Jurado Nº 2
Original:Juror #2
Ano:2024•País:EUA Direção:Clint Eastwood Roteiro:Jonathan A. Abrams Produção:Clint Eastwood, Adam Goodman, Jessica Meier, Tim Moore, Matt Skiena Elenco:Nicholas Hoult, Zoey Deutch, Megan Mieduch, Toni Collette, Melanie Harrison, Adrienne C. Moore, Drew Scheid, Leslie Bibb, Hedy Nasser, Phil Biedron, Cedric Yarbrough, Bria Brimmer, J.K. Simmons, Chris Messina, Amy Aquino |
Último filme dirigido por Clint Eastwood (vamos torcer para que venham outros, mas a idade avançada do nonagenário astro talvez o impeça) e que numa decisão puramente financeira da Warner foi lançado diretamente no streaming Max, sem passar pelos cinemas.
Tenho ouvido críticas duras mas também boas ao longa, comparando-o inclusive ao clássico Os Imperdoáveis (1992). Na minha singela opinião, Jurado n°2 não chega a arranhar o verniz desse último, mas está muito longe dos recentes filmes do diretor, que foram bem fracos, como Cry Macho (2021) ou A Mula (2018).
Eu gostei bastante desse thriller de tribunal onde o pacato jornalista Justin Kemp (Nicholas Hoult), casado e com um filho prestes a nascer, é convocado a fazer parte do júri de um julgamento de assassinato e, diante do caso, se vê num dilema moral pois tem informações que pode influenciar o veredito.
Se o leitor não assistiu o trailer, não o faça, já que esse “dilema” é abordado na peça publicitária e curtirá melhor o filme sem o saber. Se já assistiu, não se preocupe, pois essa informação é compartilhada na primeira meia hora de filme e os desdobramentos morais e éticos subsequentes ainda garantem o interesse.
Além da direção econômica e segura do mestre Clint, os atores estão excelentes, como a promotora interpretada pela sempre eficiente Toni Collete e outro jurado vivido pelo oscarizado J.K. Simmons. Contudo, Nicholas Hoult é quem domina o longa, confirmando ser um dos atores mais talentosos da atualidade, à exemplo do seu trabalho em Mad Max: Estrada da Fúria (2015) e O Menu (2022). Compramos a premissa em grande parte por conta da atuação do elenco e da sinceridade com que ela é apresentada pelo diretor.
Vejo alguns problemas com o roteiro, que simplesmente descarta personagens (o interpretado por J.K. Simmons é abandonado no meio do filme), algumas situações clímax não são mostradas (como a discussão final dos jurados) e um incômodo causado pela falta de profundidade da investigação que, em determinado momento, é feita pela promotora. Contudo, em que pese esses pecados, o longa é bem estruturado, mantem o suspense do enredo, tem uma discussão ética interessante e um final corajoso, anti-hollywoodiano, que faz pensar e que poderá gerar muitas discussões.
Aliás, esse é o tipo de filme que agrada o público em geral que gosta de um thriller dramático de tribunal, mas especialmente os operadores do direito, em razão do paradoxo ético apresentado no cenário jurídico.
Por fim, quem não conhece a filmografia de Clint Eastwood como diretor está deixando de apreciar clássicos modernos do cinema americano já cultuados por uma horda de cinéfilos. Além do já citado Os Imperdoáveis (1992), sua obra máxima e testamento cinematográfico, amálgama de sua persona no western, a sua filmografia como diretor conta com excelentes filmes como Gran Torino (2008), Menina de Ouro (2004), Sobre Meninos e Lobos (2003), Um Mundo Perfeito (1993) e O Cavaleiro Solitário (1985).
Apesar de não se comparar aos filmes citados, Jurado n°2 é digno, entretêm e faz pensar, o que já é o bastante no fraco cenário de estreias deste final de ano.