3.5
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O Círculo do Diabo
Original:The Devil's Hand
Ano:1962•País:EUA
Direção:William J. Hole Jr.
Roteiro:Jo Heims
Produção:Alvin K. Bubis, Rex Carlton
Elenco:Ariadna Welter, Bruno VeSota, Coleen Vico, Diana Spears, Dick Lee, Gene Craft, Gertrude Astor, Jeanne Carmen, Jim Knight, Julie Scott, Linda Christian, Neil Hamilton, Robert Alda, Romona Ravez, Roy Wright, Tony Rock

 

Oh Camba, grande deus do mal, senhor dos destinos humanos. Oferecemos essa bela jovem no altar do sacrifício. O senhor, em sua sabedoria, vai julgá-la. Se duvida de sua lealdade, ela deve ser punida. Mas se for digna de servi-lo, seu poder irá poupá-la.

O cinema de horror possui uma grande quantidade de subgêneros bem diferentes entre si, e todos eles, de uma forma ou de outra, acabam satisfazendo as mais diversas e variadas expectativas dos fãs.

E mais especificamente, para aqueles que apreciam filmes antigos, fotografados em preto e branco, produzidos com baixo orçamento, de curta duração (somente 70 minutos), apresentando uma história simples e despretensiosa, sem cenas de ação, sustos, barulheiras, correrias desenfreadas nem efeitos especiais, e apenas investindo num horror sutil, discreto e sugerido (com ausência de sangue ou violência), vale citar O Círculo do Diabo (The Devil’s Hand, 1962).

O filme, dirigido por William J. Hole Jr. a partir de um roteiro de Jo Heims, foi lançado em DVD no Brasil em 2005 pelo selo “Dark Side” da “Works Editora”, e também está disponível no “Youtube” no canal “Cult Cinema Classics”, com opção de legendas em português. A história básica aborda as atividades secretas de um grupo de satanistas que veneram um demônio obscuro chamado Camba.

Rick Turner (Robert Alda) está enfrentando uma crise de sono com várias noites seguidas sem dormir por causa de pesadelos que mostram uma bela mulher dançando sugestivamente para ele, preocupando sua noiva Donna Trent (a mexicana Ariadna Welter). Em certo momento, de forma misteriosa, ele descobre uma loja de bonecas de propriedade do Sr. Francis Lamont (Neil Hamilton), o líder de uma seita satânica. Ele é interpretado por Neil Hamilton, mais conhecido como o Comissário Gordon em todos os 120 episódios da série de TV “Batman e Robin”, 1966/68. Na estranha loja, o Sr. Turner encontra uma boneca com o rosto da mulher de seus sonhos perturbadores, além também de ver outra boneca com a fisionomia de sua noiva Donna.

Intrigado pela incrível coincidência, o homem decide investigar o caso e descobre que a mulher que tenta se comunicar com ele nos sonhos através de projeção de pensamentos é Bianca Milan, uma das seguidoras do culto demoníaco. Interpretada pela também mexicana Linda Christian, que curiosamente era irmã na vida real de Ariadna Welter, no único filme em que atuaram juntas.

Os envolvidos na seita possuem bonecas esculpidas conforme suas imagens, aprisionando suas almas através de magia negra. O Sr. Turner inevitavelmente se apaixona pela bela mulher de seus devaneios oníricos, tornando-se mais um membro da sociedade secreta de adoradores do diabo Camba, enquanto em paralelo sua noiva é internada num hospital com fortes dores misteriosas pelo corpo.

Após ver o filme, surge nitidamente uma impressão de se tratar de um episódio mais longo da nostálgica série de TV Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959/64), criada por Rod Serling (1924/75), e que era conhecida por apresentar histórias voltadas para o fantástico. Pois o roteiro de O Círculo do Diabo parece se encaixar perfeitamente num episódio da cultuada série, desde o tema abordado, uma seita de seguidores de uma entidade maligna, passando pela produção modesta e a ideia totalmente despretensiosa de contar uma história simples com elementos sugestivos de horror. E por apresentar essas características, o filme deverá não agradar aqueles que esperam justamente o contrário, sangue em profusão, violência exagerada, suspense perturbador, sustos, ação, reviravoltas ou surpresas.

Como pontos positivos e de destaques, podemos citar o argumento da seita satânica e seus rituais macabros de sacrifício humano, um tema explorado no início dos anos 60, num momento que ainda não estava saturado, fato que inevitavelmente aconteceu nas décadas seguintes. Tem também a presença da bela atriz Linda Christian como uma bruxa moderna, além da tentativa de mostrar um desfecho fora do convencional, pendendo para um pessimismo sutil na eterna disputa do Bem contra o Mal.

Já ao contrário, são bem evidentes vários furos no roteiro em situações forçadas, principalmente o fato de Rick Turner se converter tão rápido e facilmente como um adepto da seita demoníaca, se bem que a beleza escultural de Bianca poderia explicar o feitiço exercido sobre ele. Mas, ainda assim, pareceu inverossímil sua aproximação dos satanistas, sem grandes questionamentos ou resistência. A seita, por sua vez, também tinha liberdade em excesso para agir e realizar seus rituais, apesar da tentativa fracassada de denúncia através de um jornalista infiltrado entre eles.

Se fizermos uma análise crítica mais rigorosa, certamente encontraríamos várias falhas e situações mal explicadas que poderiam diminuir a diversão, por isso o melhor a fazer é assistir de forma tranqüila e sem compromisso, como um episódio da saudosa “Além da Imaginação”, pois é mais um filme “B” recomendado sem exigência para os colecionadores e fãs de produções menores de horror sugerido.

Entre as curiosidades, os realizadores de O Círculo do Diabo tiveram problemas financeiros ao longo da produção e alguns atores enfrentaram dificuldades para serem pagos. O filme recebeu outros nomes alternativos como “Devil’s Doll”, “Live to Love”, “The Naked Goddess” e o manjado e repetitivo “Witchcraft”.

N.A. Escrito originalmente em 05/2006 e revisado em 03/2024

N.E. Anteriormente publicado no Boca do Inferno em 26 de maio de 2011.

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