![]() O Navio Fantasma
Original:The Mystery of the Mary Celeste / Phantom Ship
Ano:1935•País:UK Direção:Denison Clift Roteiro:Denison Clift, Charles Larkworthy Produção:Henry Passmore Elenco:Bela Lugosi, Shirley Grey, Arthur Margetson, Edmund Willard, Dennis Hoey, George Mozart, Ben Welden, Bruce Gordon, Gibson Gowland, Terence de Marney, James Carew |
“Esta história foi inspirada pelas descobertas do Procurador-Geral em Gibraltar e retrata a terrível tragédia marítima do navio americano ‘Mary Celeste’, encontrado à deriva e abandonado no meio do Atlântico em 5 de dezembro de 1872 – um dos capítulos mais estranhos e dramáticos da história marítima.”
O estúdio inglês “Hammer” é conhecido e cultuado por seus filmes de horror e ficção científica do final dos anos 50 até meados da década de 70 do século passado, com histórias de todos os tipos e especialmente com os monstros clássicos do gênero como o vampiro “Drácula”, a “criatura de Frankenstein”, “Múmia”, “Lobisomem” e outros.
Curiosamente, O Navio Fantasma (The Mystery of the Mary Celeste, 1935) foi o segundo filme da produtora, estrelado por Bela Lugosi (em seu primeiro filme inglês). Ele que é um dos mais importantes atores da história do Horror, ao lado de Boris Karloff, Vincent Price, Peter Cushing e Christopher Lee. Ficou eternizado como o “Drácula” do estúdio americano “Universal”, e dessa vez o papel foi diferente dos seus tradicionais vilões, interpretando agora um marinheiro insano e vingativo.
O filme está disponível no “Youtube” com legendas em português, tanto a versão original com fotografia em preto e branco quanto uma versão colorizada por computador. Aliás, a versão que tive acesso foi a americana com o título original “Phantom Ship”, editada com 62 minutos de duração, com 18 minutos de cortes da versão inglesa, que supostamente parece estar perdida.
Dirigido por Denison Clift, a história é ambientada em 1872 e baseada em eventos reais sobre o mistério do navio “Mary Celeste” que foi descoberto navegando à deriva no oceano, com os tripulantes e passageiros desaparecidos, conforme informa a introdução do filme, reproduzida no início desse texto.
O Capitão Benjamin Briggs (Arthur Margetson) e seu imediato Toby Bilson (Edmund Willard) estão tentando reunir uma tripulação para seu navio que iria fazer uma entrega de barris de álcool em Gibraltar. Ele pede para sua futura esposa Sarah (Shirley Grey) para acompanhá-lo na viagem, e mesmo sendo a única mulher a bordo, acaba aceitando o convite. Em paralelo, há um triângulo amoroso envolvendo o também Capitão Jim Morehead (Clifford McLaglen), que queria se casar com Sarah, gerando uma tensão entre eles.
Eles conseguem uma tripulação formada por Tommy Duggan (George Mozart), Peter Tooley (Johnnie Schofield), Ponta Katz (Gunner Moir), Andy Gilling (Gibson Gowland), Boas Hoffman (Ben Welden), Tom Goodschild (Dennis Hoey), Charlie Kaye (Terrence de Marney), Arian Harbens (J. Edward Pierce) e Grot (Herbert Cameron), sendo que este foi cedido pelo Capitão Morehead. Para completar ainda tem a presença de Anton Lorenzen (Bela Lugosi), um marinheiro falido e ressentido por ter sido sequestrado numa viagem anterior, que também é recrutado dessa vez, mas utiliza um nome falso (Gottlieb).
Além da exaustiva rotina do navio na viagem pelo vasto oceano, com as inevitáveis tensões entre os tripulantes e a ocorrência de fortes tempestades, uma atmosfera de morte e violência se instala na embarcação, com um misterioso assassino agindo nas sombras.
O filme especula sobre o que poderia ter acontecido com a tripulação do navio, um mistério que jamais será esclarecido. Bela Lugosi está muito bem como sempre, deixando de lado suas performances de “vampiro” ou “cientista louco” para um papel com intensa dramaticidade como um marinheiro perturbado em busca de vingança.
O ritmo carece um pouco de ação, algumas cenas com cantorias são bem entediantes, alguns personagens desaparecem vítimas do assassino, mas essas mortes não são exploradas, e apenas sutilmente informadas. Ou seja, os realizadores perderam várias oportunidades em apresentar as ações do assassino misterioso ao eliminar os membros da tripulação.
Porém, ainda assim o filme tem seus momentos de interesse como um exemplo do cinema de horror dos longínquos anos 30 do século passado e principalmente pela presença sempre bem-vinda de Bela Lugosi.
“Quando este navio parte, a morte navega nele.” – Anton Lorenzen