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Pecadores
Original:Sinners
Ano:2025•País:EUA
Direção:Ryan Coogler
Roteiro:Ryan Coogler
Produção:Ryan Coogler, Zinzi Coogler, Sev Ohanian
Elenco:Miles Caton, Saul Williams, Andrene Ward-Hammond, Jack O'Connell, Tenaj L. Jackson, Michael B. Jordan, David Maldonado, Aadyn Encalarde, Yao, Sam Malone, Ja'Quan Monroe-Henderson, Li Jun Li, Delroy Lindo, Jayme Lawson, Hailee Steinfeld, Percy Bell, Omar Benson Miller

Ryan Coogler faz sua estreia no horror com Pecadores (2025) e acerta tanto que será difícil não se tornar um novo clássico. Ou um grande marco para o “Black American Cinema”. Mesclando vampiros, blues, comunidade e crítica, o filme é indispensável na leva de lançamentos deste ano.

Em 1932, uma comunidade no Mississipi recebe o retorno dos gêmeos “Fumaça & Fuligem”, ambos interpretados por Michael B. Jordan em sua quinta parceria com o diretor. Os irmãos, após oito anos longe, retornam de Chicago com a promessa de um espaço para que a população negra do local possa se divertir e sentir-se segura, já que a KKK ainda opera nas sombras.

O blues e a música são uns dos principais fios condutores da narrativa. Inclusa como ponto de partida, o filme abre narrando lendas sobre músicas e como isso está interligado à união e comunhão de pessoas, ao mesmo tempo em que pode também atrair a atenção de coisas e entidades ruins.

Após recrutar seu grupo principal de amigos e apoio, os gêmeos transformam um barracão de um antigo dono racista na casa de blues em tempo recorde. Todos os personagens apresentados possuem um histórico e relevância na trama – mesmo que com pouco tempo de construção, entendemos as singularidades de cada um ali. A história quase toda acontece neste mesmo local, em volta dessas mesmas pessoas.

Apesar de em alguns momentos não parecerem, temos como foco Sammie (Miles Caton), primo dos gêmeos, que torna-se a via canalizadora do enredo musical durante o longa e que tenta se livrar das raízes religiosas para se dedicar completamente ao som que corre em suas veias. É a partir dele que os primeiros vampiros do filme fazem sua aparição, sendo o principal alvo da caçada por conta de sua música.

De início todos os vampiros são pessoas brancas evidenciando dois pontos de crítica social: o racismo e o colonialismo. As criaturas possuem dentes afiados e olhos brilhantes, funcionando como uma colmeia onde todos partilham dores, informações e objetivos. Nada novo, mas que se sustenta com a linha de comunidade que também é outro pilar forte aqui.

Comunidade explicitada por diferentes questões da época: pessoas que trabalham na colheita de algodão, estabelecimentos separatistas, religiões de matriz africana ou a colonização das crenças, músicos alcoólatras, entre outros. Os próprios gêmeos, além de serem criados por brancos, acabam lutando na guerra, trabalhando para o Capone e trazem consigo um contrabando de bebida irlandesa. O ponto é como a dinâmica dessa diversidade de personagens funciona em um ambiente de lazer onde todos os problemas deveriam ficar do lado de fora.

E do lado de fora a ameaça dos vampiros vem junto com alguns clichês do gênero, mas que não incomodam, como a utilização do alho, estacas e a necessidade de convite para entrar. A parte sobrenatural pode parecer simples, mas traz uma boa mescla de gore, musical e ambientação gótica sulista americana.

E a ótima ambientação traz um cenário totalmente crível junto de uma bela fotografia e maquiagem pontuais. Percebe-se um grande carinho e dedicação de pesquisa sobre o momento histórico, beirando uma homenagem a esse período, algo que o próprio diretor diz em entrevistas ter como objetivo e presente à sua linhagem.

Sem receio de combinar tesão e medo, uma das únicas coisas que deixa a desejar é o desenvolvimento de suas personagens femininas. Sem tempo suficiente para papéis que giram em torno dos homens, esse é o único pecado de Pecadores. Mas Coogler se mostra um roteirista competente e consistente em sua mensagem.

O roteiro facilita as performances excelentes e dignas de grandes nomes do elenco. Uma das cenas mais brilhantes e que deixa o espectador totalmente imersivo é quando Sammie começa a cantar sua música no baile e entendemos o quanto ritmos são atemporais e atravessam gerações criando as conexões entre todos.

No primeiro ato temos um tom mais dramático e cores quentes. A partir do segundo ato o ritmo acelera e passamos para a ação e o terror em si. Todas as partes do filme conversam coerentemente e constroem muito bem a trama.

Pecadores possui cenas em meio e pós-créditos, complementando tudo aquilo que nos é apresentado. O filme é uma ótima pedida e até então, uma obra-prima que deve estar em diversas listas de melhores do ano. Um clássico instantâneo, com seus 138 minutos, é um prato cheio de qualidade para os fãs de terror, vampiros e blues.

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6 Comentários

  1. Filme MUITO, MUITO foda! Esses comentários da galera criticando só rpovam isso. Bando de r4c1stinha que não tem por onde criticar o filme.

  2. Pelo amor de Deus, chamar isso de obra-prima é quase um crime. Seus 138 minutos nos fazem pensar como a humanidade conseguiu chegar até aqui. foram necessários U$ 90 milhões para provar que a falta de criatividade custa caro mesmo!

  3. Estava com a expectativa um pouca alta demais a respeito desse filme, acabei me decepcionando.
    Achei bem fraco.

  4. Pelo jeito você é aquele cara que quando escuta qualquer coisa relacionada a racismo, colonialismo e etc fica revoltadinho, aliás quando diz “woke” já dá pra imaginar que se trata de um virjão de 40 anos ou mais.

  5. Ótima dica! A cena no clube de blues é indescritível de tão imersiva. A trilha sonora é a melhor que eu já vi em um filme de horror. É um filme pra Óscar.

  6. Pelo visto, temos uma definição bem diferente de que significa obra-prima. Isso aí é lixo woke. Daqui um ano, ninguém vai lembrar que existiu.

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