3.7
(6)

Isca
Original:Something in the Water
Ano:2024•País:EUA, França, UK
Direção:Hayley Easton Street
Roteiro:Cat Clarke
Produção:Julie Baines
Elenco:Natalie Mitson, Hiftu Quasem, Tashani Bent, India Jean-Jacques, Chloe Marshall, Laura Costa, Nicole Rieko Setsuko, Lauren Lyle, Ellouise Shakespeare-Hart

“Que tipo de tubarão é esse? É do tipo que morde?”
“Não sei, não sou especialista.”

Não é preciso ser adivinho para saber o que seria o “algo na água” – numa tradução do título original – com base em um em cada cinco novos filmes de terror. Trata-se de mais um filme de tubarão para ocupar a prateleira de produções que seguem à risca o mesmo estilo, sem apresentar surpresa alguma. Sorte dos animais por facilitar o acesso a carnes variadas, sem precisar se aproximar da costa. No Manual de Filmes de Tubarão, deve constar como regra de argumento: utilizar jovens bonitos em alguma aventura no mar, com problemas na embarcação, ficando à mercê de uma ou mais criaturas enquanto buscam maneiras de sobreviver e são eliminados de acordo com a sua importância. Parece que os animais sabem identificar os protagonistas e os candidatos a vítima.

Hayley Easton Street – não é endereço, apenas o nome do diretor – tinha em seu currículo quinze produções em que trabalhou com efeitos visuais até 2017, e nenhuma experiência realmente no comando de longas. Não precisava para o que se propõe, de acordo com o Manual, mas, pelos trabalhos anteriores, era de se esperar pelo menos um vislumbre técnico de alguém que esteve envolvido em Alien Vs Predador, Doom – A Porta do Inferno e até As Crônicas de Nárnia. Contudo, curiosamente o tubarão quase não aparece no filme, sendo um mero coadjuvante de um Big Brother em que o espectador é convidado a acompanhar apenas o leve desespero de um grupo de garotas azaradas.

As tais garotas são Meg (Hiftu Quasem), Kayla (Natalie Mitson), Lizzie (Lauren Lyle), Cam (Nicole Rieko Setsuko) e Ruth (Ellouise Shakespeare-Hart). As duas primeiras viviam um relacionamento até serem abordadas de maneira violenta em Paris por um grupo de moças homofóbicas, resultando em feridas graves e o afastamento de Meg. Um ano depois, as duas acabam se encontrando sem muita disposição para o casamento de Lizzie com Dominic (Gabriel Prevost-Takahashi), irmão de Cam. Na noite que antecede a celebração, as garotas aceitam um convite de Cam de realizarem uma viagem de barco até uma ilha isolada, em um plano para acabar com as desavenças entre Meg e Kayla, inclusive, deixando-as sozinhas para um entendimento.

Quando o grupo se reúne novamente, com as duas garotas fingindo que reataram, um tubarão morde a perna de Ruth na praia. Elas resolvem voltar de barco para levá-la ao hospital, com o comando da embarcação a cargo da inexperiente Lizzie. Ele se choca com algumas pedras, e afunda, ficando todas elas à deriva, com apenas um colete salva-vidas, e distante da costa. Começa então o pesadelo das cinco amigas, tendo uma ferida e Lizzie, que não sabe nadar. É claro que um tubarão – o mesmo talvez – vai rondar as proximidades para algumas refeições casuais, iniciando por Ruth.

Como se nota, Something in the Water emula o excelente Mar Aberto, mas sem a mesma tensão e grau de realismo apresentados no longa de Chris Kentis. É claro que a proposta, colocando-se no lugar das garotas, é altamente assustadora, desde que o roteiro saiba explorar os desafios da situação apresentada. Não é o que acontece: parece fácil e aceitável para elas estarem soltas no mar, sem a menor perspectiva de serem salvas. E quando uma delas decide nadar até a costa para buscar ajuda, é curioso pensar que ela não tem dificuldades para identificar a direção para a qual deve seguir.

E o enredo segue dessa forma: acusações entre elas, conversas que não levam a lugar algum, até que uma ou outra é puxada para baixo. O tubarão pouco aparece em cena, e quando aparece é só para deixar a barbatana à mostra para criar alguma sequência de suspense, com movimentos ágeis embaixo d’água com apoio digital, faltando doses de desespero. Assim, até se justifica o título original: se o tubarão não aparece, poderia deixar alguma dúvida sobre a verdadeira ameaça, ainda que a capa evidencie o antagonista. Aliás, alguém sabe a razão do título nacional escolhido?

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