3.8
(5)

Onde Está Segunda
Original:What Happened to Monday
Ano:2017•País:UK, França, Bélgica
Direção:Tommy Wirkola
Roteiro:Max Botkin, Kerry Williamson
Produção:Fabrice Gianfermi, Philippe Rousselet, Raffaella De Laurentiis
Elenco:Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari, Christian Rubeck, Pål Sverre Hagen, Tomiwa Edun, Cassie Clare, Cameron Jack

Lançada em agosto de 2017, Onde Está Segunda? foi uma das grandes apostas da Netflix, após uma exibição elogiosa no Festival Locarno, na Suíça. Um grande elenco, com veteranos como Glenn Close e Willem Dafoe, e o protagonismo da “namoradinha da América“, a sueca Noomi Rapace, que adquiriu renome com a franquia Millenium. Ela interpreta sete personagens com personalidades diferentes, que convivem em um ambiente claustrofóbico, escondidas do governo, após a aprovação de uma lei que impede a existência de gêmeos ou mais de um filho na família.

A trama tem início em 2043, um futuro apocalíptico não muito distante, onde o crescimento populacional se torna uma ameaça aos recursos do Planeta Terra. Cientistas realizam experimentos de produção acelerada de alimentos para atender à demanda monstruosa, o que acaba influenciando nos genes das novas mães, aumentando de maneira assustadora o número de gêmeos. Pensando nisso, o governo, na voz de Nicolette Cayman (Close), promove a Lei do Alocamento Infantil, em que as famílias só podem ter um único filho, obrigando as demais crianças a um sistema de criogenia pela espera por um mundo melhor. Para um controle eficiente, todas as pessoas são obrigadas a usar uma pulseira eletrônica e passar por identificação constante, através das barreiras construídas na cidade.

Não é a solução pretendida por Terrence Settman (Dafoe), pai de sete filhas gêmeas. Ela resolve nomeá-las com dias da semana, com a intenção de escondê-las da sociedade até que a Lei seja alterada e elas possam andar livremente. Com a mãe morta no parto, ele passa a educá-las e também a criar um sistema em que uma vez por dia, de acordo com o nome dado, cada uma possa sair, através de uma identidade única, a de Karen Settman. Assim, cada experiência vivida é registrada pelo passeio da jovem (na infância, interpretada por Clara Read), seja para ir à escolinha ou qualquer situação que envolva o convívio social.

Trinta anos depois, elas ainda mantêm o segredo, mesmo que a personalidade única precise trabalhar diariamente em um banco. Às vezes acontecem deslizes, como uma bebedeira ou um relacionamento perigoso, e elas precisam encontrar meios de se esquivar de maneira inteligente, a partir do monitoramento das irmãs. Quando Segunda não retorna para casa no fim do dia, elas precisam decidir se devem seguir as regras e permanecer escondidas ou continuar a rotina, mesmo sabendo que algo errado pode mudar completamente o que o pai delas havia ensinado e estabelecido.

Sem surpreender muito nas interpretações variadas, diferente do que fez James McAvoy em Fragmentado, Noomi Rapace ainda consegue manter o interesse do espectador devido ao seu notado carisma, aproveitando os bons efeitos especiais que dão veracidade às múltiplas cópias. Suas personagens se diferenciam pelo visual, como corte de cabelo e roupas, mas não permitem que o público consiga entender suas várias personalidades, causando algumas confusões entre dias da semana e suas habilidades específicas. A impressão que o público tem é de estar jogando um jogo de videogame com uma heroína que tem sete vidas, principalmente quando elas começam a morrer pela ameaça do governo.

Algumas cenas de ação são até interessantes, como a fuga pela cidade sob a vigilância das irmãs que coordenam cada passo, indicando os caminhos certos, remetendo ao filme Matrix. No entanto, há situações desnecessárias como a perda da virgindade de uma delas a partir da relação secreta com um soldado. Também não funciona muito bem no roteiro de Max Botkin e Kerry Williamson (A Sombra do Inimigo, 2012) o modo prático como a tecnologia acaba servindo para os propósitos das garotas e a maneira simples de acesso ao prédio do governo, com instalações clichês sem câmeras.

Apesar das participações reduzidas, Willem Dafoe e, principalmente, Glenn Close estão bem em seus papéis, como um pai protetor e uma vilã com atitudes políticas cruéis, respectivamente. Com uma boa direção de Tommy Wirkola (de Zumbis na Neve, 2009), ao final, fica uma impressão que mesmo através de uma possível vitória não existem vencedores, uma vez que o problema principal não encontrou uma solução. Permite uma boa reflexão sobre o futuro da humanidade e a falta de recursos, prevendo soluções parecidas para a manutenção do Planeta.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 3.8 / 5. Número de votos: 5

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

3 Comentários

  1. Quanto ao filme em si, ele não possui assim tantos apetrechos que o façam ser uma obra que irá ser relembrada daqui a alguns anos. Porém, o desempenho de Noomi Rapace é algo a ser destacado. A atriz sueca parece que não tem medo de se arriscar embora alguns de seus filmes deixem a desejar um pouco.

  2. Só uma correção o Festival de Locarno é na Suíça. Foi lá que o filme brasileiro As Boas Maneiras ganhou importante prêmio em 2017.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *