Pinguim
Original:The Penguin
Ano:2024•País:EUA Direção:Craig Zobel, Kevin Bray, Helen Shaver, Jennifer Getzinger Roteiro:Bill Finger, Bob Kane, Lauren LeFranc, Vladimir Cvetko, Breannah Gibson, Erika L. Johnson, John McCutcheon, Shaye Ogbonna, Nick Towne, Noelle Valdivia Produção:Claudine Farrell, Corina Maritescu, Dana Robin, Nick Towne Elenco:Colin Farrell, Cristin Milioti, Rhenzy Feliz, Deirdre O'Connell, Carmen Ejogo, Theo Rossi, Clancy Brown, Daniel J. Watts, David H. Holmes, Michael Kelly, Shohreh Aghdashloo |
Logo após os eventos de Batman (2022), em que uma catástrofe se abateu sobre Gotham City e um vácuo foi criado no comando mafioso da cidade com a morte de Carmine Falcone, o clima é de desesperança, mas também de oportunidade, principalmente na visão do bandido pé de chinelo Oz Coob (Colin Farrell) que, apesar de trabalhar para a mais famosa família mafiosa da cidade, quer mais e mais poder. Por sua vez, a família Falcone tenta estabelecer uma rápida sucessão com Alberto Falcone (Michael Zegen), filho de Carmine, ao mesmo tempo em que sua irmã Sofia Falcone (Cristin Milioti) deixa Arkham depois de anos de prisão em que foi condenada por matar várias mulheres enforcadas. O braço direito de Carmine (Michael Kelly) tenta manter certa ordem enquanto Salvatore Maroni (Clancy Brown), inimigo mortal da família Falcone, busca vingança e faz alianças para voltar ao poder. No meio de tudo isso, o jovem órfão Victor (Rhenzy Feliz) se vê unido a Coob, no papel de seu pupilo, e à Francis (Deirdre O`Connell), mãe de Coob, que está em processo de demência, num vértice familiar claramente disfuncional.
Apesar da série se chamar Pinguim e contar, por assim dizer, a origem do personagem, ela poderia ter qualquer outro nome, se passar em qualquer outra cidade e ter personagens não atrelados ao universo da DC. Na minha visão, essa é a chave que torna Pinguim especial… se mudarmos o nome do personagem de Oz Coob por um nome qualquer e não fizermos qualquer alusão ao Pinguim, a série seria tão boa quanto! O que quero dizer é o seguinte: o roteiro e a realização são tão formidáveis que a série se sustentaria sendo apenas um thriller de máfia, sem qualquer vinculação com um dos vilões mais famosos dos quadrinhos e cinema.
Dito isso, esse é um acerto da Max/Warner, que traz novamente (como o filme) um personagem com os dois pés na realidade, que anda como um pinguim por conta de uma deformidade na perna, cuja aparência grotesca causa repulsa nas pessoas, que é ridicularizado por seus pares criminosos mas que tem uma inteligência acima da média e uma sede de poder imensa, capaz de atos hediondos, sem qualquer escrúpulo, consciência ou moral. Adoro o personagem de Danny DeVito em Batman: O Retorno (1992), mas ele funciona apenas no universo onírico do filme de Tim Burton. Ouso dizer que o Pinguim aqui representado por um impecável Colin Farrell sob quilos de maquiagem rivaliza com o Coringa criado pelo Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008). É uma ótima referência e comparação para o que esperar…
Por falar em Colin Farrell, apesar da maquiagem que transforma o ator em outra pessoa, ele é a alma do personagem. O jeito envolvente de falar, a dissimulação calculada em ser capacho quando necessário, os momentos de ternura com a mãe, a fúria e revolta contra seus opositores e a ambição desmedida estão personificados no personagem graças ao talento do ator, um dos mais completos que Hollywood apresentou nos últimos anos.
Na cola dele está Cristin Milioti, que faz de sua Sofia Falcone um vulcão de rebeldia e punição. A atriz está um deleite e sua personagem é tão boa quanto o protagonista. Na realidade, ela é tão protagonista quanto o próprio Pinguim e sem ela a série perderia boa parte de sua força.
Quem produz essa pérola televisiva é o próprio Colin Farrell, Matt Reeves (diretor do longa de 2022) e Craig Zobel, produtor e diretor de outra série que é um primor e merece ser vista por quem gosta de um bom mistério policial, Mare of Easttown (2021) com Kate Winslet, também disponível na Max.
Pinguim é arrebatadora, tem episódios que deixam um nó na garganta, traz luz sobre um dos personagens mais icônicos do universo Batman, acrescenta uma Sofia Falcone que aflora sentimentos dúbios e tem um desfecho triste e pesado, surpreendente até, que expõe ainda mais a dor e vilania dos personagens.