Candy Land
Original:Candy Land
Ano:2022•País:EUA Direção:John Swab Roteiro:John Swab Produção:John Swab, Robert Ogden, Michael Reiser, Jeremy M. Rosen Elenco:Olivia Luccardi, Eden Brolin, Virginia Rand, Sam Quartin, William Baldwin, Owen Campbell, Guinevere Turner, Brad Carter |
Lot lizard é um termo usado para designar pejorativamente profissionais do sexo que trabalham em paradas de caminhão e outras áreas de parada. Tais trabalhadores acabam por exercer suas funções em ambientes muitas vezes remotos, com pouca segurança e difícil suporte em caso de eventuais emergências. Essa temática, tão complexa que já rendeu até alguns documentários a respeito, encontra um novo expoente em Candy Land, slasher que transporta o universo dos lot lizards para o cinema de horror.
O filme nos apresenta a rotina de Sadie (Sam Quartin), Riley (Eden Brolin), Liv (Virginia Rand) e Levi (Owen Campbell), profissionais do sexo que trabalham no ponto de parada de caminhoneiros conhecido como Candy Land, famoso por possuir os mais jovens, belos e limpos lot lizards da região. Eis que a filha de um líder religioso local entra para o submundo dos lagartos após ser expulsa de sua comunidade ultraconservadora, desencadeando uma série de acontecimentos macabros.
Candy Land é um filme de muitas camadas. O roteiro de John Swab (que também dirige o longa) é competente em dedicar tempo na construção e humanização das pessoas que vivem da prostituição, de tal maneira que o espectador realmente passa a se importar com os personagens. Por mais que seja um slasher, a produção também investe minutos em tecer determinadas críticas sociais, principalmente em relação aos perigos a que esses trabalhadores se expõem. Isso é feito de maneira sutil e orgânica, seja com uma simples preocupação de uma personagem em relação a menstruação e gravidez, até a abordagem do risco de violência sexual contra profissionais do sexo (aqui um alerta de gatilho para uma determinada cena de estupro).
O ritmo começa um pouco arrastado, e a primeira morte só vai acontecer com quase 40 minutos de filme, mas a partir do segundo ato o ritmo se torna frenético até a revelação final das motivações do vilão. O ponto negativo acaba indo para alguns furos de roteiro, pois começa a se tornar inverossímil absolutamente ninguém sequer suspeitar da identidade do assassino quando algumas mortes ocorrem em plena luz do dia.
As atuações não são nenhuma maravilha, mas também não comprometem. A exceção fica por conta de Olivia Luccardi, que vai se firmando como uma das grandes scream queens da atualidade, após performances de destaque em outras produções do gênero, como Corrente do Mal e Soft & Quiet; outro que merece destaque é Owen Campbell, que já havia integrado o elenco estelar de X e tem boa participação ao retratar o lado masculino da prostituição.
Fui assistir Candy Land esperando outro slasher raso se passando nos anos 80, com o já manjado embate entre religião e pecado, e me surpreendi com um filme que encontra espaço para abordar até mesmo temas deveras espinhosos. Não é uma produção perfeita, com alguns buracos no roteiro que incomodam, mas o saldo final é bastante positivo e vale a conferida.
Um filme que começa bem, mas parece estagnar mesmo ocorrendo crimes em profusão. Personagens que poderiam ser melhor trabalhados, mas que ficam no mais do mesmo. Enfim, um filme até certo ponto interessante, nada além disso.