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Tron: Ares
Original:Tron: Ares
Ano:2025•País:EUA, Canadá, Nova Zelândia
Direção:Joachim Rønning
Roteiro:Jesse Wigutow, David DiGilio
Produção:Sean Bailey, Jared Leto, Steven Lisberger, Emma Ludbrook, Jeffrey Silver, Justin Springer
Elenco:Jared Leto, Greta Lee, Jeff Bridges, Evan Peters, Jodie Turner-Smith, Gillian Anderson, Hasan Minhaj, Arturo Castro, Cameron Monaghan, Sarah Desjardins, Aaron Paul Stewart, Aaron Paul Stewart, Roger Cross

O universo dos programas apresentados em avatares, numa explosão de cores brilhantes e combates em ambientes cibernéticos, fazia mais sentido nos anos 90 e na sua segunda parte, lançada em 2010. O original por acompanhar o boom dos jogos eletrônicos e da intimidade do usuário popular aos computadores e acessos; a primeira continuação por explorar um novo mundo tecnológico, numa evolução necessária e facilmente notada. E é por essa baixa inventividade que Tron: Ares não desponta com uma proposta surpreendente, ainda que apresente um curioso choque entre as realidades.

As imagens e o primeiro trailer eram empolgantes. Ver as torres digitais no mundo real ou as motos estilosas cruzando avenidas parecia animador. Se Jared Leto diminui um pouco o interesse, por outro lado já se percebia a presença imponente de Jeff Bridges, mais uma vez interpretando Kevin Flynn, ainda que o personagem tenha morrido no anterior. Com um orçamento estimado em US$ 347 milhões de dólares, entre produção e marketing, Tron: Ares ousou em seus excessos, esquecendo que se trata da terceira parte de uma franquia e que só irá atrair quem acompanhou toda a odisseia eletrônica.

Desde o lançamento de Tron: O Legado já havia conversas sobre a realização de um novo filme. As intenções na época eram continuar exatamente onde o longa de 2010 terminou, explorando os personagens de Garrett Hedlund e Olivia Wilde. Entre roteiros e produção, desistência da Disney e uma nova chance, Tron: Ares só voltaria à pauta em 2017, com o interesse de Leto em produzir uma sequência e ao mesmo tempo reboot. A pandemia atrasou o processo, provocou a troca de diretores e mudanças no argumento até o início de 2023, quando as filmagens já tinham data de realização. A greve de roteiristas empurrou o longa para 2024, e as gravações chegaram ao fim em maio do mesmo ano para início da pós-produção.

Tron: Ares chegou aos cinemas brasileiros em 9 de outubro, tendo sua estreia principal no dia seguinte. Não conquistou as mesmas críticas positivas que o anterior, assim como ficou longe de se tornar lucrativo, mesmo com versões em 3D e todo o expressivo marketing. Pode-se dizer até que é um dos grandes percalços de 2025, mas não tão trágico quanto Branca de Neve (Snow White, 2025), também da Disney. Tron, pelo menos, é divertido e bem feito, e deve conseguir mais algum interesse nos lançamentos digitais.

Sem Sam Flynn, o longa mostra a disputa entre duas grandes empresas de tecnologia, a ENCOM, conhecida dos filmes anteriores, e a rival Dillinger Systems, comandada por Julian Dillinger (Evan Peters em uma de suas piores interpretações), neto de Ed Dillinger (Cillian Murphy, visto no longa anterior). ENCOM agora é comandada por Eve Kim (Greta Lee), que, ao lado do parceiro Seth Flores (Arturo Castro), estão numa antiga estação no Alasca, frequentada por Kevin Flynn, em busca do chamado “código de permanência“, que permitiria a transposição de objetos e avatares de programas do mundo digital, além da barreira dos 29 minutos.

Ao mesmo tempo, Julian apresenta a acionistas o programa Ares (Leto), considerado um Programa de Controle Mestre (MCP) com consciência e habilidades de um soldado, apesar de ainda não conseguir “sobreviver” no mundo real por mais de 29 minutos. Quando ele descobre que Eve encontrou o código de permanência, envia Ares e outros programas para adquiri-lo, contrariando os interesses de sua mãe Elisabeth (Gillian Anderson). Assim, Eve precisa sobreviver às investidas dos soldados, como a insistente Athena (Jodie Turner-Smith), contando com o apoio improvável do consciente Ares, que, em busca de uma cópia do código, é enviado para o sistema original de Flynn, onde terá a oportunidade de encontrar o criador e refletir sobre sua própria existência.

Um dos pontos altos do longa de Joachim Rønning é o retorno à tecnologia do início dos anos 80. Esse revival traz uma sensação nostálgica e engrandece ainda mais o original, quando as Light Cycles, as grades e barreiras tinham um aspecto simples, mas bastante funcional à época. A ideia de transpor as grades e as imensas torres para o mundo real também promovem bons momentos do enredo de Jesse Wigutow, a partir de uma ideia sua em parceria de DiGilio. Merece elogios também o retorno de um envelhecido Jeff Bridges, sem aqueles recursos artificiais do filme de 2010.

Bridges é realmente quem rouba as atenções da produção, ainda que Leto tenha se esforçado na construção de um guerreiro eletrônico. Peters, extremamente estereotipado ao tentar fazer referência a Mark Zuckerberg, parece vilão do Missão Impossível na tentativa de buscar o código que vai lhe trazer um domínio além do cibernético. Gillian Anderson, em papel menor, não atrapalha ou atrai olhares, além dos comuns.

É provável que não haverá um retorno ao mundo de Tron tão cedo. Explorar inteligência artificial ou tecnologia ainda mais avançada do que as mostradas não parece tão atraente como na década de 80 ou nos anos 2000. E talvez esteja na conclusão desse ciclo os principais méritos de Tron: Ares.

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