![]() John Carpenter’s Suburban Screams
Original:John Carpenter’s Suburban Screams
Ano:2023•País:EUA Direção:John Carpenter, Jordan Roberts, Michelle Latimer, Jan Pavlacky Roteiro:Amanda Deibert, Zack Kahn, Jordan Roberts Produção:Radomir Docekal, Gregory Dylan Harris, Tomas Krejci Elenco:Paul A Maynard, Ryan Dean, Will O'Donnell, Sarah Priddy, Andrew Buzzeo, Crispian Belfrage, Tyra Larsson, Grace Venus, Chloe Zeitounian, Amie Maria Gorham, Maria Almeida, Jenn Kirk, Joe Weintraub, Julie Stevens, Daniel Charles Doherty, David Brooks, Lauren Mercier |
Quase 15 anos após o sem graça Aterrorizadas, o mestre John Carpenter volta à cena com a série Suburban Screams, antologia sobre o terror que se esconde nos lares dos subúrbios estadunidenses. Produzida pelo Peacock, a minissérie conta com seis episódios e é narrada em formato de documentário, com cada episódio apresentando um “caso real” envolvendo uma variedade de “antagonistas”, como espíritos, casas amaldiçoadas, assassinos em série, lendas urbanas e outros.
De antemão é importante ser dito que o que vemos aqui não se parece em nada com qualquer coisa que John Carpenter tenha feito. Apesar da temática comum ao restante de sua obra, o formato não é dos mais interessantes, deixando a desejar quem espera um pouco mais de qualidade narrativa.
Com apenas uma temporada até o momento, seus seis episódios se baseiam em entrevistas com os envolvidos em cada caso, e tem como ponto de apoio filmagens de época, imagens de arquivo, matérias de jornal, e gravações, que se mesclam à simulações, com atores revivendo os horrores escondidos dos subúrbios.
Esse formato, no entanto, é uma das particularidades que tornam a minissérie um tanto indigesta, e isso não pelos temas retratados ou excessos gráficos – que são escassos. É pela produção mesmo. Apesar dos bons roteiros e da mistura bem dosada de realidade e ficção – algo que torna os documentários policiais particularmente tediosos -, Suburban Screams deixa a desejar especialmente quando encaramos as atuações: parece que estamos realmente lidando com atores que trabalham nesses documentários do Discovery ou History Channel. Há momentos em que somos enganados pela direção, que nos convence e faz a coisa funcionar, mas quando olhamos sem esse filtro, o que temos é um show de expressões forçadas, falas automáticas e que tais, que não condizem com o “John Carpenter” estampado no título da série.
Desconsiderando isso, nos momentos que somos “enganados” pela direção, podemos apreciar bons momentos de puro terror, com direito a sustos genuínos ao longo de todos os seis episódios.
Apesar de criador da série e de produzi-la, Carpenter só dirige o último episódio, Phone Stalker, que conta a história de uma mulher perseguida por uma figura anônima por todos os meios disponíveis. Essa história é particularmente interessante, pois se trata de um caso ainda em aberto, e a vítima, mesmo tendo mudado de casa e cidade, parece continuar sendo perseguida. O episódio inclusive rende boas cenas de perseguição e suspense.
Outra narrativa “divertida” é a do episódio Cursed Neighborhood, que fala sobre novos moradores de uma casa em um bairro afastado, que sofrem perseguição pelos espíritos que habitam a floresta local. Aqui, o sobrenatural atinge seu ápice e pode deixar os mais impressionáveis pensativos.
Uma das marcas registradas de Carpenter, as trilhas sonoras de sua autoria, também está presente em Suburban Screams. Mais discreta, até imperceptível em alguns momentos, mas sempre fazendo aquela “esteira” para as melhores sequências de suspense e arrepio, sendo um dos bons elementos da obra.
John Carpenter’s Suburban Screams é um trabalho que não estávamos esperando quando foi lançado, sendo filmado meio que às escondidas da imprensa, que só noticiou algo sobre um mês antes da estreia, em outubro de 2023. De toda forma, ainda que não seja um projeto totalmente coeso, de formato duvidoso e esteja muito aquém de quase tudo feito pelo mestre anteriormente, é interessante que haja este “ensaio”, talvez uma preparação para um possível retorno às telonas. Vamos sonhar enquanto ainda é de graça.