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A Besta do Mar
Original:Beast of War
Ano:2025•País:Austrália
Direção:Kiah Roache-Turner
Roteiro:Kiah Roache-Turner
Produção:Chris Brown, Blake Northfield
Elenco: Mark Coles Smith, Joel Nankervis, Sam Delich, Maximillian Johnson, Lee Tiger Halley, Sam Parsonson, Tristan McKinnon, Aswan Reid, Masa Yamaguchi, Lauren Grimson, Laura Brogan Browne, Steve Le Marquand, Jay Gallagher

Tubarões australianos estiveram em alta em 2025 com o lançamento de dois filmes que mostraram da melhor forma como explorar sua voracidade em associação a outros elementos ou contexto. Animais Perigosos (Dangerous Animals), de Sean Byrne, apresentou um serial killer, bem interpretado por Jai Courtney, que alimentava as criaturas com mulheres sequestradas; e A Besta do Mar (Beast of War) traz uma interessante referência à Segunda Guerra Mundial, mais precisamente ao naufrágio do HMAS Armidale, em 1942, bombardeado por japoneses, vitimando 100 vidas, entre afogados e mortos por tubarões.

O longa tem direção e roteiro de Kiah Roache-Turner, que, ano passado, foi responsável pelo divertido Sting – Aranha Assassina (Sting, 2024). Em A Besta do Mar, ele apresenta seus personagens em uma situação de preparação para uma travessia marítima pelo Timor, já introduzindo aqueles que serão os rostos mais vistos nesse survival horror: o soldado indígena Leo (Mark Coles Smith), com um passado envolto em uma lembrança trágica de perda no mar, o novato Will (Joel Nankervis), salvo pelo colega em uma areia movediça, e o problemático Des Kelly (Sam Delich), além de Teddy (Lee Tiger Halley), Stan (Maximillian Johnson) e Thompson (Sam Parsonson). Durante o treinamento militar, duas enfermeiras, Hazel (Lauren Grimson, de Possessão Demoníaca, 2021) e Susan (Laura Brogan Browne), são brevemente vistas, mas não têm importância para o que se propõe.

Quando estão no mar, a embarcação é atacada por aviões japoneses e afunda nas águas frias, obrigando os poucos sobreviventes a se apoiar numa base improvisada, a poucos metros do que sobrou de um barco a motor, enquanto aguardam a diminuição da névoa que impede um possível resgate — e até temporariamente dificulta um novo ataque. Como se estivessem em um inferno de incertezas, pela atmosfera densa e pessimista, com soldados seriamente feridos, eles logo percebem que são as presas de um gigantesco tubarão branco, que circunda o local aguardando por oportunidades. Roache-Turner claramente se inspira no clássico Tubarão (Jaws, 1975), expondo por diversas vezes a cabeça enorme da criatura no bom uso do saudoso animatronic, apelando para o CGI quando a câmera precisa mergulhar no mar escuro.

Leo assume o protagonismo em todo momento, liderando o grupo até em ações extremas como a de beber da própria urina “para sobreviver mais uns dias“. Em meio aos caos da falta de alimento e água, ainda enfrentam situações internas como a do rapaz que aciona uma granada durante o sono, as constantes brigas entre eles ou a aproximação de um soldado japonês, disposto a somente eliminar os inimigos, sem se preocupar com a própria sobrevivência. Como em Animais Perigosos, o tubarão não é o vilão do filme e é apenas um nó narrativo, um elemento que amplia a sensação de insegurança.

Alternando desnecessariamente com flashbacks da morte de Archie (Aswan Reid), um peso que Leo carrega em seus pesadelos, o longa tem uma belíssima fotografia noturna de Mark Wareham, e algumas em tons vermelho e azul, nas lembranças e nas imagens submersas. Há um bom trabalho de câmera, incluindo visões do próprio tubarão, mas o que se destaca é o roteiro de Roache-Turner: ainda que encharcado de clichês dos survival horrors, o enredo é agradável, com personagens carismáticos e boas ideias, como a referência a Peter Pan, quando o tubarão fica preso a uma sirene falha e o som aterrorizante faz parecer assombrações gritando.

Ignore o “baseado em eventos reais” e você irá se divertir com uma trama irreal e claustrofóbica em um raro bom uso do rei do mar.

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