![]() A Última Criança
Original:The Last Child
Ano:1971•País:EUA Direção:John Llewellyn Moxey Roteiro:Peter S. Fischer Produção:William Allyn Elenco:Michael Cole, Van Heflin, Harry Guardino, Janet Margolin, Edward Asner, Kent Smith, Philip Bourneuf, James A. Watson Jr., Barbara Babcock, Phyllis Avery, Ivor Francis |
“A hora: em algum momento no futuro. A Sra. Miller vai ter um filho. Mas a lei diz que ela não pode. A lei diz que o mundo está superpovoado. Corra, Sra. Miller! Corra!”
A Última Criança (The Last Child, 1971) é um filme de Ficção Científica distópica produzido diretamente para a televisão, com metragem mais curta (73 minutos) para ser adaptado com os comerciais e totalizar o tempo padrão de uma hora e meia. Foi exibido como o sétimo filme da terceira temporada do programa americano “ABC Movie of the Week”, uma série semanal do início dos anos 1970 que foi ao ar na rede de TV “ABC”, com filmes de temáticas variadas, muitos deles com elementos de FC, suspense, mistério e horror sutil. Alguns exemplos: A Fazenda Crowhaven (1970, Escravos da Noite (1970), Encurralado (1971), A Força do Mal (1972), Pânico e Morte na Cidade (1972), A Noite do Lobo (1972), Os Demônios dos Seis Séculos (1972), Satan´s School for Girls (1973), A Casa dos Horrores Mortais (1974), All the Kind Strangers (1974), O Triângulo do Diabo (1975), entre outros.
Foi exibido nas nossas telinhas e está disponível no “Youtube” com a dublagem clássica com direito até para a frase nostálgica “versão brasileira Cine Castro Rio de Janeiro e São Paulo”. Bons tempos de filmes divertidos na televisão de tubo.
Com direção de John Llewellyn Moxey e produção executiva de Aaron Spelling (da série de TV “As Panteras”, 1976/1981), a história é ambientada nos Estados Unidos “num futuro não muito distante”, com a sociedade sofrendo as consequências de superpopulação e um governo autoritário que controla a natalidade com leis rígidas e perversas, onde os casais somente podem ter um único filho e os idosos acima de 65 anos de idade são abandonados para morrer sem assistência médica do poder público.
Nesse ambiente opressor, com excesso de gente se esbarrando para todos os lados, temos o casal formado por Allen Miller (Michael Cole) e a esposa Karen (Janet Margolin), que está grávida novamente depois de perder uma filha com poucos dias de nascimento. Porém, como a lei proíbe o segundo filho, eles são identificados e detidos pela polícia repressora para impedir o nascimento da criança.
O irmão da futura mãe, Howard Drumm (Harry Guardino), um funcionário do governo, tenta ajudá-la utilizando sua influência para tirá-la da prisão, mas ainda assim impedindo o nascimento da criança. Desesperados para proteger o filho, Allen e Karen fogem num trem, onde conhecem e são ajudados pelo senador aposentado Quincy George (Van Heflin), que não concorda com a tirania da lei de controle populacional e hospeda o casal em sua casa, para depois tentarem fugir para o Canadá, sendo perseguidos implacavelmente pelo agente especial Barstow (Edward Asner), obcecado em capturá-los e cumprir a lei.
A Última Criança apresenta a história de um futuro distópico com tirania do governo controlador, e uma sociedade oprimida que enfrenta o desconforto com o excesso de pessoas, o controle de natalidade e o descaso com os veteranos.
Entre os destaques que valem registro, além de todo o contexto de crítica social contra a falta de liberdade, temos a presença de Van Heflin no elenco em seu último filme; um excelente ator veterano de clássicos como Os Brutos Também Amam, western de 1953, e que morreu logo após as filmagens aos 62 anos. E em especial, vale também citar uma tensa perseguição de carros numa estrada com destino ao Canadá.
Curiosamente, na distopia do filme o Estado controla os cidadãos através de um cartão de identificação com todas as informações das pessoas, o qual é inserido num computador imenso cheio de botões e luzes piscando. E diferente da visão do roteirista Peter S. Fischer (em seu primeiro trabalho), mais de meio século depois do ano de lançamento do filme, e provavelmente já atingindo a data imaginada na linha de tempo do “futuro próximo” da história, nossos computadores são bem menores e mais eficazes, incluindo os smartphones que conectam o mundo.
Também por curiosidade, vale citar alguns outros filmes que também abordaram o tema distópico de controle populacional: É Proibido Procriar (1972), No Mundo de 2020 (1973), Fuga do Século 23 (1976), A Fortaleza (1992) e Onde Está Segunda? (2017).