
![]() It: Bem-Vindos a Derry
Original:It: Welcome to Derry
Ano:2025•País:EUA, Canadá Direção:Andy Muschietti Roteiro:Andy Muschietti, Barbara Muschietti, Jason Fuchs, Guadalís Del Carmen, Jasmyne Flournoy, Stephen King Produção:Cherie Dimaline, Lyn Lucibello, Sarah Rath Elenco:Jovan Adepo, James Remar, Stephen Rider, Matilda Lawler, Amanda Christine, Clara Stack, Blake Cameron James, Arian S. Cartaya, Miles Ekhardt, Mikkal Karim Fidler, Taylour Paige, Jack Molloy Legault, Matilda Legault, Chris Chalkm Rudy Mancuso, Alixandra Fuchs, Dmitry Chepovetsky, Eli Katz |

Entre os lugares do assombrado Maine de Stephen King, existe uma cidade tão maldita quanto Jerusalem´s Lot e Ludlow, tão claustrofóbica quanto Chester’s Mill e insana como Castle Rock e Haven. Derry é o território de um dos monstros mais aterrorizantes da mente criativa do autor, o local onde habita um ser que se popularizou com a alcunha de Pennywise, o palhaço dançarino. Aprendemos com It que ele se alimenta do medo, escondendo-se nos lugares mais sombrios e desérticos da cidade, atraindo jovens com seu carisma macabro e balões vermelhos. Você imaginaria essa criatura ocasionando um massacre em um cinema, destroçando crianças, a partir de sua versão bebê monstro gigante?
Derivados andam em teto de vidro porque mexem com produções que não foram constituídas para esse fim. Quando a minissérie It: Uma Obra-Prima do Medo foi realizada, em 1990, o palhaço mostrou seus dentes afiados e desejo por um horror psicológico tão intenso ao ponto de desenvolver traumas e até ocasionar suicídios. A mesma ideia foi trabalhada, em uma época diferente, com It – A Coisa e It – Capítulo Dois, mais uma vez tendo Pennywise como metáfora de pais abusivos e famílias problemáticas. Assim como a péssima Alien Earth, a proposta aparente de It: Bem-Vindos a Derry é mostrar os primeiros passos do palhaço, talvez mudando seu modo de operação a partir das consequências de sua ação no cinema.

De toda forma, o primeiro episódio foi realmente um soco no estômago. Com direção de Andy Muschietti, a partir de um roteiro de Jason Fuchs e Barbara Muschietti para um argumento de Guadalís Del Carmen e Jasmyne Flournoy, a ideia foi subverter todos os conceitos determinados nas adaptações. Assim, colocaram os holofotes sobre adolescentes que possuem o mesmo estereótipos já vistos antes: o nerd, o pressionado pelos pais religiosos, a meiguinha e curiosa, além da traumatizada, manipulando o espectador como se propusse uma refilmagem ou nova adaptação do livro.
Começa em 4 de janeiro de 1962, com a fuga do cinema do garoto da chupeta Matty Clements (Miles Ekhardt), flagrado pelo lanterninha durante a exibição do musical Vendedor de Ilusões (The Music Man, 1962). Ele é ajudado pela jovem Ronnie Grogan (Amanda Christine), e depois por uma família assustadoramente estranha e feliz, que o leva de volta a Derry mesmo com seu insistente pedido para não voltar. Quando a família diz uníssona “Fora“, a matriarca dá a luz a um bebê demônio com asas, para selar o destino do garotinho, enquanto a chupeta amarela boia nos esgotos da cidade.

Quatro meses depois, dois soldados chegam à base aérea local, após combate na Coreia: o Capitão Pauly Russo (Rudy Mancuso) e o Major Leroy Hanlon (Jovan Adepo). Conversas sobre arsenal nuclear e o receio de que possa avançar até ali são intercaladas com algum aprofundamento de Hanlon, convocado pelo General Shaw (James Remar) para pilotar um B-52: trabalhou como aviador de lavouras e aparenta ser corajoso para não se intimidar com dois intrusos que, durante a noite, querem detalhes sobre o comando do mesmo avião.
Ao mesmo tempo, acompanhamos um grupo de jovens ainda abalado pelo desaparecimento de Matty. Seu amigo tímido e do cabelo estranho Teddy Uris (Mikkal Karim Fidler) confessa que Matty não tinha muitos amigos e que era pago para frequentar suas festas, mas tinha uma afeição por ele, enquanto Phil Malkin (Jack Molloy Legault) das teorias conspiratórias o tranquiliza, ainda que não acredite que o desaparecido possa estar se comunicado pelos canos do banheiro, conforme presenciou Lilly Bainbridge (Clara Stack), que perdeu o pai em um acidente de fábrica, um ano antes, e sabia que Matty tinha um certo interesse por ela.

Parece que o incidente de Matty possa ter relação com o cinema, uma vez que a música “Ya Got Trouble” do filme é constantemente lembrada no clamor das tubulações. E é exatamente a busca por respostas que conduzirá todos a uma visita a Ronnie, que também anda tendo uma experiência estranha com a mesma canção.
Como episódios pilotos precisam convencer investidores no desenvolvimento da série, eles realmente costumam ser agressivos e impactantes. Apesar dos efeitos não tão bons do bebê monstro, a ousadia é o motor condutor desse primeiro episódio, sabendo desenvolver personagens carismáticos, fazer uso de um humor ácido e trazer o que os fãs de horror mais querem mesmo em um produto para a TV: sangue em profusão, gore e violência. It: Bem-Vindos a Derry começa bem, ainda que não tenha apresentado o seu fio condutor. Pode-se dizer que o episódio é o típico prólogo de uma produção de horror, tendo a morte inicial antes dos créditos como o ponto de partida para o elenco principal.





















