 Os ETs de Varginha
Original:Os ETs de Varginha Ano:2023•País:Brasil Autor:Margarida Hallacoc•Editora: Literíssima |
Um dos acontecimentos mais inusitados da década de 1990, a aparição de um suposto ET na cidade de Varginha, Minas Gerais, está entre as lembranças mais curiosas de quem viveu naquela época e foi submetido ao bombardeamento da mídia nacional em cima do caso. Um caso que nunca teve uma solução satisfatória, diga-se de passagem. O relato das três testemunhas que trouxeram o “evento” à tona conta uma narrativa dúbia, que foi utilizada especialmente para desviar do absurdo do acontecimento e lançar uma explicação menos apocalíptica para o povo curioso sobre seres de outros planetas.
É claro que um monte de gente não se deu por convencido com a desculpa de que o tal ET era o “mudinho” da cidade, especialmente os moradores de Varginha, que ampliaram o folclore em torno do ET ao dar parte de avistamentos que já aconteciam na região há bastante tempo. A jornalista Margarida Hallacoc era uma das moradoras de Varginha naquele tempo, e tem seu próprio arquivo de informações e fontes de primeira sobre o movimento extraterrestre mineiro, que ela expõe no livro Os ETs de Varginha, lançado em 2023.
A obra, uma leitura curta e rápida (pouco mais de 200 páginas) narra a agitação que tomou Varginha por meses após a aparição do ET. Trabalhando como repórter numa sucursal do jornal Hoje em Dia na cidade, Margarida teve acesso à diversas fontes, relatos, e até um contato imediato de primeiríssimo grau pra chamar só de seu, testemunhando in loco aquilo que até então soava como histeria coletiva.
Para quem não viveu esse pico de absurdo nacional e internacional, ao que parece, a história do ET de Varginha começa com três garotas, Kátia Andrade Xavier e as irmãs Liliane Silva e Valquíria Silva, que são lembradas até hoje como ‘as meninas que viram o ET’. Conforme seu relato, elas viram esse ser agachado no canto de um muro, em um terreno baldio. Elas afirmaram que o ser tinha pele escura, olhos grandes e vermelhos, e três protuberâncias na cabeça, como chifres, voltadas pra trás. A “visagem” se espalhou pelo boca a boca popular e, junto com relatos de outros avistamentos naquele mesmo intervalo de tempo, atraiu ufólogos de todo o Brasil e a imprensa nacional.
O que se seguiu na sequencia é puro suco de filme sci-fi de teoria da conspiração ufológica: relatos de outros avistamentos de luzes e até de naves propriamente ditas, homens de preto assediando as testemunhas dos avistamentos, movimentação do exército brasileiro na cidade e acobertamento de suas atividades naquele dia, mutilação de animais, e até contagem de corpos.
Em seu livro, Margarida Hallacoc passeia por todos esses fatos e relatos, indo do ceticismo natural necessário ao bom repórter, e até um pouco de deboche, passando ao respeito absoluto pelos relatos e condições em que se encontram as pessoas que passam por esse tipo de experiência.
A morte do policial da Inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais, Marco Eli Chereze, que teria capturado um dos “seres” na noite oficial do avistamento em Varginha e morreu ao tocar sua pele, é um dos casos curiosos narrados no livro. Outra história emblemática e difícil de assimilar é o testemunho do fazendeiro que, segundo ele, foi abduzido e “chipado” pelos ETs. O resultado: toda a tecnologia do ambiente “buga” quando o rapaz se aproxima – e tudo isso testemunhado pela autora.
Sobre isso, a investigação despretensiosa feita pela jornalista, e as reflexões leves que apontam a mudança de pensamento de alguém diante de uma experiência absurda como essa se tornam algumas das características mais interessantes da obra.
Quase 30 anos depois, enquanto autoridades negam a ocorrência de um evento extraterrestre em Varginha, as investigações seguem até hoje conduzidas pelos ufólogos de plantão. O youtube está pipocando com relatos atualizados de autoridades que, na época, negaram tudo e, pelo que parece, tiveram suas vidas marcadas pelo segredo.
O livro Os ETs de Varginha está disponível na Amazon e outros canais de compra. Interessante para quem curte o assunto e que ainda não atentou para a dimensão dessa história que repercute até hoje.
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