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Classroom 6 - A Sala do Mal
Original:Classroom 6
Ano:2015•País:EUA, Alemanha, Brasil
Direção:Jonas Odenheimer
Roteiro:Jonas Odenheimer
Produção:Michael Sagat
Elenco:Valentina Kolaric, Mike McLaughlin, Maurice Mejia, Vince Major, Victor Manso, Jessica Amal Rice, Paul Thomas Arnold, Craig Cranic

Salas de aulas podem ser espaços extremamente assustadores. E não falo daquela professora que joga o apagador na cabeça de alunos falantes, das avaliações-surpresa e seminários, ou do bullying que ocasiona incidentes terríveis. No caso, é o ambiente mesmo, em períodos de férias escolares ou à noite, quando não há mais ninguém no prédio. Como professor, já até me inspirei no caso de um aluno fantasma que rondava a escola em que eu lecionava para escrever o conto “Evasão“: em dada noite, de calor intenso, eu me via isolado em um sala iluminada apenas pela tela do notebook, quando o caseiro erroneamente desligou a energia. Por todo material que a temática oferece, é estranho quando se pensa que poucas produções “found footage” tenham ambientado suas filmagens em escolas e universidades, como o péssimo A Forca (The Gallows, 2015) e este Classroom 6, dirigido pelo brasileiro recifense Jonas Odenheimer.

Rodado em 2012, em apenas 48 horas, com o custo de US$5 mil dólares, o longa foi finalizado somente em 2014, depois de muito tempo de pós-produção. A grande maioria das críticas foi negativa, ainda pelo fato justificável de que o filme já mostra seu final no prólogo. Além de já deixar evidentes aqueles dizeres sobre “material encontrado“, “nunca mais foram vistos“, como muitas das fórmulas do estilo desde A Bruxa de Blair, o roteiro de Odenheimer ainda mostra uma personagem na tradicional despedida para a câmera: “derrubem este prédio. Não venham aqui“.

Começa realmente com a informação que, em 22 de março de 2012, o professor Harrold Thomas, conhecedor de ocultismo e “capaz de abrir portais“, e sua aluna Deana Banks desapareceram na faculdade Santa Maria, em Bakersfield, CA. Em dezembro do mesmo ano, a repórter Annah “Annie” Monroe (Valentina Kolaric), atuante no Canal 7 em Los Angeles, foi ao local passar uma noite com uma equipe de reportagem e um psíquico… e – pasmem! – também desapareceu. Assim, com cenas que intercalam desespero e câmeras tremidas, o filme começa com uma entrevista com o produtor Stephen Ellis (Craig Cranic), que trabalhava com Annie e falou sobre a dedicação da moça na realização de boas matérias e o interesse em produzir um documentário na faculdade.

Ela entrevistou o parapsicólogo e ex-padre Antonio Ruggero (Wesley Rice), o casal de médiuns Robert (Jean-Louis Darville) e Isabelle Daniaud (Caroline Guivarch), alguns alunos que conheciam os desaparecidos, além do reitor Michael Keaton (Paul Thomas Arnold) – que não atuou como Beetlejuice e nem Batman. Algumas suposições sobre um relacionamento entre o professor e Deana ou até um assassinato e fuga atiçam a curiosidade de Annie para a composição de uma equipe de documentaristas: o câmera Kurt (Vince Major), o técnico de áudio Dan (Maurice Mejia), os assistentes de produção Amanda (Jessica Amal Rice) e Gaston (Victor Manso) e o psíquico Jack Dogget (Mike McLaughlin).

Trancafiados no local pelo zelador, Sr. Torres (David Holguin), eles utilizam a tal Sala 6, mantida fechada desde os desaparecimentos, como sede. Fazem algumas gravações iniciais pelos corredores e salas, com Jack utilizando uma bússola para captação de energias e bolas de tênis para provocar entidades que habitam a faculdade. Poucas coisas acontecem até às 3h da manhã, quando percebem que estão presos na faculdade e existe algo hostil por lá. Sombras, carteiras que se mexem, bolinhas atiradas, relógios e celulares que param de funcionar e sons dão o tom do pavor inicial.

Odenheimer mostra que também assistiu [REC] ao explorar erros de gravação da repórter e a câmera insana de Kurt. Aliás, o rapaz demonstra não ter a menor capacidade para atuar como documentarista, não sabendo enquadrar os entrevistados, fazendo uso de tomadas fechadas e com a câmera se agitando em sequências em que deveria se concentrar no registro. E o próprio material da aluna se mostra bastante frágil a partir do momento em que estão fechados na escola: à exceção da entrevista com o psíquico, a exploração não traz conteúdo, não há nada sobre a identidade da aluna desaparecida, o espaço de atuação do professor. Quem fosse assistir à produção não iria saber mais do que os jornais foram capazes de noticiar.

Disponível no Prime, Classroom 6 – A Sala do Mal é mais um dos exemplares ruins de found footage da febre do período. Só para constar, entre 2013 e 2015, foram realizados mais de cinquenta filmes do estilo, mas poucos se destacam por apresentar algo diferente. E o longa de Odenheimer, pela trivialidade e por apresentar pouco conteúdo, ainda peca por algumas atuações questionáveis e uma assombração que passaria longe da prova-relâmpago das mais assustadoras.

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