![]() The Creep Tapes
Original:The Creep Tapes
Ano:2024•País:EUA Direção:Patrick Brice Roteiro:Patrick Brice, Mark Duplass Produção:Mark Duplass, Patrick Brice Elenco:Mark Duplass, Mike Luciano, David Nordstrom, Josh Fadem, Josh Ruben, Tai Leclaire, Scott Pitts, Krisha Fairchild, John Craven |
No ano de 2014 foi lançado Creep, um filme dirigido por Patrick Brice, produzido, escrito e estrelado por Mark Duplass. O longa rapidamente recebeu críticas positivas, tanto de especialistas quanto do grande público, se tornando um dos melhores filmes do gênero lançados naquele ano. Logo após a sequência Creep 2 (2017), começaram as especulações para um terceiro filme sobre a saga do serial killer Josef. Em 2020, Duplass disse em uma entrevista que estava encontrando dificuldade em escrever o roteiro para a continuação e por algum tempo nada mais se ouviu a respeito do possível filme. Até que em 2024, foi lançado nos serviços de streaming Shudder e AMC+, sem muita divulgação, a série The Creep Tapes, um spin-off da franquia.
A série consiste em uma coletânea de casos e assassinatos cometidos por Josef (Mark Duplass). Ao todo são 6 episódios, com histórias contadas de maneira aleatória, ou seja, não há qualquer conexão entre um episódio e outro. O primeiro episódio – meu favorito – conta a história de Mike, um cineasta contratado por Josef – aqui chamado de Jeff – para filmar sua audição para uma escola de atores. Ainda que possa ser considerada a história mais tradicional e “batida” de Creep, ainda assim é a detentora da melhor cena de suspense de toda a temporada. O segundo episódio é sobre Elliot, um observador de aves que encontra “ao acaso” Josef em uma de suas viagens. Esse episódio ganhou pontos por ser ambientado em um cenário completamente diferente do que estamos acostumados a ver em Creep. Os episódios 3 e 4 trazem, respectivamente, os casos de Jeremy e Brad, são razoáveis, nada tem a acrescentar, mas funcionam. O 5º episódio é praticamente um monólogo de Josef, que tenta se libertar da máscara de lobo e matar sozinho pela primeira vez, enquanto aguarda ansiosamente pela vítima em um quarto de motel. No último episódio conhecemos a mãe de Josef, possivelmente dando indícios de que, se houver uma segunda temporada, poderemos conhecer no futuro mais sobre essa relação doentia entre mãe e filho, à la Norman e Norma Bates.
A série é relativamente curta, sendo que os episódios possuem aproximadamente 20 minutos de duração cada, isso quer dizer que você pode facilmente assistir à temporada inteira em apenas 2 horas. Porém, não recomendo que a obra seja consumida dessa forma. Os episódios são baseados em um mesmo formato: uma provável vítima portando uma câmera é apresentada, Josef aparece e começa a agir de maneira cada vez mais insana e constrangedora, seguido de momentos de tensão crescente que culminam – sempre – em uma violenta cena de morte no final. Eu assisti aos episódios um atrás do outro e confesso que lá pelo o 3º já estava ficando um pouco enjoado. Porém, as exceções são os episódios 5 e 6, os mais criativos do pacote, que fogem um pouco da mesmice e dão um gás na temporada, que termina de uma forma bastante inusitada e altamente desconfortável.
A atuação de Mark Duplass, por vezes exageradas, é um dos pontos altos, não somente da série, mas de toda a franquia. A performance do protagonista se encaixa perfeitamente à personalidade do psicopata e consegue transmitir toda a sua loucura. Não poderia ser diferente, já que o formato adotado e a dinâmica da série e dos filmes, às vezes com Duplass dividindo a cena com no máximo duas pessoas, às vezes em monólogos, exigem tal consistência. Não consigo imaginar outro ator interpretando Josef, de modo que ator e personagem se tornaram quase que indissociáveis aos olhos do público, inclusive, duvido que alguém que tenha assistido Creep tenha coragem de passar uma noite sozinho(a) com o ator em uma cabana.
Sempre senti um “clima” de homoafetividade nos dois primeiros filmes, e essa impressão se acentuou ainda mais com a série. O fato de Josef escolher – quase – sempre homens como vítimas, contratando um cara para ficar filmando-o enquanto realiza coisas habituais como tomar banho, a necessidade que o serial killer tem em não apenas matar, mas de criar um vínculo afetivo com a vítima, fora as cenas de seminudez, e até mesmo de nudez total, são aspectos que intrigam e que podem muito bem serem mais explorados em futuras continuações.
Em The Creep Tapes é possível mergulhar mais a fundo no universo caótico de Josef. A série traz muitos momentos de suspense, alguns sustos e mortes legais. Não chega a ser inovadora em nenhum sentido, uma vez que mantém o saturado subgênero found-footage vivo, mas definitivamente é algo divertido de se assistir. Ainda não há nenhuma definição sobre o destino da franquia, se o spin-off ganhará uma segunda temporada, ou se haverá de fato um terceiro filme, mas seria interessante conhecer mais sobre Josef, sua infância, sua família, seu primeiro assassinato e seu futuro.