Dahmer: Um Canibal Americano (2022)

4.8
(10)

Dahmer: Um Canibal Americano
Original:Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story
Ano:2022•País:EUA
Direção:Jennifer Lynch, Paris Barclay, Clement Virgo, Gregg Araki, Carl Franklin
Roteiro:Ian Brennan, Ryan Murphy, David McMillian
Produção:Ian Brennan, Ryan Murphy
Elenco:Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald, Niecy Nash, Michael Learned

Após diversas adaptações para o cinema, televisão, teatro e até mesmo para os quadrinhos, a história de Jeffrey Dahmer volta para a mídia, dessa vez em formato de série. No dia 21 de setembro de 2022, Dahmer: Um Canibal Americano chegou ao catálogo da Nefflix com dez episódios, tendo a missão de entregar uma boa adaptação sobre o canibal de Milwaukee, após tentativas não muito exitosas do passado.

A criação e produção da série ficaram a cargo de Ryan Murphy (American Horror Story) e Ian Brennan, que já haviam trabalhado juntos em Glee e Scream Queens. O sucesso foi quase que instantâneo, alcançando o topo do ranking global das séries mais vistas da plataforma de streaming, além de viralizar e gerar muitos memes nas redes sociais.

A série pode ser dividida em duas partes. Os primeiros cinco episódios focam na velha e já conhecida história do serial killer: uma infância conturbada, os conflitos familiares, a obsessão por animais mortos, o abandono da mãe, o problema com alcoolismo e, finalmente, os primeiros homicídios. Até então, nada que já não tenhamos visto em outros filmes e documentários. Já a segunda leva de episódios muda o foco da narrativa ao contar a história sob a visão das vítimas e suas famílias, e é aí que a série se sobressai.

Um dos pontos altos é o sexto episódio. Quando estávamos prestes a ser convencidos sobre o lado humano do assassino, conhecemos a história de Tony Hughes (Rodney Burford), o carismático aspirante a modelo, afrodescendente e deficiente auditivo que caiu na lábia do canibal de Milwaukee. É principalmente nesse momento que vemos, ou nos lembramos, do monstro que Jeffrey Dahmer realmente era. Outra história que merece destaque é a da família Sinthasomphone, que também nunca havia sido contada com tantos detalhes.

Apesar de Jeffrey ter dito em entrevistas que a escolha de suas vítimas não seguia necessariamente um padrão baseado na raça e cor da pele, ao longo da série e especialmente na homenagem às vítimas do último episódio, fica nítida a sua preferência por meninos e jovens pretos, asiáticos, indígenas ou latinos. De repente, em meio a toda repercussão que marcou as primeiras semanas após a estreia, nos pegamos debatendo em círculos de amigos sobre racismo estrutural e como a negligência da polícia norte-americana contribuiu para que o assassino não tenha sido pego antes.

É também na segunda metade da série que vemos Glenda Cleveland (Niecy Nash) assumir o protagonismo dos episódios. Com uma interpretação que merece ser aplaudida de pé, Niecy Nash acerta em cheio e rouba a cena ao trazer à vida a perspicaz vizinha de Dahmer. Se toda história precisa de um herói, Glenda é definitivamente a indiscutível heroína de Dahmer: Um Canibal Americano.

Também não faltaram elogios para a performance de Evan Peters (American Horror Story, Mare of Easttown, Pose) interpretando o próprio Dahmer. O ator passou por um exaustivo processo de preparação que durou cerca de quatro meses, e seu comprometimento chegou até mesmo a preocupar os colegas de elenco. Que me desculpem Jeremy Renner (Dahmer – Mente Assassina) e Carl Crew (Dahmer – O Canibal de Milwaukee), mas Evan é definitivamente o melhor e mais fiel Dahmer que já vimos no cinema ou na TV até hoje.

Podemos citar vários pontos positivos, como a impecável atuação dos protagonistas, a estética, o roteiro e a direção dos episódios. A série tinha tudo para ser eleita a melhor do gênero dos últimos anos, se não fosse ofuscada pelas polêmicas e críticas contra a suposta romantização da história original. Com o surgimento de uma nova geração de “fãs”, um famoso site de compras teve que proibir a comercialização de fantasias para o Halloween inspiradas em Dahmer.

Até o momento, Dahmer: Um Canibal Americano é considerada a 4ª série mais assistida de toda a história da Netflix. Porém, mesmo com todo o hype e sucesso de público, não faltaram críticas em relação a uma aparente glamorização desse assassino brutal. A série desagradou também as famílias das vítimas e o próprio pai de Jeffrey, que tiveram que reviver o maior pesadelo de suas vidas, afirmando não terem sido ao menos consultados pela equipe da produção.

A tentativa da série em humanizar o assassino, colocando-o como uma vítima das circunstâncias para justificar os crimes que cometeu e chegando a ser batizado em uma cena de quase redenção, não caiu bem e fez a série perder alguns pontos.

Apesar da alta qualidade, tendo êxito em praticamente todos os quesitos, a série deixa um gosto amargo na boca do telespectador ao tentar romantizar a história de um dos mais cruéis serial killers da história.

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Taison Natarelli

Biólogo e enfermeiro, nascido e criado em Jaboticabal-SP, a cidade dos zumbis e das “Sete Catacumbas”. Um geek apaixonado por filmes de terror e ficção científica, especialmente os slashers dos anos 70/80 e Jurassic Park.

One thought on “Dahmer: Um Canibal Americano (2022)

  • 19/11/2022 em 12:55
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    A série é fantástica e contada de uma forma envolvente. O JD matou sua primeira vítima com aqueles pesos de academia e, foi justamente assim, que ele foi morto na prisão. Ironia macabra!

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