A Primeira Profecia (2024)

3.6
(11)

A Primeira Profecia
Original:The First Omen
Ano:2024•País:EUA, Itália, UK
Direção:Arkasha Stevenson
Roteiro:Arkasha Stevenson, Tim Smith, Keith Thomas, Ben Jacoby
Produção:David S. Goyer, Keith Levine
Elenco:Nell Tiger Free, Ralph Ineson, Sonia Braga, Tawfeek Barhom, Maria Caballero, Charles Dance, Bill Nighy, Ishtar Currie-Wilson, Andrea Arcangeli, Guido Quaglione, Dora Romano

Novo filme da franquia A Profecia, iniciada com o lendário clássico de 1976, do diretor Richard Donner. Agora, desta vez, a história não se foca no Anticristo, mas na mulher que irá gerá-lo em seu ventre e toda a conspiração e rede de eventos malignos que a cercam.

A jovem Margaret (Nell Tiger Free) é mandada para Roma, para ser ordenada como freira e trabalhar num orfanato mantido pela Igreja. Logo ao iniciar sua nova vida, é recebida por Lawrence (Bill Nighy), que foi o padre que cuidou dela desde quando chegou no orfanato, e agora é cardeal em Roma, e pela irmã Silva (magistralmente interpretada por Sônia Braga), a madre superiora responsável pelo orfanato italiano.

Antes de acompanharmos a chegada de Margaret, vemos uma misteriosa troca de confissões entre os padres Brennan (Ralph Ineson) e Harris (Charles Dance), com um desfecho perturbador que indica para qualquer espectador incauto que algo muito sinistro está se desenrolando ao mesmo tempo.

Margaret vai conhecendo as pessoas que cuidam do orfanato e as crianças (apenas garotas), que são cuidadas e educadas por lá. De pano de fundo, temos uma série de tumultos e manifestações em Roma, que pontuam os acontecimentos com um toque adicional de tensão.

Algumas ocorrências estranhas surgem, mas podem ser fruto do passado de Margaret, que tinha (ou ainda tem) uma condição neurológica que a faz ter alucinações esporádicas. Mas o caminho da jovem vai tomando tons mais sombrios a cada dia, e toma uma virada acentuada quando ela é abordada pelo padre Brennan, que pede a ela informações sobre uma das garotas do orfanato. É então que ela começa a perceber que está envolvida em uma trama profana e horrenda dentro da própria Igreja.

O filme tem a missão complicada de revitalizar a franquia, usando a mitologia de um dos filmes mais assustadores e aclamados da história do terror, feito tal em que outras produções falharam miseravelmente. Mas A Primeira Profecia acerta em cheio em tudo que se propõe, com a diretora estreante (em produções de longa-metragem) Arkasha Stevenson conseguindo fazer um filme que facilmente pode ser considerado como o melhor da franquia, depois do primeiro.

Todos os elementos que se espera encontrar em um filme envolvendo a vinda do Anticristo, a conspiração para sua geração, a presença crescente do mal, ou do próprio Diabo, ainda que não explicitamente (bom… tem uma presença e… melhor não dizer mais…), está tudo aqui, apresentada magistralmente, com uma fotografia que vai ficando cada vez mais opressora e pavorosa, ainda que não mostre nada diretamente assustador, mas certamente perturbador de alguma forma.

As atuações são sólidas, fortes e firmes, nos apresentando personagens vivos e reais, possíveis e que parecem ter sido tirados diretamente dos anos 1970 (que é quando se passa a história), com a protagonista mantendo a dose equilibrada de confusão, desconfiança e medo diante das coisas estranhas que sente e a própria insegurança. Fica claro que ela não tem certeza do que está vendo ou sentindo… por mais intensas e frequentes possam ser essas sensações.

Tudo vai se tornando cada vez mais sombrio e pavoroso ao redor de Margaret, e o espectador é envolvido nessas trevas crescentes. A diretora usa muito bem todos os elementos à sua disposição, fazendo diversas referências e homenagens à franquia, o que reforça que estamos vendo um filme da Profecia, que conversa em visual e estilo com os outros longas, especialmente com o original. E isso é feito de forma orgânica e suave, muito bem equilibrada e bem dosada. Conhecemos mais do padre Brennan (que aparece no primeiro filme) e também encontramos elementos e citações que aparecerão futuramente na história, tudo muito bem colocado pelo roteiro.

A Primeira Profecia é um filme com inúmeros méritos e acertos, e mesmo tendo alguns minúsculos deslizes ou errinhos (como algumas cenas desnecessárias que poderiam ser descartadas e alguns sustos bobos igualmente desnecessários) que não comprometem o resultado final, consegue manter uma experiência muito próxima do primeiro filme, com o qual inclusive faz uma ligação direta. Bom, não é exatamente revelar alguma informação surpresa dizer que o Anticristo, nesta linha de história, nasce e está destinado a trazer o mal para o mundo, mas nesta produção, é tudo feito ao mesmo tempo da forma que gostaríamos de ver e com novas recontagens e atualizações de alguns elementos da trama.

Este não é um filme de sustos fáceis, até tem alguns, mas podem ser ignorados diante do grande pavor que ele constrói e arma envolvendo todos os personagens e a trama sinistra. É um daqueles medos que, mesmo depois do filme acabar, perdura um tempo em nós, com algumas perguntas que não temos certeza se queremos saber as respostas.

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Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

2 thoughts on “A Primeira Profecia (2024)

  • 08/04/2024 em 13:53
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    Filme RUIM, se comparado com o maior filme de terror de todos os tempos (na minha opinião e de muitos): A PROFECIA.
    Comparado com porcarias como Premonição (em que chupinham o jeito das mortes d’A Profecia), Pânico, O Albergue, Annabelle, Invocação do Mal, etc., ele é muito bom.
    E, pelo que eu saiba, no original, a mãe do Damien é uma fêmea de chacal. Este filme mudou a paternidade, diminuindo em muito o terror.
    Confesso que dormi assistindo este filme. Me desculpem pelo comentário. Podem me crucificar, mas é meu ponto de vista.

    Resposta
  • 06/04/2024 em 10:21
    Permalink

    Bons comentários. Só quero pontuar um fato importante. Parece que o autor da história original não foi consultado quando fizeram esse filme. Existe um detalhe horrível relacionado à concepção do Damien que faz total distinção do filme A Profecia do Bebê de Rosemary, lembrando apenas a afirmação ao longo de todos os filmes da franquia que a criança (anticristo) de maneira alguma, além da sua aparência física, é humana. Não vejo motivos para esta alteração de um dos principais motivos de medo e repulsa do original, sob a pretensa justificativa de racionalizar o roteiro.

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