13 Exorcismos (2022)

3.3
(9)

13 Exorcismos
Original:13 Exorcismos
Ano:2022•País:Espanha
Direção:Jacobo Martínez
Roteiro:Ramón Campos, Teresa Fernández-Valdés, Salvador S. Molina, Gema R. Neira, David Orea, Carlos Ruano.
Produção:Mr. Fields and Friends, Atresmedia Cine, Bambú Producciones, 13 E Movie AIE
Elenco:María Romanillos, Ruth Díaz, Urko Olazabal, Pablo Revuelta, José Sacristán, Cristina Castaño, Silma López

Depois de participar de uma sessão amadora de conjuração de espíritos, a jovem adolescente Laura Villegas começa a ser perseguida e ter visões de um espírito maligno. Ela é atormentada até que é possuída e vai parar no hospital, onde seu estado não tem explicação e seus pais entram e desespero e veem ser necessário a intervenção de um padre, para se fazer um exorcismo na garota.

Seguindo a (mais ou menos) recente onda de filmes e séries com o tema exorcismo (e possessão), 13 Exorcismos se apresenta como baseado em eventos reais, ainda que seja uma obra de ficção. Os fatos é que existem relatos de possessões demoníacas na Espanha, ainda nos tempos atuais, e que padres exorcistas fazem exorcismos aprovados pelo Vaticano. Outro fato ao qual o filme se baseia é no padre exorcista, mas isso é outro ponto que abordaremos mais para a frente.

O filme de estreia do diretor Jacobo Martinez tem alguns problemas, sendo que o principal deles pode ser destacado por não saber exatamente que história quer contar ou mostrar. O diretor leva um tempo enorme mostrando as aflições da pobre Laura (quase que uma hora do filme) para convencer o espectador de que a garota está mesmo possuída, para depois entrar no exorcismo em si. Mas, também tem algumas tramas (ou subtramas) que confundem e bagunçam o ritmo do filme. Como a trama paralela da psicóloga da escola de Laura, ou a existência da personagem Asunción, professora e beata da igreja, que não tem motivo algum para estar lá.

Em vários momentos do meio para a frente do filme, o roteiro questiona ou coloca dúvidas sobre a possessão, o que é meio estranho, já que já foi mostrado para o espectador que a garota está possuída e fatos inexplicáveis acontecem. Mas isso é colocado de lado ou ignorado seletivamente pelos outros personagens, que colocam dúvidas (que normalmente deveriam ser razoáveis), mas são igualmente descartadas em seguida.

Aliás, vários elementos e linhas de histórias são apresentadas e têm algum destaque no filme, com tempo em tela, para serem absolutamente esquecidas ou descartadas em seguida. Várias oportunidades de deixar a trama interessante dentro do tema são cortadas ou finalizadas sem nenhum sentido ou valor para o filme.

Um dos elementos essenciais para uma produção de exorcismo é fazer com que o público se importe com os personagens, especialmente os que sofrem diretamente com a possessão, ou seja, a vítima. Mas aqui isso falha completamente, pois além de vermos a garota sofrendo, pouco vemos sobre ela que gere alguma empatia. Até se começa a dar alguns toques aqui e ali, sobre ela ser tímida, estar descobrindo agora o interesse por rapazes, ser de uma família muito católica, sofrer uma certa pressão da mãe… mas isso é rapidamente pincelado e muito mal apresentado pelo roteiro, e nada desenvolvido.

Os personagens são terríveis e não entregam quase nada que é preciso para que os conheçamos, entendamos e nos importemos com eles. Talvez o único personagem que chega perto de fazer isso é Jésus, o irmão com deficiência da vítima possuída, mas que em dado momento é simplesmente removido do filme e totalmente esquecido.

O problema maior parece ser que o roteiro (ou diretor) começa a apresentar algum elemento ou linha de história ou parte de um personagem… para em seguida largar e esquecer isso e tentar voltar para a história, o que acaba fazendo a trama ficar confusa. E não de um jeito bom. O filme não se decide quem é o protagonista, o que é o seu foco, se é a possuída, se é o exorcismo, o sofrimento da família, o drama das pessoas ao redor, então pincela (mal) tudo isso, numa mistura que não cai bem.

O padre exorcista, que deveria ser um dos outros pontos principais de um filme do tema, aparece meio que forçado, do nada, e faz coisas meio que estranhas e age como se tudo fosse óbvio, sem nenhuma explicação real, nem para os personagens, nem para o público. No filme, o padre se perde em sua lógica interna (se é que tem alguma) e não consegue manter o interesse durante o exorcismo, que não é interessante e nem assustador o suficiente. Pra piorar, o tal padre teria sido inspirado em Jesús Hernández Sahagún, um espanhol que existiu e esteve envolvido em exorcismos ilegais (que não foram sancionados pelo Vaticano) e acusações sérias de cometimento de crimes e agressões. Certamente, não é um bom sinal.

O clímax e o final são igualmente confusos e contraditórios com o restante do filme, com personagens cometendo atos burros e imbecis, que contrariam o que acabaram de dizer ou fazer, só para que o roteiro chegue a um fim chocante e assustador, mas que também falha em fazer as duas coisas.

13 Exorcismos parece querer fazer o “bingo” de tudo que tem que ter em filme de exorcismo/possessão, colocando elementos sem a menor lógica ou algum sentido que os una em uma narração coerente. Coisas como sustos repentinos, visões fantasmagóricas, histórias assustadoras de espíritos, cenas explícitas de violência, vozes, estão todas lá, mas todas mal feitas e desajeitadas, sem contribuir verdadeiramente para a trama (tanto que normalmente são esquecidas em seguida). Nada parece realmente importar, já que mesmo quando acontece uma coisa grave, ninguém fala dela em seguida, são apenas coisas que precisam ter no filme, e foram enfiadas lá.

Esse é o tipo de filme que poderia contar uma boa história ou trazer uma visão diferente para o tema, mas não conseguiu. O ritmo é ruim, os personagens não são interessantes e a trama é confusa e com muitos elementos desperdiçados e jogados fora, enquanto outros mais sem graça são mantidos.

Pelo título podemos imaginar que serão longos momentos de diversos exorcismos, que levam a alguma coisa, mas na verdade temos um filme que não sabe que história contar, se perde no meio e não leva a muita coisa no final.

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Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

One thought on “13 Exorcismos (2022)

  • 06/06/2023 em 20:43
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    Nossa! Concordo 100% com tudo o que foi dito. Perdi meu tempo e dinheiro alugando no Amazon Prime… filme decepcionante, sem muito nexo. Só passei raiva com aqueles personagens, principalmente a mãe opressora e os amigos de escola fazendo bullying. Descartável totalmente!

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