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Monstro: A História de Ed Gein
Original:Monster: The Ed Gein Story
Ano:2025•País:EUA
Direção:Max Winkler, Ian Brennan
Roteiro:Ian Brennan
Produção:Ryan Murphy, Ian Brennan, Max Winkler, Eric Kovtun, Scott Robertson, Nissa Diederich, Louise Shore, Carl Franklin, Charlie Hunnam
Elenco:Charlie Hunnam, Suzanna Son, Vicky Krieps, Laurie Metcalf, Tom Hollander, Hudson Oz, Nick Carpenter, Potsch Boyd, Scott Buechler, Ezra Buzzington, Brian Grey, Emma Halleen, Torrey Hanson, Lars Eric Joehnk

A série antológica Monster, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, obteve um sucesso estrondoso com suas duas primeiras temporadas: Dahmer: Um Canibal Americano (2022) e Monstros: Irmãos Menendez – Assassinos dos Pais (2024). Em setembro de 2024, foi anunciada a produção de uma terceira temporada, desta vez baseada na história do infame assassino Ed Gein. Os crimes cometidos por Gein inspiraram obras clássicas como Psicose (1960), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991), que, cada um a seu modo, revolucionaram o cinema de horror.

Ed Gein (Charlie Hunnam) era um homem acima de qualquer suspeita: tímido, solitário e trabalhador, ainda que socialmente desajustado. Vivia com a mãe (Laurie Metcalf), com quem mantinha um relacionamento conturbado, em uma fazenda na zona rural de Wisconsin, nos anos 1950. Mas, por trás de uma aparência inofensiva e amigável, escondia-se um dos mais notórios serial killers de todos os tempos, cujos crimes — envolvendo canibalismo e necrofilia — chocaram toda uma nação.

O uso excessivo de violência gráfica na série foi um aspecto apontado pela crítica especializada, mas não vejo isso como algo necessariamente negativo. Assim como Tobe Hooper certa vez afirmou que a cobertura explícita da Guerra do Vietnã ajudou a criar a atmosfera de sua obra-prima, as atrocidades cometidas por Gein na série fictícia não ficam tão distantes do que é exibido nos telejornais sangrentos da televisão brasileira ou do que é compartilhado atualmente nas redes sociais. Aposto que a maioria dos brasileiros já deve ter visto coisas muito mais chocantes na tela de seus smartphones do que na Netflix. Dito isso, as cenas de violência e assassinato foram tecnicamente muito bem produzidas, com efeitos especiais e maquiagem de altíssima qualidade.

A performance de Hunnam foi visceral e convincente, ainda que a voz baixa e infantil de Ed tenha me incomodado — e muito — nos primeiros episódios. Outro ponto forte vai para os subenredos relacionados aos filmes inspirados na história de Gein. Foi divertidíssimo assistir aos bastidores dos nossos clássicos favoritos, especialmente a história de Anthony Perkins e as especulações sobre sua sexualidade.

Mas, se por um lado as histórias de Norman Bates, Leatherface e Hannibal Lecter enriqueceram a trama, por outro, os subenredos de Christine Jorgensen e de “A Piranha de Buchenwald” tiveram o efeito contrário. Talvez se tenha optado pela estratégia de inserir tramas secundárias para tapar alguns buracos, mas o uso excessivo delas, associado às idas e vindas na linha do tempo, apenas conseguiu arrancar bocejos do espectador, tornando a narrativa confusa e cansativa.

Assim como aconteceu nas temporadas passadas, a romantização do serial killer foi inevitável. Principalmente nos episódios finais, o arco de redenção de Gein soa forçado e desconfortável de ver, especialmente por se distanciar cada vez mais dos fatos verídicos. Deve existir uma linha tênue entre se aprofundar na mente do criminoso e humanizar o monstro e, mais uma vez, os criadores da série falharam nessa missão.

Até entendo que uma série de drama policial biográfico precise de adaptações para construir um enredo completo, mas, desta vez, usaram e abusaram da liberdade poética. As imprecisões factuais são tantas que sobra pouco do verdadeiro Ed Gein para contar história, gerando ainda mais confusão — além de desinformação — na cabeça do espectador, considerando que dificilmente todos irão atrás da história real para conferir os fatos.

Mas nada foi pior do que o final. A forma como retrataram a morte de Gein, despedindo-se de seus fãs assassinos, é mais cômica do que qualquer outra coisa. E nada supera a vergonha alheia que foi ver a cena final de Ed correndo com uma serra elétrica, em uma espécie de balé desajeitado, no meio de um cemitério — definitivamente uma escolha bastante duvidosa para encerrar a temporada.

A versão fictícia da história de “O Açougueiro de Plainfield” se destaca pelo alto nível de violência gráfica, mas peca pela falta de veracidade em um enredo excessivamente longo, cansativo e repleto de tramas secundárias. Monstro: A História de Ed Gein está disponível no serviço de streaming Netflix.

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