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Dark Water - Água Negra
Original:Honogurai mizu no soko kara
Ano:2002 •País:Japão
Direção:Hideo Nakata
Roteiro:Hideo Nakata, Yoshihiro Nakamura, Ken'ichi Suzuki, Takashige Ichise, Kôji Suzuki
Produção:Takashige Ichise
Elenco:Hitomi Kuroki, Rio Kanno, Mirei Oguchi, Asami Mizukawa, Fumiyo Kohinata, Yû Tokui, Isao Yatsu, Shigemitsu Ogi, Maiko Asano, Yukiko Ikari, Shinji Nomura, Kiriko Shimizu Teruko Hanahara, Youko Yasuda

Antes de trazer notoriedade para o cinema brasileiro com o premiado Ainda Estou Aqui, o cineasta Walter Salles, entre as incursões estrangeiras, fez o remake Água Negra (Dark Water, 2005), com Jennifer Connelly e Tim Roth no elenco. Trata-se de uma versão rasa e excessivamente dramática de um horror de bons arrepios concebido por Hideo Nakata em 2002. Já tinha o respeito do cinema oriental pelo desenvolvimento da franquia Ringu, iniciada a partir de Ring: O Chamado (1998), quando adaptou um outro livro do mesmo autor, Kôji Suzuki. Nessa época, o j-horror estava em alta produtividade, com séries como Ju-On, Ringu, Phone e Pulse, atraindo olhares para o cinema americano entender como deveria produzir seus calafrios. Nessa época fértil de fantasmas vingativos, Dark Water – Água Negra ocupa seu lugar sem muito destaque, embora seja envolto de alguns momentos assustadores.

Yoshimi Matsubara (Hitomi Kuroki) está em processo de divórcio, buscando uma nova casa para cuidar da filha Ikuko (Rio Kanno). Pelas leis japonesas, a mãe tem prioridade da guarda, mas seu marido leva à audiência informes sobre problemas psicológicos que podem afetar os cuidados da pequena. Ela aluga um apartamento em um prédio decadente, com um elevador antiquado em que já se notam goteiras, assim como um dos quartos de sua moradia, com uma mancha no teto indicando infiltração. Depois de matricular a filha numa escola próxima, Yoshimi busca emprego em um jornal como revisora, enquanto situações estranhas começam a despertar suspeitas.

Desde o primeiro dia, ao tocar nas mãos de uma criança-fantasma no elevador e achar que é a filha, ela começa a notar sinais de uma presença. Sua filha encontra uma lancheira estranha e por vezes desaparece, ao passo que uma estranha garotinha de capa de chuva amarela (referência a Comunhão, de 1976, talvez?) é vista em diversos lugares, com o rosto obscurecido. As ameaças sobrenaturais afetam Ikuko na escola, que sente a aproximação da garota e passa a ficar doente, com sintomas de hipotermia. Tudo parece ter relação com uma menina desaparecida dois anos antes, Mitsuko Kawai (Mirei Oguchi), e Yoshimi precisa desvendar o mistério da assombração antes que perca a filha para o pai ou para a entidade.

A principal mensagem de Dark Water está relacionada ao abandono. A protagonista guarda recordações de sua infância, quando foi “esquecida” na escola, e por vezes acaba fazendo o mesmo com sua filha. Ainda que tente compensá-la atendendo a suas vontades, a mãe tem consciência de estar repetindo os mesmos gestos, refletindo nas aparições fantasmagóricas e na insistente goteira em seu apartamento, como símbolo de algo que incomoda, está ali e a pessoa acaba tendo que conviver com o problema. É claro que o drama sobre perda e abandono, também trabalhado na refilmagem, tem os elementos narrativos de um horror sobrenatural, cujo clímax, no elevador, pode ser bastante assustador para que estiver assistindo numa noite fria.

As intenções da assombração já haviam sido trabalhadas em Ring 0: O Chamado e depois seriam resgatadas em O Chamado 2 (The Ring Two, 2005), que também teve a direção de Hideo Nakata. A moral, bastante comum no Japão, tem sua importância em qualquer lugar e qualquer época. Quem não tem alguma lembrança de ter ficado esperando na porta da escola até que algum parente venha buscá-lo? Deixa uma sensação de que fora deixado de lado, esquecido, abandonado, como a assombração do edifício decrépito de Dark Water. Ao final, o espectador chega aos créditos pensativo, envolto em melancolia.

Contando com a boa direção de Nakata, Dark Water – Água Negra exagera um pouco em seu final alongado, quando a mensagem final já havia sido explicitada. Continua sendo um bom filme, bem realizado, e bastante atmosférico, e faz uma previsão assustadora do caso de Elisa Lam, de 2013. Quem lembra desse acontecimento real verá similaridades com o pesadelo de Mitsuko Kawai.

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