
![]() O Convento
Original:The Convent
Ano:2000•País:EUA Direção:Mike Mendez Roteiro:Chaton Anderson Produção:Jed Nolan Elenco:Joanna Canton, Richard Trapp, Dax Miller, Renée Graham, Liam Kyle Sullivan, Megahn Perry, Jim Golden, Chaton Anderson, Adrienne Barbeau, Kelly Mantle, Coolio, Bill Moseley, Jennifer Buttell, Allison Dunbar, Elle Alexander |
Embora o Boca do Inferno tenha iniciado seus trabalhos oficialmente em 10 de maio de 2001, um ano antes a página já estava em desenvolvimento, offline, para que somente fosse ao ar com algum conteúdo. Uma estratégia que funcionou bem porque eu sabia que se tivesse bastante material interessante, os infernautas retornariam para novas visitas. E um desses materiais produzidos no final de 2000 envolvia notícias sobre The Convent, de Mike Mendez, com imagens e trailers, e uma alta dose de expectativa por um longa que claramente remetia ao horror dos anos 80, principalmente A Noite dos Demônios (Night of the Demons, 1988). Ainda que a vontade de conferi-lo se ampliasse a cada notícia divulgada, principalmente envolvendo a participação da scream queen Adrienne Barbeau, era difícil encontrá-lo nos radares de download, como o Emule, e The Convent acabou sendo deixado de lado.
Outras tentativas foram feitas no lançamento de Carta para a Morte (The Gravedancers, 2006) e Maldita Aranha Gigante (Big Ass Spider!, 2013), ambos de Mike Mendez, mas também sem sucesso. Em seus filmes seguintes, nem houve mais tentativas: Contos de Halloween (Tales of Halloween, 2015) e Lavalântula – Aranhas de Fogo (Lavalantula, 2015) tinham sido os últimos trabalhos que conferi em sua filmografia. Passeando pelos streamings, encontrei Maldita Aranha Gigante como Maldita Aranha Assassina no Looke, escrevi sobre, e resolvi caçar as freiras-demônios mais uma vez, encontrando-as finalmente como opção. Ter esperado tanto tempo até que valeu a pena, pois me diverti horrores com esse Filme B de referências e atmosfera.
É, sem dúvida, uma espécie de spin off de A Noite dos Demônios, na própria narrativa, no estilo terrir e na ousadia. O Convento propõe um inferno sangrento e bem-humorado, com jovens sendo massacrados por freiras bem caracterizadas até um encontro com a badass Barbeau. O prólogo acontece em 1960, quando a jovem Christine (Oakley Stevenson) invade o St. Francis Boarding School for Girls com uma lata de gasolina e uma espingarda, vestindo roupas de colegial católica, com óculos escuros e jaqueta de couro, acompanhada da deliciosa trilha “You Don’t Own Me“, de Lesley Gore. Ela mata todas as freiras e o padre, antes de incendiar o local.
Quarenta anos depois, a escola em ruínas passou a acumular lendas urbanas e assombrações, razões óbvias para a atração de fraternidades, com nomeação grega, utilizando o passado como desafio para ingressantes. Clorissa (Joanna Canton) é convidada para a festa, levando sem intenções a amiga gótica Mo (Megahn Perry), uma clara referência a Angela (Amelia Kinkade) do longa de Kevin Tenney. O irmão de Clorissa, Brant (Liam Kyle Sullivan), almeja participar do grupo e acompanha a jornada que ainda inclui o bobo Frijole (Richard Trapp), os fraternos Chad (Dax Miller) e Biff (Jim Golden), além da líder de torcida Kaitlin (Renée Graham) e seu cachorro Boozer.
Antes que entrar no convento, eles passam pela casa de Christine (Barbeau) apenas para alimentar as lendas locais. Algumas dizem que ela estaria grávida e foi prisioneira do convento, até a retirada de seu filho, ocasionando sua vingança. Outras apontam rituais demoníacos. De toda forma, eles invadem o tal convento, buscam refúgios para safadezas, enquanto Frijole tenta seduzir Mo, até a chegada da polícia, com o Oficial Starkey (o rapper Coolio) e Ray (Bill Moseley, de vários filmes do gênero como O Massacre da Serra Elétrica 2). Expulsos, eles deixam Mo para trás e vão a um restaurante, sem saber que a garota está nas garras de adoradores do diabo, liderados por Saul (David Gunn), um funcionário nerd da Dairy Cream, e seus asseclas Sapphira (Chaton Anderson) e Dickie-Boy (Kelly Mantle). Eles planejam um sacrifício de invocação, sem imaginar que a jovem não é virgem, e o punhal em seu coração irá despertar as freiras demoníacas e o próprio padre, em um inferno de possessão e corpos desmembrados.
Os jovens acabam retornando à casa para resgatar a maconha de Frijole, mas são obrigados a lutar pela sobrevivência em ataques mortais, com direito a portas se fechando e freiras com olhos e sangue em néon. Quando a situação se aperta, Clorissa encontra uma fuga e corre para pedir ajuda para Christine, levando-a à casa maldita em uma moto e com várias armas, trazendo inclusive a versão oficial do que motivou seu massacre nos anos 60. Assim, logo o convento é envolto numa atmosfera oitentista de névoas e mortes sangrentas. O visual dos possuídos é bem interessante, explorando o néon gore e olhos verdes brilhantes, somados à fotografia, que amplia seus aspectos aterrorizantes.
Ainda que os clichês estejam espalhados em cada cômodo, deixando uma sensação de filme já visto várias vezes, é sempre divertido acompanhar um cinema B visceral e claustrofóbico, tendo Barbeau em excelente performance. O humor proposto não funciona muito bem, como o satanista virgem que sugere sexo com outra vítima presa para atrapalhar os planos demoníacos, e algumas trilhas, com sintetizadores, também incomodam, mas não o suficiente para estragar a diversão. Com toda a diversão proposta, fica a dúvida sobre a razão de Mendez não ter mantido esse cinema de entretenimento e gore. Seus trabalhos foram perdendo força nas décadas seguintes, e um diretor promissor passou a ser convencional, de ideias ruins e aranhas gigantes. De toda forma, O Convento se mostra um excelente cartão de visitas e uma carta de amor ao cinema de horror oitentista, como não se vê há muito tempo.

























