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Slumber Party - O Massacre III
Original:Slumber Party Massacre III
Ano:1990•País:EUA
Direção: Sally Mattison
Roteiro:Catherine Cyran
Produção:Catherine Cyran
Elenco:Keely Christian, Brittain Frye, Michael Harris, David Greenlee, Brandi Burkett, Hope Marie Carlton, Maria Claire, Maria FordGaron Grigsby, Devon Jenkin, David Kriegel

Fazendo valer a expressão “copia, mas não faz igual”, que é utilizada como meme nas plataformas digitais, o último filme da trilogia Slumber Party Massacre repete a fórmula do primeiro filme, sem acrescentar nada à narrativa. A história gira em torno de uma adolescente que aproveita a ausência dos pais para juntar as amigas e fazer uma festa do pijama, enquanto um assassino espreita a casa e coloca em prática o seu plano de matar as jovens que exalam juventude, beleza e desejo sexual. Assim como seus antecessores, o projeto é dirigido por uma mulher, Sally Mattison, e roteirizado por Catherine Cyran. Mas, diferente dos outros, a sequência perde sua força narrativa e charme estético.

Com a narrativa mais independente da trilogia, o roteiro do terceiro filme leva o espectador para diferentes lugares até estabelecer quem é o seu assassino, mas sem causar surpresas. A direção também deixa a desejar. Em cenas de maior ação, os ângulos escolhidos são bons, mas a câmera fica tímida durante as mortes e é pouco explícita. Neste sentido, a obra acaba se tornando uma versão menos impactante dos outros filmes da trilogia. Da mesma forma, os elementos voyeurismo e a sensualidade dão lugar a uma sexualização exagerada dos corpos femininos sem propósito que toma muito tempo de tela e não acrescenta ao desenvolvimento das personagens.

Ao passo que o primeiro e o segundo atos são recheados de cenas de sexo e pegação, carecendo de mortes criativas, o terceiro momento do filme funciona como uma sátira do gênero slasher. Em um tom cartunesco, seguem-se sequências e mais sequências de fuga das personagens femininas, incluindo o momento em que uma das jovens corre desesperadamente em círculos ao redor de uma mesa. De repente, ela para, pega uma fruteira que está sobre o móvel e, antes de arremessá-la contra o assassino, cuidadosamente retira cada uma das frutas de dentro do recipiente.

Dito isso, as mulheres do filme sempre parecem estar sendo dubladas. As atrizes não conseguem reagir de uma forma suficientemente convincente durante as cenas de maior tensão, e acabam transmitindo ainda mais o espírito de caricatura de si mesmo que a obra tem. Da mesma forma, todos os homens da história, obviamente estúpidos, são ainda mais fúteis e artificiais do que nos outros filmes da trilogia – de tal forma que a presença deles em tela denuncia a baixa qualidade dos personagens escritos. Em resumo, os atores e atrizes impressionam pelo péssimo desempenho, mas o material fonte não colabora também.

Além disso, são muitos erros de sequência para uma hora e meia de duração: em um determinado ponto da história, as garotas estão tentando fugir por uma janela no porão. De repente, o assassino aparece. Uma delas, que já estava com a metade do corpo para fora da casa, aparece na cena seguinte, encostada na parede, de frente para o assassino. Em uma outra ocasião, o assassino usa uma serra elétrica para cortar os tornozelos da vítima, mas na cena seguinte o personagem aparece com as pernas intactas.

As motivações e angústias do personagem masculino que é o assassino flutuam bastante: uma hora ele parece ter uma fixação com o tio, que era policial, mas acabou tirando a própria vida, em uma subtrama descartável e pouco desenvolvida. Ao mesmo tempo, em determinado momento, ele parece culpar as próprias jovens pelos assassinatos – o que poderia ter uma função narrativa interessante, como dispositivo para questionar o moralismo da sociedade e reforçar a ideia geral da trilogia que é criticar a punição de mulheres pela sua liberdade sexual.

Já sobre as mortes, explicitamente, somente duas pessoas são vitimadas na frente da câmera – o que, para o encerramento de uma trilogia tão dinâmica e criativamente violenta, é decepcionante. Muitas das personagens sobrevivem em meio à bagunça que é o final do filme, personagens estas que não conseguem cativar o público e são facilmente esquecíveis.

O ar de final dos anos 80 é esteticamente instigante e poderia adicionar ainda mais charme ao filme, mas acaba sendo mais um elemento caricato. A obra é um final pouco coeso com uma trilogia tão bem escrita e dirigida. Sendo mais uma das que ajudaram a um esgotamento temporário da fórmula clássica dos slashers de sua época, a produção Slumber Party Massacre III perde a oportunidade de se tornar ainda mais memorável e referenciável com um encerramento que é desrespeitoso com o conjunto das obras que a antecedem, brilhantemente realizada por mulheres.

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