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Imaculada
Original:Immaculate
Ano:2024•País:EUA, Itália
Direção:Michael Mohan
Roteiro:Andrew Lobel
Produção:David Bernard, Sydney Sweeney, Jonathan Davino, Teddy Schwartzman, Michael Heimler
Elenco:Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Benedetta Porcaroli, Dona Romano, Giorgio Colangeli, Simona Tabasco

A jovem noviça Cecília (Sydney Sweeney) se muda para um convento na Itália, sua nova moradia e lugar de atuação, onde fará seus votos e iniciará sua vida como freira. Mas sua nova vida toma uma rumo bem estranho quando se descobre que ela está grávida, mesmo sendo virgem. A partir de então, Cecília começa a perceber que todos ao seu redor estão escondendo coisas muito assustadoras dela e que ela não pode confiar nem no simpático padre Tedeschi (Álvaro Monte) e nem na Madre Superiora (Dora Romano).

Imaculada é uma produção de terror primariamente psicológica, mas que também tem outros elementos de terror, que no começo se mostra como um filme que vai na mesma linha de A Primeira Profecia (The First Omen), com muitas semelhanças: uma jovem se mudando pra um convento assustador na Itália, envolvida em uma conspiração e com uma gravidez misteriosa. Mas, mesmo com esses elementos parecidos, a história é bem diferente, pois rapidamente toma um outro rumo.

A protagonista Cecília, na ótima interpretação de Sydney Sweeney, é o foco e ponto de vista da trama, que nos mostra todo o horror em que se envolveu de forma incauta e inocente. Inicialmente o lugar parecia apenas um pouco estranho e dava um pouco de medo, afinal, é um convento antigo, as pessoas de lá não são as mais receptivas a ela, mas era algo dentro do normal, que poderia acontecer em qualquer lugar. Mas pequenos detalhes começam a surgir e serem percebidos por ela, até que… bom, as coisas vão um pouco mais além do “normal”.

O terror psicológico tenso vai aumentando de peso no decorrer do filme, e outros elementos vão pipocando, como cenas mais explícitas e fortes, sequências que sobem o tom de medo e apreensão. Uma certa aura de pesadelo vai cercando a protagonista (e o espectador), em um daqueles pesadelos que parecem mais reais do que fantasiosos. Este é um dos pontos fortes do filme, a habilidade de se pegar um tema fantástico, uma ideia que normalmente é associada ao sobrenatural e mostrá-la de uma forma realista, cruel e equilibradamente pesada.

Amparado com uma fotografia belíssima, que contrasta drasticamente com sequências pavorosas de tortura e tensão, Imaculada cria um excelente cenário para uma trama que poderia muito bem acabar parando em soluções ruins e fracas (e bem erradas), mas não o faz. Toda vez que aparece um tema que podemos pensar “xi, lá vem aquele clichê de novo”, ele não vem e temos uma boa solução (ou direcionamento) para o rumo da história.

Alguns dos poucos problemas que Imaculada tem (e são poucos mesmos) são alguns sustos baratos (alguns jump-scares que são telegrafados à distância) e desnecessários. Em muitos casos, sustos desses tipo podem servir pra deixar o público no desejado estado de tensão para se experimentar a história e o medo adequadamente, mas não é o caso aqui. Alguns dos sustos (e, só pra reforçar, são poucos) poderiam facilmente ser retirados do filme e não alteraria em nada o resultado final.

Algumas cenas de violência explícita, como a morte da freira com o crucifixo, podem ser vistas como desnecessárias, mas, nesse caso, é uma escolha da direção, para indicar um aumento do nível do horror e desespero, da situação geral e específica da protagonista. Diferente dos sustinhos, é uma escolha intencional e faz parte da trama, ou da intenção da história.

Toda a situação espirala para ficar cada vez mais desesperadora, e acompanhamos com a protagonista todo o seu desespero. E o fato dela estar grávida durante toda essa situação horrenda não é esquecido pelo diretor, que nos lembra disso o tempo todo de forma cruel. Novamente, a atuação de Sweeney é excelente nesse ponto.

Imaculada pode parecer inicialmente um filme que vai na onda de outros de freiras, possessão e terror religioso, mas ele tem seus próprios méritos e surpresas. A produção brinca com o espectador e suas expectativas, virando a curva da narrativa para o outro lado, surpreendendo de forma bastante sombria. Não chega a ser uma mudança total na trama, mas um excelente e bem-vindo desvio saindo do óbvio e do previsível. Um bom exemplo de um filme que, depois de terminado, ainda fica na nossa cabeça por um bom tempo, na cabeça e conversas e, esperamos, pesadelos.

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1 comentário

  1. Apesar de começar de forma praticamente idêntica a A primeira profecia, gostei mais da atmosfera de Imaculada. O local é mais sombrio, aparenta mais perigoso, até os lençóis no varal parecem assustadores.
    Por mais que se sabia que nesses filmes sempre vai haver algum complô, tinha ficado incomodada como passaram imediatamente a tratar a gravidez, sem questionar, o que, ao longo do filme, passa a fazer sentido.
    Para quem esperava um novo Damien, o filme conseguiu surpreender e não posso dizer que não é uma ideia criativa, embora mirabolante.

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