Do Céu ao Inferno (2023)

3.4
(9)

Do Céu ao Inferno
Original:You're Killing Me
Ano:2023•País:EUA
Direção:Beth Hanna, Jerren Lauder
Roteiro:Walker Hare, Brad Martocello
Produção:Seth Ingram, Gerald T. Olson, Joshua Russell
Elenco:McKaley Miller, Keyara Milliner, Jayson Warner Smith, Brice Anthony Heller, Morgana Van Peebles, Wil Deusner, Anne Heche, Dermot Mulroney, Hannah Celeste

Não sei quem ainda tem paciência com personagens estúpidos. Se antes eles habitavam os “slasher teens“, agora parece que se espalharam para enredos e gêneros diversos a tal ponto que você sente apenas vontade que todos ali morram, sem qualquer empatia. No caso de You’re Killing Me, de Beth Hanna e Jerren Lauder, o título faz mais sentido como desabafo do próprio espectador por diversas vezes no decorrer do filme, embora seja a fala constante de um dos envolvidos. Não dá para entender como o roteiro deles alcançou luz verde para a sua realização, nem mesmo algumas boas avaliações vistas na internet. Mesmo que você tenha boa vontade com a proposta, antes dos vinte minutos de projeção você vai estar se perguntando por que decidiu ver isso.

A bolsista Eden (McKaley Miller, de Ma) almeja entrar na faculdade atravessando a fila de espera, e, para isso, precisa de uma carta de recomendação. A opção ideal seria que ela viesse do pai de seu colega de classe, o riquinho intragável Schroder (Brice Anthony Heller), que, naquela mesma noite, vai dar uma festa com a temática Céu e Inferno. Com asinhas de anjo e a companhia da amiga Zara (Keyara Milliner), elas são deixadas nas proximidades do casarão pelo pai de Eden, Joel (Jayson Warner Smith). Uma ideia para conseguir a tal carta seria uma aproximação, e, enquanto Zara afasta Gooch (Wil Deusner), aceitando suas ofertas de bebidas alcóolicas, Eden tenta se amigar do anfitrião, mas as coisas não saem como planejado.

Zara passa mal e é levada até um quarto para se recuperar. Gooch faz fotos dela dormindo e esquece o telefone celular no quarto, indo parar nas mãos de Eden. Ao verificar o material, há gravações que revelam o possível paradeiro de uma garota desaparecida, com o envolvimento de Schroder e Kendra (Morgana Van Peebles). Assim, a descoberta dos registros em vídeo faz com que as garotas percebam que vão precisar lutar, se quiserem sobreviver e levar a informação à polícia. Porém a situação tende a piorar com a chegada dos pais de Schroder, interpretados por Dermot Mulroney (de Pânico 6) e a recém falecida Anne Heche, e todas as provas precisarão ser eliminadas.

O que mata You’re Killing Me, além dos exageros faciais de Brice Anthony Heller que não combinam com a personagem, é a narrativa problemática, envolta em ideias estúpidas. Alguns exemplos:

1. Eden tranca o quarto, enquanto a gangue de Schroder tenta invadi-lo a qualquer custo. Zara acorda ainda meio grogue, mas Eden não explica logo a situação, o que faz com que a jovem permita o acesso de Gooch.
2. Quando Eden ameaça gritar para pedir ajuda, os três vilões descem para acabar com a festa, pedindo que todos vão embora. Em vez da jovem abrir a porta do quarto e sair em busca de um carregador para o celular, ela opta por tentar mesmo assim gritar pela janela, dando tempo para o retorno do trio.

Isso sem contar as chances de descer as escadas e fugir ou o simples diálogo “cordial” entre os pais de Schroder e Joel mesmo depois que este fora golpeado na cabeça pelo filho deles. Não se trata de mal entendido, mas uma situação de agressão, que culminará em uma nova ameaça. Isso sem explicar como duas pessoas conseguiram sair de um carro submerso, sem a capacidade de movimentação.

A capa de You’re Killing Me pode enganar. Ver a protagonista com asas de anjo, segurando uma machadinha com sangue na lâmina, pode passar uma ideia de similaridade com Casamento Sangrento e Delivery Macabro, duas produções splatter bem melhores. Passa bem distante dessas propostas divertidas, sendo apenas um thriller teen com personagens pouco carismáticos e estúpidos.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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