Mistérios e Paixões
Original:Naked Lunch
Ano:1991•País:Canadá, UK, Japão Direção:David Cronenberg Roteiro:David Cronenberg, William S. Burroughs Produção:Jeremy Thomas Elenco:Peter Weller, Judy Davis, Ian Holm, Julian Sands, Roy Scheider, Monique Mercure, Nicholas Campbell, Michael Zelniker, Robert A. Silverman, Joseph Scoren, Peter Boretski |
Uma digestão para paladares pouco convencionais, Mistérios e Paixões é, sem dúvida, o trabalho mais experimental de David Cronenberg. Como a clássica obra de biográfica de William S. Burroughs já afastava os leitores rasos, pela fuga dos padrões literários, uma adaptação precisaria envolver seu público entre as zonas delimitadas, sem se preocupar em mastigar o enredo, como uma viagem alucinógena inesquecível.
É nesse contexto que Bill Lee (Peter Weller, logo após o sucesso na franquia Robocop) tenta desenvolver seu trabalho como exterminador de pragas. Assim que é alertado pelo chefe pelo uso excessivo do inseticida, ele descobre que sua esposa Joan (Judy Davis, de Desconstruindo Harry, 1997) está injetando o produto em seu organismo como uma droga. Convencido a experimentar o tal pyrethrum, mesmo com o auxílio do Dr. Benway (Roy Scheider, de Tubarão, 1975), que introduz um elemento que pode dificultar o interesse na droga, ele é preso pela polícia por conta do vício e inicia a sua primeira viagem, conversando com um inseto gigantesco.
A criatura o convence de sua nova concepção, como um agente secreto que deve manter relatórios constantes e investigar a existência de uma organização alternativa conhecida como Interzone Incorporate, da qual sua mulher faz parte. Sua primeira missão: assassinar a esposa. Não acreditando no monstro, ele o destrói e vai para casa, flagrando Joan com seu amigo Hank (Nicholas Campbell). Sem demonstrar incômodo pela situação, ele acidentalmente mata a esposa numa brincadeira em que deveria atirar num copo sobre sua cabeça à la William Tell, que irônica e tragicamente aconteceu com o autor da obra.
Cumprida a primeira missão, Bill aceita a nova função e tenta se infiltrar na Interzone, alternando diálogos com sua máquina de escrever, Clark Nova, transformada em inseto. Para isso se aproxima do esquisito Yves Cloquet (Julian Sands) e do casal Tom (Ian Holm) e Joan Frost, uma versão maléfica de sua esposa morta.
Os devaneios da personagem principal, entre figuras estranhas e diálogos que se misturam com narrativas literárias, são apenas um dos fios condutores de Mistérios e Paixões. Referências a obras – Franz Kafka e seu clássico “A Metamorfose” – e o conceito biográfico, a partir de experiências de William S. Burroughs, tornam o filme um deleite curioso, flertando com o noir.
Essa viagem surreal, que esbarra em diversidade sexual e fantasias, vai além de apreciar as belíssimas criaturas animatronics, mas como um encontro perfeito entre literatura e cinema, levando o espectador a uma vontade insana de estabelecer diálogos com seres inanimados e experimentar novos “mistérios e paixões”.
Sobre o Autor
Para conhecer a vida de um dos maiores escritores americanos, William S. Burroughs (1914-1997), o caminho mais adequado é através de suas obras e adaptações. Recheado de alter egos e relatos de sua vida conturbada – de viciado a homossexual em um período homofóbico –, algumas passagens são apresentadas em obras de excelência como Junkie (1953) e Almoço Nu (de 1959, que originou o longa Mistérios e Paixões). Desde a morte acidental de sua esposa Joan até os conflitos sociais, aparentemente sua vida também é composta de fluxos da consciência, com passagens obscuras que inspiraram seus textos. Embora seja considerado um beatnik, sua literatura ia além do que era produzido por outros artistas do período, desenvolvendo um estilo próprio e que serviria de influência para gerações futuras.
Não entendi nada desse filme rsrsrs, por isso mesmo é o filme que menos curti do Cronenberg.
cronenberg + robocop! esse eu tenho que ver hahah