4
(1)

The Vigil - O Despertar do Mal / O Exorcismo do Demônio
Original:The Vigil
Ano:2019•País:EUA
Direção:Keith Thomas
Roteiro:Keith Thomas
Produção:J.D. Lifshitz, Adam Margules, Raphael Margules
Elenco:Dave Davis, Menashe Lustig, Malky Goldman, Lynn Cohen, Fred Melamed, Ronald Cohen, Nati Rabinowitz, Moshe Lobel, Efraim Miller, Lea Kalisch, Ethan Stone, Emilio Vitolo, Logan Macrae, Spencer Zender, Dun Laskey

O cinema de horror é sempre funcional quando promove momentos aterrorizantes atrelados ao cotidiano. Podem envolver coisas simples como tomar banho ou se proteger embaixo da coberta, ficar preso em um elevador ou se perder durante uma viagem de carro solitária na madrugada. E há aqueles que não são comuns a todos, mas que reservam episódios envoltos em calafrios e sensação de insegurança: a rotina de um guarda de necrotério ou as visitas religiosas de jovens para tentar espalhar suas crenças. Em The Vigil, o medo provém da função estranhamente amarga atribuída a Yakov Ronen (Dave Davis), perdido em um limbo entre fé e busca de um reencaixe social.

Devido à morte recente de seu irmão mais novo, Burech (Ethan Stone), durante a abordagem agressiva de um grupo de jovens antissemitas, Yakov se afastou da comunidade judaica ortodoxa. A mudança obviamente exige adaptações a um mundo de currículos manuscritos, trabalhos convencionais e uso de tecnologias como o celular: registrar Sarah (Malky Goldman) entre seus contatos de celular ou saber como conversar com ela pedem um esforço que não lhe era comum.

Embora tenha deixado o quipá de lado, seu ex-rabino Reb Shulem (Menashe Lustig) tem intenção em envolvê-lo novamente nas práticas da religião. Para tal, ele o contrata – a negociação entre judeus é mais complexa do que aparenta – para ser um shomer, pessoa que fica na vigília de um cadáver durante a madrugada, recitando orações para manter o mal afastado. Ainda que não tenha interesse nos costumes hassídicos, Yakov aceita o trabalho de vigiar o corpo de Sr. Rubin Litvak (Ronald Cohen), um sobrevivente recluso do holocausto e que vive numa moradia simples com a esposa (Lynn Cohen), que sofre de demência. A necessidade da contratação é um apelo de Reb pelo fato do shomer anterior ter fugido da residência sem qualquer explicação.

É o ponto de partida para o pesadelo de Yakov, tendo que resistir a manifestações sobrenaturais e a conversa insana da idosa por cinco horas, contemplando exatamente a madrugada. Um vulto em um canto, um cadáver na cozinha, algo que salta de sua garganta e sons estranhos no andar de cima mostram ao rapaz que aceitou valores baixos para um trabalho infernal. Um vídeo de Litvak aponta o motivo das assombrações: a dor pessoal pelo passado de violência e morte invocou o demônio Mazzik, uma entidade que não se afasta de seus hospedeiros, desde que seja feito um procedimento na primeira noite de sua manifestação. Além da companhia ingrata do ser maléfico, a vítima ainda fica presa à moradia, sem possibilidade de se afastar para não sentir seus ossos sendo destroçados em uma dor incessante.

A batalha de Yakov para salvar a alma exige que encare sua própria dor pessoal. Não adianta buscar abrigo com a paquera recente e nem tentar contato com o seu psiquiatra, Dr. Kohlberg (Fred Melamed), pois o demônio está disposto a enganá-lo, corromper seus pensamentos e visões. Em uma delas, a mais assustadora do filme de Keith Thomas, Yakov tem uma visão da senhora subindo as escadas de costas até descobrir que a verdadeira está logo ali, preparando um chazinho.

Com a narrativa queimando lentamente e as poucas situações realmente assustadoras, The Vigil deixa uma sensação de que poderia ser melhor. A produção da Blumhouse e da IFC Midnight tem à mão as ferramentas do medo como ambientação única, a presença de um cadáver misterioso e uma jornada de pesadelos e manifestações, mas é menos agressivo do que podia ser. As expectativas são imensas pela proposta, ainda mais quando você se coloca no lugar de Yakov e carrega um pouco de sua dor e simplicidade. No entanto, os sustos são eventuais e a própria conclusão se mostra mais facilitada do que se espera.

Não é por acaso que o longa acabou não se destacando no cardápio da produtora. É um bom ensaio sobre a tristeza, com bons elementos de horror, sem a dose de religiosidade que poderia envolver. Não irá saciar os mais exigentes, nem tampouco se manterá firme nas lembranças de quem for fazer a vigília na companhia de Yakov.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 4 / 5. Número de votos: 1

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *