), temos também as ruínas de um vilarejo próximo onde uma torre decrépita ainda guarda um sino que toca sozinho pela ação dos ventos fortes, aumentando ainda mais a atmosfera sombria e desconfortável que ronda o lugar.
“Eu adoro esses castelos antigos… eles têm um ar tão misterioso.” – Friedrich Klauss