![]() Terra da Máfia
Original:MobLand
Ano:2025•País:UK, EUA Direção:Anthony Byrne, Lawrence Gough, Guy Ritchie, Daniel Syrkin Roteiro:Ronan Bennett, Jez Butterworth Produção:Peter Heslop Elenco:Tom Hardy, Pierce Brosnan, Paddy Considine, Joanne Froggatt, Lara Pulver, Anson Boon, Geoff Bell, Helen Mirren, Teddie Allen, Mandeep Dhillon, Emmett J Scanlan |
Quando Guy Ritchie chamou a atenção no cenário cinematográfico em 1988 com o longa Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e logo depois com Snatch – Porcos e Diamantes (2000), foi como se um furacão de criatividade tivesse passado no horizonte inglês não deixando pedra sobre pedra. O pequeno marginal, a raia miúda da bandidagem, os chefetes sem relevância significativa de grupos mafiosos ganharam voz, cor e corpo, em enredos que misturavam o clássico thriller policial inglês com uma fauna de personagens improváveis, violência inusitada, diálogos a la Tarantino e o típico humor ácido dos habitantes daquela ilha, só que elevado a décima potência.
Muito se esperava desse cineasta com sangue nos olhos e uma fúria narrativa sem precedentes nos idos de 2000…pois bem, e como diz o velho ditado “a montanha pariu um rato” já que, nos anos seguintes, Guy Ritchie foi cooptado por Hollywood, tendo aderido ao establishment, dirigindo por exemplo os dois filmes do Sherlock Holmes com o Robert Downey Jr., uma fraquíssima modernização do Rei Arthur (2017) e até a versão live action de Aladdin (2019) para a Disney!
A carreira dele foi se equilibrando entre filmes medonhos, cito aqui Destino Insólito (2002) com a sua então esposa Madonna e o recente A Fonte da Juventude (2025), com outros produtos de mediano a bons, mas sem nunca alcançar o assombro e fascínio dos seus dois filmes iniciais.
Contudo, isso mudou com a série MobLand, onde afortunadamente Guy Ritchie volta a velha forma, no papel de diretor em dois episódios e produtor, amparado por um elenco que conta com Tom Hardy, Pierce Brosnan, Paddy Considine e Helen Mirren, numa história de mafiosos atual, divertida, violenta e muito bem executada, já podendo ser considerada como uma das melhores séries do ano. Infelizmente, pouca gente prestou atenção, o que levou alguns críticos a chamá-la de “subestimada” ou “a melhor série do primeiro semestre de 2025 que ninguém viu”, entre outras coisas.
Para tentar sanar um pouco essa injustiça, resolvi escrever sobre ela aqui no Boca do Inferno, recomendando-a para todos os leitores. Trata-se do relato de uma guerra entre duas famílias mafiosas de pequeno porte no submundo de Londres, onde quase todos os personagens tem condutas reprováveis, mas contada com tanta verve e esmero, que alguns passam a ter a nossa torcida. O elenco é admirável, a narrativa não deixa espaço para o enfado e um interesse genuíno toma forma, sendo difícil de desgrudar os olhos da tela em seus 10 episódios.
O primeiro capítulo é um pouco confuso e duas atrizes com papéis importantíssimos (Joanne Froggatt e Lara Pulver) se apagam perto do quarteto principal, contudo, esses pequenos deslizes não impactam de forma geral o entretenimento.
Sem dúvida, uma ótima série policial para maratonar e ter alguma esperança sobre os próximos trabalhos de Guy Ritchie!