Em Nome da Imagem (2022)

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Em Nome da Imagem
Original:Em Nome da Imagem
Ano:2022•País:Brasil
Autor:Philipi Schneider•Editora: Editora 93

Até onde você iria em nome da arte? Algumas pessoas usam o próprio corpo como uma forma de manifestação de arte, levando-os, muitas vezes, além do limite. Outras procuram chocar com seus desenhos ou fotografias transgressoras, onde criticam algum sistema social e promovem alguma reflexão. Pode parecer absurdo ou desnecessário para algumas pessoas, mas aqueles artistas vão a extremos em prol do que acreditam. Mas até onde vai o limite do aceitável? Macularem seus próprios corpos é uma escolha deles, a visão deles traduzida em arte na própria pele, mas e quando isso envolve outras pessoas ou animais que não tem consciência do que está acontecendo? Em Nome da Imagem nos mostra um pouco do lado obscuro da arte.

Edgar Meirelles é um fotógrafo reconhecido que possui a própria empresa, com seu trabalho estampando diversas campanhas e capas de revistas influentes no mundo da moda. Suas modelos aceitam qualquer exigência sua por uma chance de ter seus 15 minutos de fama na mídia. Apesar de ter quem quiser e de sua reputação, Edgar está cansado desses trabalhos comerciais, ansiando pela emoção de fazer coisas diferentes, de fazer arte de verdade, igual quando começou na profissão. Negligenciando suas obrigações primárias, resolve investir tudo que tem para produzir um documentário sobre o polêmico fotógrafo americano Amos Susskind, com quem trabalhou na juventude. Durante a entrevista, Amos faz revelações perturbadoras.

Em Nome da Imagem é o primeiro título do autor Philipi Schneider, e possui  um bom ritmo narrativo e uma história criativa que prende o leitor, que fica ávido para saber mais desde a primeira página. Por ser curto, pode ser lido em apenas um dia, porém, na metade do livro há algumas cenas mais tensas para se digerir.  Os personagens possuem muitas camadas, com um protagonista um tanto detestável e mesquinho, mas que nos deixa curiosos para saber quais serão seus próximos passos.

Como citado no começo do texto, o livro trata sobre a ambição das pessoas e até onde elas vão e fazem em nome de reconhecimento, em busca de uma obra-prima que os complete e preencha sua eterna insatisfação, sem se importarem com as consequências. A única coisa que importa é o resultado final, é a obra excepcional que produzirão, mesmo que seja algo completamente grotesco e cruel. Na visão deles, é belo e um feito digno de um gênio. Qualquer pessoa que discorde simplesmente não entende de arte e sacrifícios em nome dessa paixão.

Conforme avançamos, a história vai ficando mais tensa, entretanto, o enredo vai se perdendo ao passo que o final se aproxima. O ápice tão esperado chega com ressalvas. Alguns momentos, como tortura animal e estupro, passam a impressão de estarem ali única e exclusivamente para chocar, nada mais, de tão deslocados e desnecessários que são. Essa parte em específico é quase como se fosse A Serbian Film na versão literária, com cenas chocantes que existem apenas pela polêmica, tendo como único objetivo chocar de forma gratuita, o que é uma pena e chega até mesmo a estragar a experiência de uma leitura tão original de um livro com uma escrita tão boa. O trecho continuaria sendo perfeitamente tenso, cruel e alarmante sem tais elementos dispensáveis. O desfecho também perde um pouco de sua força inicial, apesar de continuar a promover uma interessante reflexão sobre até onde as pessoas vão por reconhecimento.

Em Nome da Imagem poderia ser um excelente livro de suspense com elementos de terror, mas acaba focando demais em simplesmente chocar que acaba perdendo muito da atmosfera densa e de expectativa construída inicialmente.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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