King Kong
Original:King Kong
Ano:1976•País:EUA, Japão Direção:John Guillermin Roteiro:Lorenzo Semple Jr. Produção:Dino De Laurentiis Elenco:Jeff Bridges, Charles Grodin, Jessica Lange, John Randolph, Rene Auberjonois, Julius Harris, Jack O'Halloran, Dennis Fimple, Ed Lauter, Jorge Moreno, Mario Gallo, John Lone, Garry Walberg, John Agar |
As telas de cinema voltariam a abrigar um gorila gigante na década de 70, com a refilmagem de King Kong. Cada geração tem o seu filme de monstro favorito, aquele que ajudaria a despertar o seu fascínio pela Sétima Arte, e esta produção de John Guillermin está marcada como o meu primeiro contato com o fantástico, aventuras com dinossauros, criaturas em stop-motion e efeitos de maquiagem e bonecos animatronics. Não tive a oportunidade de conferi-lo em toda a sua magnitude no cinema, mas não perdia as inúmeras exibições do filme na TV aberta, nas dublagens Herbert Richers, da Globo e do SBT, e até da Cinevídeo pela Record. E curiosamente não cheguei a conferi-lo em VHS ou DVD até recentemente, no interesse de produção desta análise, tendo a oportunidade de assisti-lo numa versão sem cortes e legendada. É ainda mais gratificante.
O produtor Dino De Laurentiis assume para si a responsabilidade pela intenção de refazer King Kong. Afirmou que sua filha tinha um pôster do clássico de 1933 em seu quarto, e era sua primeira escolha sobre fazer alguma produção com monstro gigante. Entre os anos 50 e principalmente a década de 70, muitos filmes foram realizados com animais gigantescos, e ainda havia o sucesso de Godzilla e seus combates com monstros diversos, incluindo o próprio King Kong, em 1962. O executivo da ABC, Michael Eisner, apresentou a ideia para o presidente e CEO da Paramount Pictures, Barry Diller, com a proposta de o estúdio pagar metade do orçamento imaginado.
King Kong foi filmado entre janeiro e agosto de 1976, planejando um lançamento no natal de 1976. Apesar dos problemas enfrentados com a Universal Pictures, que processou De Laurentiis e a RKO-General pelo fato dos produtores terem feito um contrato anterior com eles antes de fechar com a Paramount, o longa chegou aos cinemas em 17 de dezembro, com a perspectiva de que pudesse superar o sucesso de Tubarão, lançado no ano anterior. Não conseguiu, embora o box office tenha sido satisfatório, assim como as críticas, que, obviamente, fizeram comparação com o filme de 1933. Foi considerado bobo e romântico, diferente do original, visto como violento e um exemplar do cinema fantástico de horror – mais detalhes abaixo. E apesar do filme ser a estreia de Jessica Lange no cinema, e ela ter conquistado um Globo de Ouro pela atuação, a atriz foi bastante criticada pela performance rasa, algo que a afastou de gravações por três anos.
Ambientado nos anos 70, o filme começa em Surabaya, Indonésia, em um porto, onde a embarcação Petrox Oil Company se prepara para uma expedição até uma ilha escondida no Oceano Índico, cercada por uma intensa neblina. O organizador Fred Wilson (Charles Grodin) acredita que o local seja uma grandiosa fonte de petróleo, e inicialmente não percebe que o paleontólogo de primatas, Jack Prescott (Jeff Bridges), entrou clandestinamente no barco, com suas próprias intenções. Assim, diferente do filme de 33 e até da refilmagem de 2005, não se trata de uma equipe de filmagens interessadas em descobrir os mistérios que escondem atrás das muralhas da Ilha da Caveira.
Quando descoberto, Prescott afirma que há relatos de outros exploradores sobre uma “besta imensa” na ilha, com um rugido assustador. Imaginando se tratar de um espião de alguma companhia rival, Wilson mantém o estranho preso em um quarto no navio, enquanto tenta descobrir sua verdadeira identidade. Surge então no mar um bote salva-vidas perdido, tendo a bordo a jovem Dwan (Lange), inconsciente, necessitando do apoio de Prescott para ajudar a tentar entender sua origem. Dwan diz ser uma aspirante a atriz e que vinha numa viagem em um iate com o diretor do filme, no momento em que o barco sofreu uma explosão. Sem alternativas, a garota é mantida na expedição, e Prescott é contratado como fotógrafo oficial.
Conquistando os tripulantes com simpatia e sedução, nasce um interesse entre ela e Prescott, a tal história de amor bastante comentada em críticas diversas. No longa de 33, a expressiva Fay Wray é convidada a participar do filme de Carl Denham (Robert Armstrong), quando é confundida com uma ladra de maçãs, e se encanta pelo imediato Jack Driscoll (Bruce Cabot) – numa relação também construída pelo jeito agradável da tripulante, somada ao espírito de aventura. O barco chega à tal ilha, também de bote após o barco ancorar nas proximidades, logo além de uma densa neblina, parecendo ser bem maior do que a do original. Além do fotógrafo e da insistente Dwan em estar numa praia, também participam da exploração vários tripulantes, incluindo o Capitão Ross (John Randolph).
Também encontram os nativos no momento do ritual de casamento com Kong. Embora as danças e batidas de tambor sejam vistas em ambos os filmes, a de 33 é mais interessante, até mesmo nas vestimentas e através de seu líder. Depois de serem flagrados no local, o líder se interessa pela garota “dourada“, sem que a comunicação seja tão facilitada como na primeira versão, e também sugere a troca de Dwan por seis outras noivas. Há vestígios de petróleo no local, mas sem a qualidade poderia servir para utilização, o que frustra Wilson até saber o que se esconde atrás das grandes muralhas.
Os nativos sequestram Dwan na mesma noite, e ela, chapada pelo que bebeu no ritual, é oferecida ao deus Kong, que só aparece aos 50 minutos de filme. Ele a leva para o interior da ilha, no momento em que Prescott e um grupo de tripulantes afugentam os nativos e partem em uma missão de resgate. Não há dinossauros na ilha, como no original, faltando realmente combates de Kong com um tiranossauro e o pterodáctilo gigante – somente há a cobra descomunal. O filme de Peter Jackson resgatou esse “parque dos dinossauros” recriando até o confronto com outros monstros; enquanto Kong: A Ilha da Caveira soube explorar criaturas diferentes para mostrar o quanto fascinante é o território do gorila gigante, justificando inclusive o porquê dele ser um deus ou rei local.
A cena da travessia pelo tronco é bem parecida, com a diferença na ousadia do filme de 33 em mostrar os homens caindo até seu contato com o solo – bonecos, claro, mas não deixa de evidenciar um tom mais agressivo. E o clássico ainda ganha pontos pela violência, praticamente inexistente em King Kong de 76: o gorila esmaga nativos e é visto devorando pessoas, rasgando-as em pedaços: imagina a reação da plateia quando viu o filme nos anos 30! Kong conduz Dwan ao seu território, onde se destacam duas torres, fazendo alusão ao que ele verá depois em Nova York nas recém-inauguradas Torres Gêmeas do World Trade Center. O monstro cai numa armadilha, desenvolvida por Wilson, e o resto qualquer fã de cinema conhece muito bem.
Diferente do longa original, há uma curiosa cena que acontece no barco, no momento do retorno, quando Dwan é derrubada pelo Kong, caindo em seus domínios, mas permitindo que ela possa ir embora. A afeição de Kong pela garota é retribuída pelo tom romântico do filme: se Ann Darrow (Wray) em 33 não se importava com o macaco, só queria sair viva dali, tanto que até aceita fazer fotografias com o anúncio do casamento com Jack promovendo sua carreira, no de 76 existe uma preocupação com o animal até mesmo no momento em que ele a abandona no alto do prédio para enfrentar os aviões. Com ela nas mãos, ele não sofreria ataques aéreos.
O roteiro de Lorenzo Semple Jr. é muito bom, assim como a direção de Guillermin. Contudo, o que chama a atenção em filme com um gorila gigante são, sem dúvida, os efeitos especiais. E eles são interessantes, misturando pessoa fantasiada (William Shephard), sobreposição de imagens, maquetes e um braço gigantesco para cenas em destaque. Kong está bem maior neste filme do que aquele visto em 33 – embora inferior ao macaco da franquia da Legendary. Há sequências mágicas que exploram o olhar curioso e apaixonado de Kong, distante do que fora visto no original, mais animalesco e agressivo.
Rever King Kong com um olhar adulto e técnico é também uma experiência fantástica. Ainda que permita que você note algumas falhas nos efeitos especiais e na atuação risível de Lange, o longa mantém o mesmo encanto de outrora, quando o cinema fantástico apresentou para mim o universo das criaturas gigantes. Foi paixão à primeira vista, tanto que você encontra críticas minhas no Boca do Inferno sobre vários filmes da franquia Godzilla, além de outras envolvendo dinossauros e animais que sofreram mutações. E tudo está relacionado à minha tenra idade, entre inúmeras exibições de King Kong na televisão aberta, acompanhada de algum pacote de biscoito.
A atriz da protagonista do filme (Jessica Lange) é muito da ruinzinha kkkkk, a personagem dela também é muito irritante (por incrível que pareça ela dá a volta por cima e vira uma futura ganhadora de OSCARS!), prefiro as versões de 1933 e 2006 da personagem. É interessante notar que cada adaptação de King Kong a relação da loira com o Kong fica mais próxima, é só ver que á um grande contraste na relação dos dois na versão de 33 pra de 2006
Esse filme marcou a infância de quem foi criança nos anos 80 como eu.
A “Sessão da Tarde” exibiu muitas vezes nessa década, e a gente assistia com gosto.
Mas, devo confessar, que na minha modesta opinião, a versão de 2005 é muuuuuuuito superior. Apesar de ser longo, na minha modesta visão está anos luz da versão com Jessica Lange. Mas, é só uma opinião, pois sei que a versão de Peter Jackson também foi bombardeada de críticas. Mas, passados 19 anos depois da versão com Naomi Watts, e assistindo sem o calor da emoção das críticas, como obra de cinema considero quase perfeita, e realmente muito superior a versão de 1976, que eu também assisti recentemente. A diferença é que a versão de Dino De Laurentiis possui a magia da infância de muita gente, interferindo na emoção e na nossa análise. Já o remake de 2005 supera e muito.
Remake mequetrefe. E a morte do macaco é traumática, para quem assistiu essa bomba quando garoto.
Patético.
O pior é que teve uma continuação (?).
Parem o mundo que eu quero descer.