![]() Caçador de Tormentas
Original:Supercell
Ano:2022•País:EUA Direção:Herbert James Winterstern Roteiro:Herbert James Winterstern, Anna Elizabeth James Produção:Nathan Klingher, Ryan Donnell Smith, yan Winterstern Elenco:Skeet Ulrich, Anne Heche, Daniel Diemer, Jordan Kristine Seamón, Alec Baldwin, Anjul Nigam, Michael Klingher, Jane Lind, Richard Gunn, Jack Eyman |
Um dos últimos filmes de Anne Heche (1969-2022) é provavelmente o último filme que você teria interesse em ver. A atriz, de Donnie Brasco (1997), Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), Seis Dias, Sete Noites (1998), Psicose (1998) e Do Céu ao Inferno (2023), entre tantos outros, faleceu precocemente em um acidente de carro bizarro, quando sua carreira já partia para uma iminente derrocada. Ela se une a Alec Baldwin e Skeet Ulrich (de Pânico e Jovens Bruxas) para caçar tornados, numa produção em que o evento principal quase não acontece. De acordo com algumas trívias, Herbert James Winterstern, responsável pela direção, tem o costume de registrar o fenômeno e os que aparecem em seu filme são “reais“, portanto vistos a uma imensa distância e com frequência rara.
A ideia principal do roteiro dele e Anna Elizabeth James é resgatar o divertido Twister (1996), mas não passou de uma brisa nas comparações. No enredo, após a morte do lendário caçador de tornados Bill Brody (Richard Gunn), seu filho William (Daniel Diemer) se viu na obrigação de seguir seus passos. Sua mãe, Quinn (Heche), desistiu da vida de aventuras pelo episódio traumático, mas o adolescente explorou o diário do pai para construir um equipamento que identifica tornados por frequência sonora e resolveu fugir de casa para encontrar o tio Roy (Ulrich) em Oklahoma.
Depois da tragédia, Roy mudou a empresa de Brody Labs para Brody Tours e passou a trabalhar para Zane (Baldwin), na realização de passeios próximos a tornados. A chegada do jovem trará conflitos familiares e fará Quinn partir em uma viagem de resgate ao filho, tendo a companhia de uma possível namorada dele, Harper (Jordan Kristine Seamón), que o teria ensinado a dirigir. Até então, mais de quarenta minutos se passaram sem que o infernauta tenha visto o fenômeno em cena, apenas tempestades, o céu bastante escuro e uma ventania que não engana. A fotografia, de Andrew Jeric, tem poucos bons momentos, mas deixa rastros de chroma key e sobreposição de imagens.
Até uma cena que deveria ser um dos momentos mais legais do filme não é bem explorada. Deixado para trás em uma loja de conveniência, William “enfrenta” o tornado preso no interior de uma cabine telefônica. A ação é toda vista por dentro, sem aproximação de destruição, sem qualquer sinal de que um tornado digital tenha passado pelo local. Ele fica famoso, é entrevistado na televisão, e o espectador fica sem saber a razão de tamanha repercussão para alguém que só buscou abrigo no pior lugar possível. Pelo visto, ter seguido os passos do pai não serviu de muita coisa para quem não estudou o fenômeno como ameaça.
Sem tornado para ver, sem bons efeitos especiais, o longa ainda peca pela gravação da voz dos atores em estúdio, não combinando com o que está sendo visto. Basicamente, fizeram o mesmo recurso das dublagens nacionais, com o canal de voz se sobressaindo ao externo, deixando clara evidência de artificialidade. E todo o elenco parece trabalhar em modo de segurança, sem se preocupar em aprofundar seus personagens ou sinais de expressividade. Até mesmo Heche não convence como uma mãe desesperada em reencontrar o filho; e Baldwin também não faz muito esforço para ir além do que já fez anteriormente.
Enfim, Caçador de Tormentas (Supercell, 2023) – tornado e tormenta são fenômenos diferentes, só para constar – é um made for TV pouco interessante até para quem tem curiosidades sobre tornados. Disponível no Prime, talvez sirva para que filmes como Twister, No Olho do Tornado e Twisters sejam mais bem apreciados!