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O Telefone Preto 2
Original:Black Phone 2
Ano:2025•País:EUA
Direção:Scott Derrickson
Roteiro:Scott Derrickson, C. Robert Cargill, Joe Hill
Produção:Jason Blum, Scott Derrickson, C. Robert Cargill
Elenco:Mason Thames, Madeleine McGraw, Ethan Hawke, Demián Bichir, Miguel Mora, Jeremy Davies, Arianna Rivas, Anna Lore

Alguns anos após ter conseguido matar o psicopata conhecido como O Sequestrador (Ethan Hawke) e escapar de seu cativeiro com a ajuda de mensagens enviadas pelos espíritos das vítimas por meio de um telefone preto desativado, Finn (Mason Thames), agora com 17 anos, encontra-se novamente envolvido em eventos macabros. Quando os sonhos premonitórios de sua irmã, Gwen (Madeleine McGraw), tornam-se impossíveis de serem ignorados, Finn parte com ela para um acampamento de inverno a fim de desvendar um caso misterioso que remete a décadas passadas e à figura da mãe deles (Anna Lore).

Sequência de O Telefone Preto (The Black Phone, 2022), sucesso da produtora Blumhouse, o novo filme reúne novamente o diretor Scott Derrickson, seu parceiro no roteiro, C. Robert Cargill, e parte do elenco para expandir o universo criado no conto do escritor Joe Hill (sim, ele é filho de Stephen King, mas acredito que a essa altura da sua carreira, devidamente consagrada por méritos próprios, já não precisamos ficar pontuando isso a toda hora).

Convenhamos, o filme anterior deixava pouco espaço para um retorno a esse universo, e qualquer ponto obscuro que pudesse existir quanto ao passado do Sequestrador ajudava a tornar o personagem mais estranho e interessante. Porém, como mencionei anteriormente, o filme de 2022 foi muito bem-sucedido, e era óbvio que as coisas não ficariam por isso mesmo. Sendo assim, a mudança de ambientação – a maior parte da história acontece no Acampamento Alpine Lake – e de protagonista parece uma decisão consciente para se criar uma distinção em relação ao seu antecessor.

Sim, não tenha dúvidas: a verdadeira protagonista de O Telefone Preto 2 é Gwen, a irmã de Finn. E que grande atriz, desde cedo, é Madeleine McGraw. A sensitiva adoravelmente boca-suja de McGraw é um personagem cativante e extremamente relacionável. Contudo, nessa troca de protagonista, infelizmente Finn fica não somente distante dos holofotes, e sim na escuridão.

Aquela melancolia adolescente, que dava um sabor especial ao primeiro filme e que o transformava em um potente conto de amadurecimento, é bastante diluída aqui. Sendo o foco agora, Gwen poderia ser utilizada para se alcançar esse tom, mas, com exceção de um e outro momento singelo entre ela e Ernesto, irmão de Robin, uma das vítimas do Sequestrador no filme original (ambos interpretados por Miguel Mora), o filme está preocupado demais em colocá-la em situações assustadoras e/ou bombásticas, uma atrás da outra, para realmente investir tempo nisso.

Nas sequências dos sonhos premonitórios de Gwen, Derrickson trabalha bem os silêncios e opta por uma fotografia que favorece a crueza em detrimento do onírico, remetendo imediatamente às filmagens em Super-8 que o personagem de Ethan Hawke encontrava em A Entidade (Sinister, 2012), também de Derrickson.

Aliás, O Telefone Preto 2 é uma espécie de amálgama de diversos filmes de terror, não somente os de Derrickson. Dos slashers, empresta o tipo de ambientação e algo da estrutura, ao se passar em um acampamento onde vários jovens são sequencialmente assassinados por um psicopata misterioso. De O Iluminado (The Shining, 1980), o cenário isolado pela neve e a presença de uma criança “iluminada”. No entanto, as maiores referências são mesmo à franquia A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984 – 2010), não apenas por causa das sequências de sonho, mas principalmente porque o Sequestrador é convertido em uma espécie de Freddy Krueger, capaz de ferir e matar uma pessoa na vida real enquanto faz isso com ela durante um pesadelo. Até mesmo sua aparência muda para algo mais grotesco e monstruoso. Só que, nessa tentativa de emular um dos maiores vilões do cinema de terror, o Sequestrador não apenas não chega lá – o que já seria de se esperar -, como também perde sua identidade. E esse é um dos dois grandes problemas do filme.

O outro grande problema é essa mania insuportável das sequências em querer relacionar absolutamente tudo com acontecimentos do filme original, gerando retcons forçados e que muitas vezes tiram o peso e o significado do que vimos anteriormente. É um eterno giro sobre o próprio eixo, uma causalidade maçante que, em vez de render plot twists memoráveis, apenas escancara as manipulações canhestras dos roteiristas.

Tirando isso, dá para se dizer, em termos gerais, que Derrickson mostra competência e consegue amarrar bem as suas influências e referências. Considerando que se trata de uma sequência que nem precisaria existir, vou encerrar a crítica parafraseando Finn nos momentos finais do filme: “Poderia ser bem pior”.

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