Teatro da Morte / As Sete Máscaras da Morte
Original:Theatre of Blood
Ano:1973•País:UK Direção:Douglas Hickox Roteiro:Anthony Greville-Bell, Stanley Mann, John Kohn Produção:John Kohn, Stanley Mann Elenco:Vincent Price, Diana Rigg, Ian Hendry, Harry Andrews, Jack Hawkins, Michael Hordern, Arthur Lowe, Robert Morley, Dennis Price, Milo O'Shea |
Uma das coisas que considero mais interessantes nos slashers, seja nos bons ou nos mais bagaceiras, é a capacidade de se colocar um serial killer nos mais diversos cenários e fazer ele trabalhar conforme o conceito estabelecido. Nisso temos assassinos atacando em campings, academias, bailes de formatura, na noite de Natal, de réveillon, no dia dos namorados etc. Os métodos, também, podem ser os mais diversos: inspirados em lendas urbanas, um psiquiatra que mata suas pacientes, e por aí vai. Tem até um em que o assassino só mata virgens (muito bom, esse)!
Enfim, esses dias fui surpreendido positivamente, pelo menos de início, com esse curioso Theatre of Blood, ou As 7 Máscaras da Morte, disponível no Darkflix+, slasher de 1973 que conta sobre uma série de assassinatos de, vejam só, críticos de teatro! (que ideia!)
A história já é entregue logo na primeira meia hora de filme: Edward Lionheart, ator veterano, interpretado por Vincent Price, e reconhecido por se considerar o maior intérprete teatral de Shakespeare de seu tempo e dado como morto, “retorna” para uma vingança igualmente shakespeariana contra os membros do Círculo de Críticos, que o impediram de receber o prêmio de “ator do ano” em favor de um iniciante um ano antes. Após forjar a própria morte, o veterano se une a um grupo de moradores de rua e passa a encenar suas mortes favoritas da obra de Shakespeare com seus supostos algozes.
Apesar de ser um filme divertido e ok, criativo como poucos, e talvez até por isso, nem tudo pode ser chamado de verossímil nesse Teatro de Sangue. A ideia de recriar mortes da obra de Shakespeare chama atenção de início, mas a trama começa a adentrar os círculos da comédia e do absurdo, passando a cair no exagero, com as até aconselháveis licenças poéticas dando lugar a soluções impossíveis, difíceis de engolir. O teatro, inclusive, é um dos ambientes em que a narrativa melhor se estabelece, visto que é o ambiente natural em que o conceito proposto se desenrola. As cenas de morte e violência que acontecem em outros ambientes acabam sendo forçadas e até cômicas.
O ponto alto aqui são os bons diálogos, carregados de “críticas aos críticos” e ao jornalismo cultural de um modo geral. As cenas em que Edward lembra as exatas palavras ditas nas críticas feitas pelas suas vítimas – antes de encerrar suas carreiras – são hilárias, pela ironia fina e afetada do protagonista.
De toda forma, trata-se de uma obra que conseguiu sair das telas e ir para o teatro, literalmente. A trama foi adaptada pela companhia britânica Improbable, com Jim Broadbent como Edward Lionheart e Rachael Stirling como a filha Edwina, com o nome mudado para Miranda. A peça também traz outras diferenças em relação ao filme, pois a ação se passa toda num teatro abandonado. As mortes baseadas em Otelo e Cymbeline foram omitidas, presumindo-se devido a ocorrerem fora do teatro. A adaptação foi em Londres no Teatro Nacional entre maio e setembro de 2005.
As 7 Máscaras da Morte é um filme que eu chamaria de excêntrico. Não é esquisito, nem complicado, mas excêntrico. É extravagante sem constranger, e de quebra ainda temos a participação de Vincent Price, cuja atuação vestiu como uma luva o personagem principal.