![]() Pássaro Sombrio – Five Nights at Freddy’s: Pavores de Fazbear 6
Original:Blackbird – Five Nights at Freddy’s: Fazbear Frights 6 Ano:2025•País:EUA Autor:Scott Cawthon, Kelly Parra, Andrea Waggener•Editora: Intrínseca |
Chegamos na metade da série Pavores de Fazbear, coletânea que expande o universo de Five Nights at Freddy’s publicada pela editora Intrínseca. Em seu sexto volume, altas doses de carga dramática e noites em claro farão parte da vida de nossos protagonistas da vez.
No primeiro conto, Pássaro Sombrio, Nole e Sam, estudantes de cinema, precisam escrever um roteiro e filmá-lo. A ideia é que seja uma trama de terror que envolva uma figura sinistra e original criada por eles e, depois de trocarem ideias, decidem que um melro-preto seria a escolha ideal – uma ave semelhante a um corvo, com um olhar penetrante e assustador e que é encontrada facilmente nos arredores do campus. Sam, por ser mais alto, fica com o papel do assustador pássaro que fará as pessoas confessarem seus maiores segredos e fazê-las pagar pelos seus pecados até a morte. Com a fantasia pronta, já podem começar a arrumar o set de filmagem, e até mesmo Sam se acha medonho com a fantasia. Durante a arrumação, Nole confessa que, quando estava no colégio, era uma daquelas pessoas que fazia bullying com as outras a troco de nada, apenas se divertia com a humilhação alheia. Mesmo com o incomodo do amigo ao ouvir isso, Nole continuou achando graça das coisas que fez no passado. Depois desse dia, Sam sofre um acidente e Nole começa a sentir uma presença constante atrás de si, que não o deixa dormir. Algo escuro e macabro está à espreita, e não vai descansar até o jovem pagar pelo que fez no passado. Esse conto tem bastante tensão e bons momentos de terror psicológico, mas seu desfecho é um tanto anticlimático e esperançoso, bem diferente do tom adotado ao longo de toda a história.
A seguir, temos o conto Jake de Verdade. Jake é uma criança solitária devido à sua doença, e pode contar apenas com sua cuidadora, Margie. Sua mãe morreu anos atrás, e seu pai é um soldado que está em trabalho de campo atualmente. Jake não tem forças para sair e ver os amigos, não consegue mais comer direito e precisa de ajuda até mesmo para as coisas mais básicas. Mesmo com os esforços de Margie em animá-lo, Jake é uma criança melancólica, que sente falta de como ele era antes da doença. Sua maior alegria é quando seu amigo, Simon, aparece para conversar com ele à noite, mas há uma regra: ele só pode contar coisas que o Jake de verdade teria feito naquele dia, e não o Jake doente. Simon afirma que, assim que o menino melhorar, poderá encontrá-lo no armário e enfim poderão se divertir juntos, e isso sempre anima Jake, que não vê a hora de conhecer o misterioso amigo, e o faz acreditar que o próximo dia será melhor. Essa história é sem dúvidas a mais triste de todos os volumes até o momento. A realidade dolorosa de Jake e o medo de Margie em perder o menino são de cortar o coração. Não há menção a animatrônicos neste conto, que é majoritariamente dramático.
Por último, Esconde-Esconde fecha o volume. A Pizzaria Freddy Fazbear acaba de inaugurar um novo jogo, e Toby imediatamente vai jogá-lo. Precisa ficar na frente de seu irmão no placar de ao menos um jogo, e essa nova atração é sua chance de finalmente conseguir e sair do eterno segundo lugar. O jogo se chama esconde-esconde, e o objetivo é achar o esconderijo do coelho Bonnie em até três tentativas, no menor tempo possível. Para a frustração de Toby, ele não consegue encontrar o esconderijo em nenhuma das milhares de vezes que tentou e, enraivecido, destrói o jogo. Percebendo o que fez e sabendo que estaria encrencado caso alguém descobrisse, sai de lá o mais rápido possível. Naquela mesma noite Toby tem um pesadelo terrível, e quando acorda descobre que a realidade é ainda pior. Sua obsessão em vencer vai custar muito mais caro do que imagina. Toda a construção dessa história é muito bem-feita, criando uma atmosfera apavorante sem grandes enrolações que leva a um final trágico, até mesmo previsível, porém consistente com todo o universo de FNAF, diferente dos contos anteriores. É certamente a história que mais conversa com a franquia original.
Pássaro Sombrio aborda predominantemente o sentimento de culpa e as consequências de atos passados. Há bons momentos, com três histórias com narrativas que prendem a atenção logo nas primeiras páginas. Porém, de forma geral, não há muitas doses de horror. A segunda história parece deslocada tanto no volume quanto na proposta da coletânea, de modo que apenas no terceiro conto o leitor vai sentir mais familiaridade com todo o universo de FNAF.
Em resumo, o sexto volume tem boas histórias, mas fica a sensação de que, salvo determinadas ocasiões, não encaixaram direito nos Pavores de Fazbear.