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Nova York - Cidade Violenta
Original:Murderock - Uccide a passo di danza
Ano:1984•País:Itália
Direção:Lucio Fulci
Roteiro:Gianfranco Clerici, Vincenzo Mannino, Lucio Fulci, Roberto Gianviti
Produção:Augusto Caminito
Elenco:Olga Karlatos, Ray Lovelock, Claudio Cassinelli, Cosimo Cinieri, Giuseppe Mannajuolo, Berna Maria do Carmo, Belinda Busato, Maria Vittoria Tolazzi, Geretta Geretta, Christian Borromeo, Giovanni De Nava, Riccardo Parisio Perrotti

Tem gente que é tão foda que mesmo no seu momento mais baixo ainda consegue entregar coisa boa. Lucio Fulci é uma dessas figuras. Nova York – Cidade Violenta foi concebido num momento muito conturbado da vida do cineasta, em que problemas de saúde demandaram sua atenção relegando os trabalhos deste período a um segundo plano. Mesmo assim, o filme guarda aquele “brilho” que marca toda a produção de Fulci até ali.

Com o título original Murderock – Uccide a passo di danza, o que temos aqui é uma ideia que poderia dar errado nas mãos de qualquer um. Um assassino misterioso persegue bailarinas de escola de dança que concorrem a um grande papel. A trama poderia ser resumida assim, e é só isso mesmo. E mesmo com essa orientação slasher tão básica e evidente, o espírito giallo se sobressai, só para lembrar que Fulci detém a melhor técnica do gênero, e transforma chumbo em ouro com quase nada.

Entrando mais um pouco na história, Murderock conta a história dessa renomada escola de balé localizada em Nova York, em que alunas começam a ser assassinadas. Os crimes são ligados a uma vaga em um espetáculo que pode deslanchar a carreira da bailarina escolhida. A partir de então, somos envolvidos com os dramas e dilemas particulares dos principais suspeitos da situação, e acompanhamos a investigação que segue no melhor estilo giallo.

Uma coisa sobre esse filme e que, aparentemente, fez o conceito dele cair muito entre os apreciadores, foi o excesso de cenas musicais. Talvez tentando pegar carona no sucesso de Flashdance, lançado no ano anterior, o fato é que o longa é recheado de números musicais inteiros, com a música tema, um pop padrão melódico e bem executado mas muito datado, tomando a “vibe” do filme por muitos minutos.

Estes números, no entanto, são interessantes e importantes pois, como nos musicais tradicionais, contam uma parte da história. É através deles, por exemplo, que percebemos o nível da competição que as bailarinas estão enfrentando. Inclusive, há relatos internet afora de que Fulci teria dado orientações bem específicas à coreógrafa Nadia Chiatti sobre o que ele queria em cena, e com as personagens assassinadas sendo interpretadas por bailarinas de verdade.

A música, que beira a cafonice e se repete tantas vezes que às vezes começa a dar nos nervos e nos obriga a baixar o volume, ainda assim é um bom destaque do filme. Composta pelo pianista Keith Emerson (Emerson, Lake and Palmer) e interpretada (nas partes cantadas) pela cantora britânica Doreen Chanter, a trilha passa por um pop oitentista que seria aguado não fosse sua boa execução. O restante da trilha incidental alinha a estética própria dos temas estabelecidos ao suspense, com resultado muito interessante, sendo um dos pontos altos da obra. É outro ponto que, aliás, poderia ter dado muito ruim nas mãos de qualquer compositor.

Já as cenas de morte seguem o padrão Fulci de qualidade, hipnotizando o espectador nos detalhes. Apesar de o gore não dar as caras aqui, e tudo ser mais asséptico, ainda somos levados pelo movimento lento de câmera ao centro do detalhe, sempre surpreendidos com o bom uso dos efeitos práticos de uma forma que só o Fulci consegue.

Murderock é o segundo filme do diretor com ambientação em Nova York. Antes deste, ele lançou o violento O Estripador de Nova York, uma de seus melhores trabalhos até então. O agravamento de seus problemas de saúde parecem ter refletido na sua obra a partir de então até 1990, quando orientou um retorno à velha forma com o Cat in the Brain (1990). Considerado um filme menor na obra de Lucio Fulci, Nova York – Cidade Violenta ainda vale pela curtição e pelo padrão de qualidade de seu realizador, perceptível em cada detalhe.

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