![]() Crocodilo Assassino 2
Original:Killer Crocodile 2
Ano:1990•País:Itália, EUA Direção:Giannetto De Rossi Roteiro:Giannetto De Rossi, Fabrizio De Angelis, Dardano Sacchetti Produção:Fabrizio De Angelis, Camillo Teti Elenco:Richard Anthony Crenna, Debra Karr, Ennio Girolami, Terry Baer, Héctor Álvarez, Alan Bult, Paul Summers, Tony de Noia, Peter Schreiber, Frank Tood, Neil Maugham, Alan Seigel, Clara Ginehez, Martin Sellers, Joe Scott |
“Há outro, Joe. Outro filho da puta.“, com essa máxima que deveria ser estampada no cartaz original, o ex-ambientalista e agora aparente personagem da série Miami Vice, Kevin (Richard Anthony Crenna), antecipa o que se pode esperar da continuação bagaceira de Crocodilo Assassino (Killer Crocodile, 1989), realizado um ano antes e confeccionado ao mesmo tempo de sua sequência. Na cena final do longa de Fabrizio De Angelis, o herói que defendia a preservação de um espécime incomum lançou sobre o monstruoso animal o motor do barco ocasionando uma explosão que dá indícios que o crocodilo sofria de gases. A mesma cena é repetida no prólogo e no meio do filme, assim como outros flashbacks que recheiam a narrativa para alcançar a sofrida metragem de 87 minutos.
Se Alligator, o Jacaré Gigante (Alligator, 1980) estava em vias de realização de uma parte 2, Alligator 2 – A Mutação (Alligator II: The Mutation, 1991), a probabilidade de provocar mais uma pérola do cinema bagaceira italiano seria mais do que acertada, uma vez que a temática estaria em voga no período. Como De Angelis não quis assumir a cadeira de diretor, o responsável pela construção do crocodilo de borracha, Giannetto De Rossi, ocupou o lugar. Na verdade, nem teve muito trabalho porque além dos flashbacks, Crocodilo Assassino 2 (Killer Crocodile 2, 1990) também resgata cenas utilizadas no anterior como o passeio do bichão pelas águas do pântano, sua movimentação na costa e o olhar congelado de bola de tênis. Ele só esqueceu de levar em consideração o tamanho do crocodilo: às vezes parece um animal de porte comum, em outras um boneco gigante de carro alegórico de escola de samba.
Rossi também trabalhou no roteiro ao lado de Fabrizio De Angelis (escondido sob o pseudônimo Larry Ludman) e Dardano Sacchetti (americanizado como David Parker Jr.). Nem precisava de seis mãos para o que se propõe, pois o enredo salta de lugares sem a menor preocupação: pântano, rio, praia, Nova York (disfarçada de Flórida), onde todos falam tranquilamente o italiano, inclusive crianças, freiras e bandidos a cargo do incorporador imobiliário Sr. Baxter – não é possível identificar o elenco seja no IMDB ou nos créditos finais do filme -, que tem pretensões de desenvolver um ponto turístico às margens do pântano, rio, praia…sei lá.
Assim como no primeiro – também não se sabe quanto tempo passou -, lixos tóxicos (com os claros dizeres “radioativos“) estão sendo despejados na água para criação de crocodilos mutantes. Nem precisaria disso, uma vez que o flashback da cena final do anterior mostrava um ovo de crocodilo liberando um filhote. Não dá para saber se é o tal exemplar porque teria que ter passado alguns anos para o seu desenvolvimento, mas também não dá para saber onde se passa o filme. Antes de Kevin e o caçador Joe (Ennio Girolami) aparecerem novamente, o protagonismo é da jornalista “americana” Liza (Debra Karr), que está discutindo com as colegas sobre a carreira e é chamada pelo chefe para procurar os tonéis de lixo radioativo no Caribe, depois que este foi alertado por um espião local, morto pelos capangas de Baxter.
Liza mostra que não fará a mocinha frágil dos filmes de terror, dando uma sacudida em um ladrão de carros ou descendo nas águas para atrair o crocodilo, sem que o herói tenha armas para enfrentar a ameaça. Ela também assumirá a função cômica do longa ao se perder nos pântanos, caçar bananas e sujar o vestido, e também dará um jeito em um rapaz que tentará abusar dela no barco. Kevin aparece depois de mais de quarenta minutos de filme, retornando ao local para encontrar a conhecida Liza. Enquanto acha Joe numa cabana com a sua serpente de estimação, o diretor expõe algumas cenas de ataque do animal como o episódio cômico em que um dos capangas de Baxter resolve atirar com o rifle em mosquitos – é ver para crer – e traz para o barraco de seus comparsas o crocodilo que, em sua formação imensa, arrasta a morada para o pântano. Apesar que também deve se destacar o momento em que a criatura ataca um barco e faz uma refeição com um grupo de crianças e uma freira.
Crocodilo Assassino 2 não é tão divertido quanto o primeiro. As pausas entre os ataques e cenas desperdiçadas com Baxter, bandidos perseguindo Liza – e ela termina o filme sem saber disso -, e diálogos que não levam a lugar algum permitem alguns bocejos do infernauta e dão a impressão de que a metragem é acima dos 90 minutos. Além da trilha sonora mais uma vez copiar Tubarão, existe a ideia imitada do “ponto turístico” em desenvolvimento. Os efeitos continuam risivelmente ruins, assim como algumas atuações, o que não traz surpresa alguma. Trata-se de uma bagaceira cult que até foi restaurada em 2K em Blu-Ray com o anterior pela Severin Films para os que quiserem se aventurar. Ambos os filmes estão disponíveis no streaming Tubi apenas para os residentes nos EUA. Veja por sua conta e risco.