Conferência Mortal
Original:Konferensen
Ano:2023•País:Suécia Direção:Patrik Eklund Roteiro:Patrik Eklund, Thomas Moldestad, Mats Strandberg Produção:Ina Sohlberg Elenco:Katia Winter, Adam Lundgren, Eva Melander, Bahar Pars, Amed Bozan, Maria Sid, Christoffer Nordenrot, Claes Hartelius, Cecilia Nilsson, Jimmy Lindström |
Subdivisão dos exploitations, os “worksploitations” adquiriram uma maior notoriedade depois dos anos 2000. Já existiam antes produções que exploravam ambientes de trabalho, suas rotinas de disputa de poder, inveja, autoritarismo e regimentos obscuros. Dentro dessa categoria, até produções como Sexta-Feira 13, com os monitores de acampamento, podem facilmente se enquadrar nesse pesadelo corporativo. Com a virada do milênio, elas deixaram ainda mais evidências de sua crítica/sátira ao sistema, com metáforas envolvendo monstros, mortos-vivos e vampiros e associações a chefes abusivos e colegas de trabalho invejosos, além de doenças desenvolvidas na própria ambientação, como burnout, depressão e ansiedade. Recentemente, pode-se mencionar o divertido Benny Loves You, com um boneco vivo infernizando o marketing de uma empresa em um massacre bem-humorado, e também os sangrentos Ataque dos Zumbis (Office Uprising, 2018) e Dia De Trabalho Mortal (The Belko Experiment, 2016).
Conferência Mortal (Konferensen, 2023) é uma contribuição sueca ao estilo em um slasher de acampamento bem feitinho, ainda que não apresente grandes surpresas. Adaptação do romance “Konferensen“, de Mats Strandberg, o longa traz um grupo de funcionários municipais se reunindo para um evento corporativo de socialização às vésperas do início da construção de um shopping no local. A grandiosa rede de lojas afetará a natureza e a comunidade da região, em um projeto não muito bem aceito até mesmo pela funcionária Lina (Katia Winter), que retornou recentemente de uma licença médica e teria votado contra o empreendimento. Mas há outros ali que demonstram descontentamento mas acabam seguindo as ordens da chefe Ingela (Maria Sid), como Nadja (Bahar Pars) e Amir (Amed Bozan), enquanto outros pouco se importam: o idoso saudosista Torbjörn (Claes Hartelius) com suas comparações – “na minha época, era melhor” -, e o festeiro Kaj (Christoffer Nordenrot). E, como toda empresa, há o puxa-saco, no caso, o intragável Jonas (Adam Lundgren), principal oponente de Lina.
Assim que o ônibus do grupo chega ao retiro, são avisados sobre exercícios que envolvem disciplina, esforço físico, trabalho em grupo e concentração. Participam de atividades de reflexão (o que você seria capaz de priorizar numa situação extrema?) e montagem de uma jangada, sem imaginar que nos bastidores há um assassino frio, uma pessoa disposta a eliminar todos ali com as mais diversas ferramentas. Começa matando a equipe que cuida do resort, como o cozinheiro, prejudicando a alimentação de todos, e depois parte para os funcionários, fazendo uso de uma máscara que simboliza o mascote do novo shopping.
E é exatamente na luta pela sobrevivência que os funcionários começam a entender o que é trabalho em grupo. Bem preparado para o combate, o vilão deixa armadilhas espalhadas pela mata e esconde seus corpos no fundo da lagoa ou em um freezer, utilizando como arma o que tiver pelo caminho, como um motor de barco, motosserra, pedras, facas e cordas, ao passo que os sobreviventes tentam enfrentá-lo também do jeito que podem – nem que seja cortando o próprio cabelo em vez de ferir o assassino com a tesoura -, sabendo o momento de se esconder ou tentar uma reação. Engana-se quem pensa que Lina, por se destacar no grupo como uma oposição ao projeto, será a “final girl” desse acampamento maldito! A atriz Katia Winter é bem expressiva e é a mais conhecida do elenco, tendo feito séries como The Boys e Estonia e o terror You’re Not Alone (2020), mas, no roteiro de Thomas Moldestad e do diretor Patrik Eklund, ela está mais preocupada em destruir a empresa do que vencer um psicopata.
Sarcástico pela proposta e sangrento como um bom slasher, Conferência Mortal se enquadra no lugar-comum do gênero, sem surpreender, mas prestando um bom serviço ao estilo. Seus personagens são estereótipos de uma empresa qualquer, o que mostra por que alguns são mais unidos e outros aproveitam velhas rusgas para deixar o colega para trás. É feito um bom trabalho de direção e trilha sonora, contribuindo para tornar a experiência mais divertida que uma segunda-feira na firma.
Uma bomba. Filme indefensável